A cristã iraniana e ativista Mary Fatima Mohammadi ganhou um prestigiado prêmio por sua luta pelos direitos dos cristãos perseguidos no Irã.
Mary recebeu o Prêmio Stephanus 2023, da Fundação Stephanus para Cristãos Perseguidos, por sua "coragem excepcional" e "abnegação extraordinária", em uma cerimônia na sexta-feira (21), em Bonn, na Alemanha.
“A jovem de 24 anos não apenas reivindicou o direito de mudar sua fé no Irã, onde se afastar do Islã é considerado um crime. Ela também compilou e publicou informações sobre a perseguição de dissidentes pela ditadura totalitária, incluindo o tratamento desumano de detentos nas prisões de Qarchak e Fashafoye”, disse a Fundação, em um comunicado à imprensa.
Na cerimônia, Mary declarou que o prêmio a incentiva a continuar batalhando pelos oprimidos e defendendo os direitos humanos.
"Dedico o Prêmio Stephanus a todas as mulheres perseguidas desconhecidas que continuam lutando por sua causa sem receber nenhum apoio", afirmou.
A ativista cristã também incentivou todos aqueles que defendem a causa dos perseguidos, a exigirem a libertação de prisioneiros em governos ditatoriais, que foram detidos por motivos religiosos ou políticos.
Perseguida pelo governo iraniano
Mohammadi já foi presa diversas vezes no Irã por protestar contra o regime opressor. Ela foi detida pela primeira vez durante um culto em uma igreja doméstica, logo após deixar o islã e se converter ao cristianismo, aos 19 anos.
Segundo a UCA News, a ativista foi mantida na prisão de Evin de novembro de 2017 a maio de 2018. Mary enfrentou tortura e maus tratos. Além de ser expulsa de sua universidade e perder o emprego como professora de ginástica.
Em janeiro de 2020, a jovem foi presa durante um protesto contra o governo, após a Guarda Revolucionária Islâmica abater o voo 752 da companhia aérea ucraniana, no qual 176 pessoas foram mortas.
Na Praça Azadi, em Teerã, as forças de segurança deteram, atacaram e abusaram sexualmente de Mary. A cristã foi condenada a três meses de prisão e a 10 chibatadas.
Seu caso gerou comoção e ganhou as manchetes em todo o mundo. “Mas ninguém poderia quebrar essa jovem corajosa e profundamente enraizada. O exemplo se espalhou como fogo”, comentou Brand, porta-voz da política de direitos humanos de um grupo parlamentar alemão, que lutou por sua libertação na época.
O governo dos Estados Unidos fez uma campanha, exigindo sua liberdade. O International Christian Concern, uma organização que apoia os cristãos perseguidos, chamou Mary de “a mulher mais corajosa do Irã”.
A cristã foi libertada sob fiança em fevereiro de 2020, mas continuou sendo ameaçada e foi acusada de "perturbação da ordem pública". Em 21 de fevereiro de 2022, Mohammadi conseguiu deixar o Irã.
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