Toda a teologia paulina me encanta, mas por vezes sinto como se o padrão doutrinário proposto pelas cartas me fosse inatingível.
Por exemplo, fico “encucado” com o texto de Filipenses 2:2, quando Paulo diz aos cristãos de Filipos: “Completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa...”.
Seria isso possível? Como posso eu pretender que meus pensamentos sejam iguais aos de outro ser humano, em qualquer assunto que seja? Aliás, as diferenças não são saudáveis? Se todos pensarmos a mesma coisa, não teríamos sido fabricados em série?
Acho que recentemente eu entendi a proposta. No referido texto, Paulo fala sobre perseguição, sobre a necessidade de lutar pela fé evangélica e de não esmorecer (Fp 1:26-27).
Ele fala ainda sobre o sofrimento como graça, como privilégio. E no meio de tudo aquilo, era necessário que combatessem juntos, encontrando prioritariamente seus pontos comuns e evitando suas razões mais conflituosas.
Ou seja, quando há um ideal maior, as diferenças não são relevantes nem trazem grandes divórcios ou dissensões. Nessa altura, o ideal da igreja era que todos se mantivessem fiéis e vivos
Isso é maior que qualquer demanda ou preferência litúrgica. Curiosamente, os países onde há perseguição religiosa no mundo são nações sem grandes desmembramentos denominacionais, e sem um histórico de grandes embates doutrinários.
Eles optaram por pensar a mesma coisa, simplesmente porque querem viver, e viver para Deus.
- Mario Freitas