As virtudes cristãs — fé, esperança e amor — são alegres e exuberantes

As virtudes cristãs — fé, esperança e amor — são virtudes alegres e exuberantes

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:04
alegriaDepois de descobrir Ortodoxia, li muitas outras obras de Chesterton. (Ele escreveu mais de 100 livros, e morri de inveja quando ouvi que ele ditava quase tudo para sua secretária, e que praticamente não precisava revisar o que havia criado.) Adquiri de Chesterton muito mais que meros fatos ou argumentos intelectuais; ganhei dele uma perspectiva nova, uma maneira “romântica” de enxergar minha fé. Ele afirmou que as virtudes pagãs, como justiça e temperança, são virtudes tristes. As virtudes cristãs — fé, esperança e amor — são virtudes alegres e exuberantes. Elas possuem certa aura de audácia:
 
O amor perdoa o imperdoável, senão deixa de ser virtude. A esperança não desiste, mesmo em face do desespero, senão deixa de ser virtude. E a fé acredita no inacreditável, senão deixa de ser virtude.
 
Percebi que minha fé se reduzira a um exercício lacônico e severo de ortodoxia.indddisciplinas espirituais, uma mescla triste de ascetismo e racionalismo. Minha alegria se desvanecera. Chesterton restaurou em mim um sentido romântico, uma sede pelas virtudes alegres e exuberantes: “O desespero não está em cansar-se do sofrimento, mas em cansar-se da alegria”.
 
O estereótipo do “gordo alegre” o descrevia perfeitamente. Chesterton pesava em torno de 140 quilos. Seu peso e seu fragilizado estado de saúde o desqualificaram para o serviço militar. Esse fato levou-o a trocar palavras ríspidas com uma patriota desconhecida durante a Segunda Guerra Mundial. Vendo Chesterton perambular pelas ruas de Londres, longe da guerra, essa senhora indagou, indignada: “Por que você não está na frente?” Chesterton, olhando para seu abdômen, respondeu-lhe friamente: “Cara madame, se a senhora der uma rápida olhada deste lado, vai ver que já estou.”
 
Chesterton apelava para o humor quando debatia em público com os agnósticos e ateus da época, mais notavelmente com o dramaturgo George Bernard Shaw. (Imagine que nessa época um debate sobre fé era capaz de encher um auditório.) Chesterton normalmente chegava atrasado, ajustava os óculos pincenê para perscrutar suas anotações rabiscadas num punhado de papéis e passava a entreter o público, rindo alto das próprias graças e piadas.
 
Bufando sob o amplo bigode, com os olhos cintilantes, defendia conceitos “reacionários” como o pecado original e o julgamento final. Quase sempre ganhava o público com seu charme arrasador e celebrava levando o oponente vencido ao pub mais próximo. Certa vez seu contemporâneo Franz Kafka comentou: “Ele é tão alegre que parece ter encontrado o próprio Deus!”.
 
 
- Philip Yancey
via Ortodoxia
 

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