Dezenas de mulheres que sobreviveram aos estupros e maus tratos, que foram recentemente resgatadas da 'fortaleza' do Boko Haram, no Estado de Borno (Nigéria) afirmam que agora enfrentam o preconceito e a dificuldade de se reintegrar em suas comunidades. Ativistas de direitos humanos pedem que o governo nigeriano as ajude.
No mês passado, 234 mulheres e crianças foram resgatadas de militantes islâmicos no nordeste da Nigéria e enviadas para o campo Malkohi. Pelo menos 214 delas estão grávidas. Várias das ex-reféns recentemente lembraram-se de seus pesadelos, que inclui estupros, que aconteceram repetidamente com a participação de homens diferentes e ao mesmo tempo em cativeiro. Algumas foram forçadas a se casarem com os próprios homens que as violaram, enquanto muitas são incapazes de identificar os pais de seus bebês em gestação.
Em vez de encontrar amor e apoio nas comunidades de onde foram raptadas, estas mulheres descobriram que estão agora são desprezadas pela sociedade.
Pesquisador da área de Direitos Humannos, Mausi Segu entrevistou um número das vítimas do Boko Haram no passado e disse que ouviu muitas histórias sobre os desafios de reintegração. Ela disse que mesmo aquelas que não foram estupradas durante o cativeiro se queixaram de ser condenadas ao ostracismo, e e foram marcadas como "esposas do Boko Haram" ao tentar se reintegrar em suas comunidades.
"Essas meninas não foram sequer tocadas (estupradas)", disse Segun. "Mas o Boko Haram é tão desprezado [na comunidade] que qualquer pessoa que tenha tido contato com o grupo compartilha desse rótulo, o insulto".
As 677 mulheres relataram que a maioria das sequestradas nos últimos nove meses, foram resgatadas do domínio do grupo terrorista durante incursões realizadas pelos direitos humanos e militares nigerianos ativistas estão pedindo ao governo nigeriano para ajudá-las a reintegrarem-se em suas comunidades.
"O governo nigeriano e o governo do estado têm que chegar a uma abordagem abrangente de como a reintegrar essas meninas e as mulheres de volta à sociedade", disse o pastor Laolu Akande, diretor-executivo da Associação Cristã da Nigéria.
Ele também pediu aos nigerianos que acolhessem as mulheres e as crianças de volta para suas comunidades, em vez de insulta-las ou ignora-las.
"Tem de haver serviços de apoio (psicológico, tratamento de traumas, uma recuperação, médicos) para traze-las de volta à comunidade de uma forma muito decente", continuou ele. "Temos também uma mensagem às comunidades para acolher essas mulheres de volta [e] aceita-las".
Perseguição religiosa e Terrorismo
Força de insurgência na Nigéria e alguns países vizinhos, o Boko Haram tem contribuído para espalhar o medo pelos locais por onde passa e instala seus domínios.
No início deste ano (2015), o grupo oficializou sua 'parceria' com o Estado Islâmico, promovendo também a perseguição religiosa, motivada pelo extremismo islâmico.
O grupo chegou a publicar vídeos nos quais também executa cristãos que se recusam a abandonar sua fé - da mesma forma que o EI tem feito.
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