Será que somos tão 'devotos' como os terroristas do 11 de Setembro?

Estes homens eram mais comprometidos com o mal que a maioria de nós estaríamos comprometidos com o bem.

Fonte: Guiame, Michael BrownAtualizado: sexta-feira, 11 de setembro de 2015 às 17:16
Foto flagrou o momento em que o segundo avião estava prestes a chocar-se contra uma das torres do Wolrd Trade Center, em Nova York.
Foto flagrou o momento em que o segundo avião estava prestes a chocar-se contra uma das torres do Wolrd Trade Center, em Nova York.

Seriam os terroristas islâmicos que realizaram os ataques de 11 de setembro, fanáticos enlouquecidos ou eram apenas homens profundamente religiosos, dedicados a uma causa destrutiva e mortal?

Na noite antes dos ataques, aqueles jihadistas comprometidos seus atos horríveis leram uma carta escrita em árabe, que dava-lhes as instruções finais, incluindo estas linhas:. "Purificar completamente a alma de todas as coisas impuras e se esquecer de algo chamado 'este mundo' [ou 'esta vida']. O tempo de brincar acabou e tempo de seriedade está sobre nós. Quanto tempo temos desperdiçado em nossas vidas? Não deveríamos tirar proveito dessas últimas horas para oferecer boas ações e obediência?".

Em outro contexto, muitos de nós poderíamos dizer "amém" a estas palavras, mas, neste contexto, isto recorda-nos uma triste realidade: Estes homens eram mais comprometidos com o mal que a maioria de nós estaríamos comprometidos com o bem; são mais sérios com relação à sua fé (de uma forma doentia, logicamente) do que a maioria de nós estaríamos prestes a fazer pela nossa fé (de uma forma saudável). O que aconteceria se fôssemos tão dedicados à restauração quanto eles estavam à destruição? Se fôssemos tão dedicados ao compromisso de salvar vidas quanto eles estavam a destruir vidas?

Mahatma Gandhi disse uma vez que "Um reformador tem de navegar não com o atual. Muitas vezes ele tem que ir contra isso, embora possa custar-lhe a vida".

No entanto, alguns de nós não estamos dispostos a nos posicionarmos sobre o que é certo se isto puder nos custar a nossa reputação - muito menos nossas vidas. (Os nossos soldados, é claro, são uma exceção notável a esta, considerando que eles arriscam suas vidas pela nossa liberdade).

É muito difícil comparar o nosso compromisso com o bem ao compromisso dos jihadistas com o mal? Então vamos considerar algo muito mais mundano.

Em 2001, depois que o jogador de futebol americano do time 'Minnesota Viking', Korey Stringer morreu durante um treino, o atleta da liga da modalidade (NFL), Grant Wistrom comentou: "Nós jogamos um jogo áspero, e nenhum de nós da NFL chegou até aqui por ser cauteloso com os nossos corpos. Uma razão pela qual eu faço o que faço é que eu estou disposto a me sacrificar e trabalhar quando as coisas estão difíceis - se eu estou aquecido, ferido ou cansado, me orgulho na minha capacidade de jogar através de desconforto. isso é o que me faz um jogador de futebol".

Assim, um jogador de futebol morre de complicações relacionadas com a insolação e outro jogador explica: "Ei, nós não chegamos até aqui por sermos cautelosos com os nossos corpos". Em outras palavras, "É possível que nos machuquemos ou até mesmo morramos, mas isso é o que nos torna jogadores de futebol". E nós nos animamos por sua coragem. Por quê? Por um jogo de futebol!

Podemos nos sacudir para subir mais alto? Podemos nos propôr a nadar contra a maré, ir contra a corrente e aceitar o desconforto ou até mesmo dificuldades para fazer o que é certo e bom?

O professor de Direito da Universidade de Yale, Stephen Carter escreveu certa vez: "Junto com muitos teólogos afro-americanos, acredito na enorme importância da preservação das comunidades religiosas, não apenas como centros de diferença - ou seja, lugares onde se apreende o sentido do mundo como diferente do que você encontrar na cultura dominante - mas ainda mais como centros de resistência".

De acordo com Carter, "a Esses centros de resistência não basta proclamar: 'Nós não acreditamos no que o resto de vocês acreditam', mas dizer: 'Estamos dispostos e prontos a nos sacrificarmos, para perder algo material por causa de algo diferente em que acreditamos". No entanto, Prof. Carter não era ingênuo. "De fato", ele explicou, "uma transformação radical vai exigir um sacrifício. Mas uma exigência fundamental para o sacrifício não irá surgir na política. Ela terá que surgir a partir da igreja, que é realmente a única e verdadeira fonte contemporânea, de resistência à existente ordem".

A Igreja? Mas é claro. Esse tem sido sempre um lugar para o compromisso radical com o bem, como Carter continuou, "É a religião que ainda tem o poder, no seu melhor, para incentivar o sacrifício e a resistência". (Eu escrevo isto como um seguidor de Jesus).

Mas, Carter advertiu, "não deve haver ilusões. Todos os demais pastores hoje, negros e brancos, estão muito preocupados com o preenchimento dos bancos vazios. Os sermões brilhantes que pregam chega até a pedir às pessoas que façam alguma coisa, mas acabam recuando para trás. Alguns pastores exibem liderança profética e chamam para o sacrifício, mas seus números são pequenos".

Triste, mas verdade!

Sim, o cristianismo contemporâneo ocidental faz melhor um trabalho melhor de entretenimento que de inspiração, de prometer uma vida feliz ao invés de chamar para uma vida de sacrifício. Mas não é tarde demais para mudar. Em nossos dias, temos visto o tremendo poder de consagração total e completa para o mal. Não é hora de descobrir o poder ainda maior da consagração total e completa para o bem?

(Este artigo foi publicado pela primeira vez em 04 de setembro de 2011 e é lançado novamente em memória das vítimas dos ataques terroristas de 11 de setembro, incluindo Douglas Gurian, único irmão da minha esposa Nancy, que deixou para trás sua amada esposa e dois filhos preciosos).

*Michael Brown é radialista e presidente da Escola de Ministérios 'Fire'. Seu livro mais recente (setembro de 2015) chama-se "Superando a Revolução Gay: Onde o Ativismo Homosexual Realmente Está Indo e Como Virar Esta Maré".

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