“Dos sete pecados capitais, a ira é o mais saudável” (Edward Abbey)
Sei que é polêmico esse título acima. E polêmica não é meu forte, pois não vejo muita vantagem em provocar ninguém, principalmente sem motivos cabíveis. Mas meu coração fervilha com o seguinte pensamento: houve grandes passos da minha vida e ministério que eu só pude dar porque estava indignado. A indignação pode ser uma grande parceira. Vou explicando na sequência.
Em Atos 17:16, Paulo espera por Silas e Timóteo na cidade de Atenas. Os estudiosos afirmam que, nesse tempo, os atenienses adoravam não menos que 3000 divindades. E o texto é enfático: “Paulo se revoltava em face da idolatria dominante na cidade”.
Como poderia um povo tão desenvolvido, tão influente no mundo, ser tão entregue à idolatria? – pensava ele. A partir dessa indignação, uma grande história se concretiza.
Indignado, Paulo focaliza suas forças na evangelização, pregando na sinagoga e em praça pública. Suas palavras chamam a atenção, e alguns dos grandes filósofos da época o levam ao areópago, que consistia numa espécie de tribunal, mas que servia também como arena para debates entre os mais capacitados e os aristocratas. Ali, ele prega um de seus sermões mais impactantes, fazendo ponte com a própria espiritualidade grega, citando a poesia local, e apresentando um Deus criador que está acima de qualquer possibilidade esculpida. Ao fim, como em vários outros casos, muitos desprezam a palavra, mas muitos outros se convertem. O objetivo é cumprido, a palavra é pregada, e Deus é glorificado.
A indignação pode ser nossa parceira. Preciso me indignar mais com as injustiças sociais, com os sistemas corruptos, com o descaso da igreja. Mas minha indignação não pode ser devolvida ao mundo na forma original de indignação, propondo a intolerância e jogando perguntas não respondidas ao vento. Ela tem que me motivar a agir com maturidade e competência. A indignação pode ser o combustível da transformação.
- Mario Freitas