Afeganistão passa fome e Talibã diz que é “um teste da parte de Deus”

Missionário aponta o grupo terrorista como incompetente: “Talvez sejam bons homens-bomba, mas não sabem trabalhar como funcionários do governo”.

Fonte: Guiame, com informações de G1 e Mission Network NewsAtualizado: sexta-feira, 3 de dezembro de 2021 às 18:54
Foto/Montagem: Crianças afegãs à esquerda e primeiro-ministro do Talibã, Mohammad Hassan Akhund, à direita. (Fotos: Pxhere e Commons Wikimedia)
Foto/Montagem: Crianças afegãs à esquerda e primeiro-ministro do Talibã, Mohammad Hassan Akhund, à direita. (Fotos: Pxhere e Commons Wikimedia)

Conforme a ONU, metade do país enfrenta a fome, agravada por um colapso iminente do sistema bancário. Cem dias depois que o Talibã retomou o poder no Afeganistão, a situação tornou-se insustentável. 

Apelos já foram feitos a outros países, para que encontrem alternativas de ajudar a população carente que já sofre até mesmo com a desnutrição. As informações são do diretor de operações da Cruz Vermelha Internacional, Dominik Stillhart. 

O primeiro-ministro usou uma linguagem religiosa para descrever a crise, chamando a fome de um “teste da parte de Deus, depois que as pessoas se rebelaram contra ele”, conforme o Mission Network News. 

Pedido de ajuda a instituições de caridade

Mohammad Hassan Akhund, primeiro-ministro nomeado pelo Talibã, pediu a instituições de caridade internacionais que ajudassem o país. Ele também pediu que os EUA liberem 10 bilhões de dólares em fundos afegãos congelados.

Vale citar que funcionários do governo no Afeganistão não recebem salários há meses. Tachado de incompetente, Akhund culpou o governo apoiado pelo Ocidente, antes do retorno do Talibã. 

Porém, especialistas apontam para o fato de que  os insurgentes do Talibã nunca tiveram um plano para governar o Afeganistão. “Talvez sejam bons homens-bomba, mas não sabem trabalhar como funcionários do governo. E esta é a razão pela qual vimos combatentes do Talibã que se tornaram policiais apenas matando pessoas como qualquer coisa”, disse Neemias que trabalha para o Forgotten Missionaries International (FMI).

Incompetência do Talibã para governar o país

Além de todas as alegações, o Talibã ainda precisa lidar com o braço do Estado Islâmico no Afeganistão, o Isis-K, outra organização terrorista que luta pela supremacia no país. 

Na verdade, muitos combatentes do Talibã agora desertaram para o Isis-K — mais de dois mil homens — e se voltaram contra o Talibã. “Este é um dos motivos pelos quais as pessoas não podem nem sair de casa para comprar mantimentos”, disse Neemias.

E a outra razão, segundo ele, é que não há nada disponível nos supermercados. “Esta é uma evidência de quanto a economia do Afeganistão está entrando em colapso. Os bancos não têm dinheiro para distribuir. As pessoas estão literalmente morrendo de fome”, revelou.

Fome e desespero no país

Algumas famílias afegãs até venderam suas filhas pequenas para evitar a fome. Em outubro, o Guiame divulgou uma matéria sobre essa triste situação. Nos campos de deslocados, a prática é considerada até comum. 

Há notícias de meninas com menos de 6 anos de idade que foram comercializadas pelos próprios pais e que vão abastecer o mercado deplorável do casamento infantil, tudo por causa da fome e do desespero das pessoas.

“É uma situação muito instável e está piorando a cada dia. Eu só quero encorajar meus irmãos e irmãs a orar. Que Deus cuide do povo no Afeganistão, que acabe com a fome e tire o poder das mãos dos talibãs”, orou Neemias e finalizou.

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