Vida ou Morte

Vida ou Morte

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:10

“O salário do pecado é a morte, mas o presente gratuito de Deus é a vida eterna que temosem Cristo Jesus NossoSenhor” (Rm 6.23).

No dia 31 de agosto de 2012, o Jornal Hoje da TV Globo e o site Globo.com veicularam a decisão do Conselho Federal de Medicina, de assegurar aos doentes terminais o direito de rejeitar os tratamentos médicos. Segundo o Conselho, quando a doença é terminal, a única ação possível por parte da Medicina é dar ao paciente medicação que diminua sua dor, apenas um paliativo, pois não lhe trará a cura. Pela decisão, cabe ao paciente – desde que esteja em estado consciente – decidir se quer continuar tomando remédios que aliviem suas dores ou se prefere “morrer em paz”. A decisão causa polêmica, pois está diretamente relacionada à questão da eutanásia.

Este tema nos faz refletir sobre algumas questões muito profundas e sérias para nós, seres humanos. A primeira questão é sobre a visão raquítica à que chegou a raça humana devido ao seu estado de alienação de Deus, como diz a Bíblia: Mas os vossos pecados fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos erros encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça (Is 59.2). Por causa de nosso estado, alguém falar em doença terminal soa aos ouvidos como se já fosse já uma certidão de óbito dada ao paciente. O peso nos nossos ombros imposto pelo pecado nos faz refletir assim: “Se a doença é terminal, podemos preparar o caixão”.

Mas não era para ser assim, pois quando isso acontece, além de reconhecermos nossa pequenez diante do salário do pecado (Rm 6.23) – o que seria até razoável – nós limitamos a Soberania e o Poder de Deus, pois para o Senhor também – e principalmente para Ele – deveria valer o ditado: “enquanto há vida, há esperança”. No Senhor, é possível pensar em sobrevida, ter fé na sobrevida e esperar a sobrevida, mesmo diante de uma doença terminal. Aliás, para Deus, é possível e provável que possamos falar de vida mesmo diante da morte: Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá (Jo 11.25). No caso de Lázaro, o morto deste texto, a vitória sobre a morte não era só escatológica, mas imediata e já naquele século.  Cabe-nos, devido a nossa limitação, ao menos sofrer junto com os doentes terminais a sua dor, pois o sofrimento deles é o nosso sofrimento também. Somos doentes terminais a cada minuto de nossas vidas se a compararmos à eternidade pretendida por Deus para nós.

A segunda questão é que precisamos, numa cosmovisão cristã, fazer analogia entre o direito que o paciente terminal tem de escolher se quer viver sofrendo ou morrer, e o direito que o ser humano tem de escolher viver sofrendo ou escolher viver. Falo do direito de escolher viver pra valer. Viver a verdadeira vida: Vocês já morreram e a vossa vida está escondida com Cristo e em Deus (Cl 3.3). Viver pra valer é viver ao lado de Cristo, sentindo-o a cada passo dado; ouvindo-o a cada silêncio objetivado; enxergando-o pelos olhos da fé.

Discutimos tanto a cada notícia sobre a Eutanásia e polemizamos demais quando o assunto é suicídio. Nos chama muito a atenção qualquer escolha do homem pela morte. Mas não gastamos tantos neurônios para refletirmos, expormos e defendermos o direito que o homem tem de escolher a vida. Tratamos muito do salário do pecado, mas não temos o mesmo empenho quanto ao presente de Deus. Diante de Deus, o homem é doente terminal que não tem direito de escolher a morte, até porque isso já foi assegurado para ele desde o Jardim do Éden (Gn 2.17) e, como Paulo escreveu acima, nós já morremos. Diante do Senhor, o direito real que o homem tem é escolher viver. “Escolhe, pois a vida para que vivas…” (Dt 30.19). Precisamos Escrever em letras garrafais em todos os sites e redes sociais que o homem ainda tem o direito de viver.

A terceira questão é que, não obstante toda a evolução a que chegou a medicina moderna, a ponto de realizar transplantes de praticamente todos os órgãos do corpo humano, dando ao homem quase uma espécie de segunda vida, os fatos e a notícia do Globo.com asseguram que há momentos em que qualquer tentativa meramente humana de vencer o seu maior inimigo – a morte – estará fadada ao fracasso.

O dia chegará em que o médico terá que dizer ao seu paciente: “eu não posso fazer mais nada por você.” É aí que devemos perceber a grande verdade cristã. Além dela se fazer perceber por sua força, se faz sentir por seu consolo. A verdade é que só Deus tem a solução para a maior problemática da história humana. Só aquele que já provou da morte e voltou a estar entre os vivos – Jesus Cristo – poderá nos livrar dessa terribilidade. Mas não precisamos esperar chegar o momento da UTI literal para chamar por Deus. Nossa UTI já começou, espiritualmente falando. Devemos, portanto, buscá-lo agora, com todas as nossas forças: Buscar-me-eis e me achareis, disse o Senhor em Jeremias 29.13. O doente terminal precisa estar consciente para decidir morrer, e todos nós humanos temos consciência suficiente – apesar de nossa alienação – para escolhermos a vida. Se buscarmos a Deus, Ele, diferentemente dos maiores especialistas em medicina do mundo, nos dirá: “Eu ainda tenho solução para o seu caso: a cruz de Cristo!” Vivamos esta verdade hoje, pois em Deus nós temos o direito de escolha pela vida.


por Pr. Marcio Rogério Gomes David

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