Val Baiano: "Eu tinha na cabeça o louvor de Marquinhos Gomes"

Val Baiano: "Eu tinha na cabeça o louvor de Marquinhos Gomes"

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:10

O fim do jejum de dez jogos aconteceu na quinta-feira. Mas faltava confirmar que os dias de "secura" e agonia ficaram para trás. Val Baiano conseguiu. Em apenas 16 minutos, o atacante fez dois gols quase iguais no empate por 2 a 2 com o Avaí.

Ele queria mais. Pretendia marcar o terceiro e, pedindo a música no Fantástico, dar trilha sonora à nova fase. Uma das letras preferidas dele diz que o "a prova tinha um gosto amargo, mas minha vitória hoje tem sabor de mel".

Val degustou bem o sabor amargo de jogar no Flamengo. Virou motivo de chacota, apelidos ofensivos e sinônimo de um time sem rumo pós-saída de Adriano e Vagner Love. Ele suportou tudo ao lado da esposa Débora, grávida de cinco meses de Daison, e do filho Dauan, de seis anos.

Nesta entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, o atacante celebra a chegada de Vanderlei Luxemburgo, revela seu peso e admite que um gol perdido poderia ter acabado com a carreira dele no Flamengo.

GLOBOESPORTE.COM: Depois do gol contra o Atlético-GO, você disse que tirou "Cristo das costas". Qual foi a sensação ao marcar duas vezes contra o Avaí?

VAL BAIANO: De alívio. Tomei porrada de todos os lados. Mas encontrei a força nas pessoas que me rodeiam. Minha família, o pastor Fernando (religioso que frequenta a concentração do Flamengo) ... Procurei me apegar a Deus. Achei que não fosse suportar tanta pressão, mas Deus colocou o Vanderlei na hora certa e recebi toda confiança dele. Fiquei mais feliz por ver o torcedor gritar meu nome. Fiquei mais leve, confiante. E também pelo apoio dos meus companheiros. Léo Moura deu força e lembrou que o Obina também tinha passado por isso no Flamengo ano passado.

Dá para dizer que é o início de uma nova fase?

Não estou no Flamengo para ser humilhado. Quero ser exaltado. Antes de terminar o ano as coisas vão mudar. Vivo de gols, mas penso primeiro no coletivo. Minha meta não são os gols, são as vitórias. O Luxemburgo disse algo que concordo totalmente: penso no nós, não no eu.

Mas em algum momento chegou a pensar em abandonar o clube?

Acho que não desanimei porque encontrei pessoas que me incentivaram. Um dia, a minha irmã (Lucimara) ligou chorando da minha cidade (Juquié-BA) dizendo que não era justo um homem bom como eu passar por tantas humilhações. Pedi para ela ficar tranquila porque as coisas iriam mudar. O Isaías Tinoco falou algo que nunca vou esquecer: tem que respeitar a fase.

Qual foi a crítica que mais o magoou?

Eu não costumo acompanhar as críticas, mas no jogo contra o Santos minha esposa comprou um jornal do Rio e estava lá: "Mesmo sem Val Baiano Fla fica no 0 a 0". Aquilo me machucou bastante. Eu não fui sequer relacionado para aquele jogo. Fiquei pensando se era algo armado contra mim. Sempre respeitei e aceitei a crítica construtiva.

Foram dois gols em 20 minutos. Já tinha escolhido a música do Fantástico?

Quando fiz os dois gols comecei a imaginar que poderia pedir a música no Fantástico. E tinha na cabeça o louvor de Marquinhos Gomes. A letra diz: "tentaram me parar e frustrar meus sonhos, mas eu nasci para vencer". Tem uma outra que fala: "a minha prova tinha um gosto amargo, mas minha vitória hoje tem sabor de mel". São dois trechos que têm muito a ver com o que passei no Flamengo.

A cobrança pesada o surpreendeu?

Sou torcedor do Flamengo e também já cobrei. O torcedor não quer saber se o atacante está fora de forma. Mas o clube passou por um vendaval após o Carioca. Às vezes a má fase não é só do jogador, mas do clube todo. Nada dava certo. Quando cheguei, sabia que a cobrança seria grande, mas não imaginava que seria tão grande. Foram muitas pauladas e pedradas na minha direção.

Depois de você, Deivid e Diogo passaram por situação semelhante de jejum de gols. De alguma forma acha que pegaram pesado no seu caso?

Nos primeiros cinco jogos não tive sequer chance de finalizar. Contra o Atlético-MG chutei muito bem e o Fábio Costa fez uma defesa incrível. Só posso lamentar mesmo o gol que perdi contra o Guarani, após o passe do Pet. A bola quicou no gramado e me atrapalhou. Mas pior foi contra o Vitória. Se o Kleberson não faz aquele gol após meu chute na trave eu nunca mais jogaria no Flamengo (assista ao lance no vídeo ao lado).

O seu peso foi apontado como uma das causas do mau desempenho. Pode revelá-lo?

Cheguei ao Flamengo com 96,5 kg e agora vario entre 89kg e 90 kg. Ano passado, quando fiz 18 gols pelo Barueri no Brasileiro, estava com 93kg. Quando o atacante marca, está leve e não tem nada errado. A minha questão não era problema físico.

Por Eduardo Peixoto

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