Uma mina abandonada na Igreja - Coluna Fausto Brasil

Uma mina abandonada na Igreja - Coluna Fausto Brasil

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:30

Não dá para a igreja brasileira tapar os olhos! No Brasil, os solteiros, divorciados e viúvos (S.D.V) com idade acima de 30 anos já somam 35 milhões, destes 20 milhões são mulheres e 15 milhões são homens e muitos destes estão na Igreja.

Graças a Deus, nestes últimos 15 anos, a igreja tem gradativamente se sensibilizado com estes irmãos, formando grupos de apoio que vise atendê-los em suas necessidades. Neste período o mesmo está acontecendo com Igrejas Evangélicas em toda a América Latina. No entanto, conforme dados levantados pelo MINISTÉRIO APOIO, SEPAL e OIKOS, cerca de 80% das Igrejas Evangélicas Brasileiras não possuem um ministério com solteiros, divorciados e viúvos.

Os motivos são os mais variados possíveis.

- Número insuficiente de pessoas para formação de um grupo;

- Ausência de pessoas com maturidade espiritual e emocional para formação de uma liderança;

- Falta de interesse dos próprios S.D.V.;

- Em alguns casos há pastores que têm visão e desejo de formar um ministério em sua Igreja, mas não sabem como;

- Existe um bom número de lideres que não vêm com bons olhos este ministério.

Alegam que este fragmentaria a igreja, sendo melhor para eles estarem envolvidos nas atividades comuns na Igreja. Outros afirmam que a formação de mais um ministério enfraqueceria os já existentes, alguns argumentam ainda que há muito risco em aproximar pessoas carentes, o perigo de relacionamentos pecaminosos pode ser uma ameaça e não um beneficio à Igreja.

Há quem diga até que a presença de um Grupo de Apoio a estas pessoas incentivaria o divórcio na Igreja, porque se um casal não estiver bem no casamento, sabendo que na sua comunidade encontraria apoio, optaria pela separação. Enfim, nestes 10 anos semeando a visão de um Ministério de Apoio com SDV, na Igreja Evangélica Brasileira já me fizeram ouvir muita coisa.

Estou convencido que um ministério com SDV, além de necessário é altamente benéfico à Igreja, pelas seguintes razões:

1ª -  Porque a família no Brasil está sendo destruída! A responsabilidade de preservar e de cuidar dos feridos é da Igreja Evangélica. Para cada 10 casamentos no Brasil, três terminam em divórcio e em algumas regiões este número já chega a cinco.

2ª - Porque 65 % dos que buscam um segundo casamento não estão sendo bem sucedidos.

3ª - Porque 68% dos que buscam um terceiro casamento não estão sendo bem sucedidos.

4ª - Porque 40 % dos casamentos de filhos de divorciados, estão repetindo a experiência de seus pais.

5ª -  Porque os solteiros, divorciados e viúvos em sua grande maioria não encontram seu espaço na Igreja.

6ª - Porque eles têm um potencial enorme no apoio e envolvimento com missões.

7ª - Porque eles precisam ser ministrados em áreas especificas de suas vidas. Beneficiando sua condição de vida.

8ª -  Porque há três necessidades básicas no ser humano: ser amado, ser valorizado e sentir-se parte de algo.

Não há um padrão para um ministério com solteiros, divorciados e viúvos. Dos mais de 100 grupos que tenho conhecimento, cada um está adequado à realidade de sua Igreja.

Quanto ao objetivo:

Alguns grupos têm por finalidade especifica a formação de pares, no entanto a grande maioria tem tido uma visão terapêutica buscando atingi-los em cinco áreas especificas: espiritual, emocional, social (possibilitando comunhão, a interação entre as pessoas), orientação sexual e envolvimento dos mesmos em missões, sejam em trabalhos evangelisticos ou tarefas sociais.

Quanto ao público:

Existem grupos só para jovens adultos (30 a 45 anos), outros só para mulheres divorciadas, outros só para viúvas, outros mistos (com solteiros, divorciados e viúvos de ambos os sexos).

Quanto à periodicidade:

Boa parte dos grupos se reúne apenas uma vez por mês, em um sábado. Alguns, além disso, mantém uma sala na EBD ou um grupo de comunhão no meio da semana, para oração e compartilhamento.

Quanto à programação:

Há grupos que dão ênfase ao ensino, outros à comunhão (com dinâmicas) e outros que combinam as duas atividades.

A participação de pregadores, pastores, psicólogos desenvolvendo tema do interesse do grupo. Eventos em pizzaria, restaurantes, acampamentos, churrascos, caminhadas, passeios, etc.

Algumas igrejas têm o grupo de apoio aos S.D.V. acoplado às atividades do ministério da família, sendo assim, sempre que este ministério realiza eventos para a família na Igreja há uma oficina especifica a eles.

Minha orientação é sempre no sentido dos líderes discernirem que tipo de atividades se adequa melhor à realidade de suas igrejas: Uma sala na EBD, um encontro por mês, uma célula ou grupo de comunhão no meio da semana, etc... Se há lideres, um programa e apoio da liderança no acompanhamento e entusiástica divulgação das atividades do ministério, com certeza ele será bem sucedido.

Pr. Fausto Brasil

Fausto Brasil é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil há 25 anos, atualmente à frente da Igreja Presbiteriana Rocha Eterna, em Tatuí/SP. É fundador e diretor do Ministério Apoio, instituição que atua com solteiros, separados, divorciados e viúvos, no contexto evangélico. Especialista em Aconselhamento Familiar. Casado com Nanci Wiezel Brasil, com quem tem três filhos: Kézia, Davi e Daniel.

Site do Ministério Apoio: www.ministerioapoio.org.br

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