Um ano após o ataque terrorista contra a revista satírica francesa "Charlie Hebdo", que aconteceu no dia de 7 de janeiro de 2014, o semanário irá publicar um memorial nesta quarta-feira (6).
Na capa, a charge apresenta um deus barbudo, segurando uma arma AK-47 e com as vestes ensanguentadas. O título afirma: "1 ano depois, o assassino ainda corre", como uma clara crítica ao avanço do terrorismo baseado na religião islâmica.
O número terá uma tiragem de quase um milhão de exemplares, e vários deles serão enviados para diferentes países.
A edição contará com um caderno de charges dos cartunistas e outros profissionais mortos por dois islâmicos radicais, além de mensagens de apoio de várias personalidades. O atentado deixou 12 mortos.
Entre os colaboradores para a edição especial, estão a ministra francesa da Cultura, Fleur Pellerin; as atrizes Isabelle Adjani, Charlotte Gainsbourg e Juliette Binoche; os intelectuais Élisabeth Badinter, Taslima Nasreen e Russell Banks; e o músico Ibrahim Maalouf.
O cartunista Riss, atual diretor do veículo, gravemente ferido durante o ataque, assina um editoral com a intensa defesa de um mundo laico e denuncia os "fanáticos alienados pelo Alcorão" e "devotos de outras religiões" que queriam a morte da publicação por "ousar rir do religioso".
"As convicções dos ateus e dos laicos podem mover mais montanhas do que a fé dos crentes", escreve ele.
Hoje, o semanário tem tiragem de cerca de 100 mil exemplares em bancas e, destes, pelo menos 10.000 são distribuídos no exterior. A revista conta com 183.000 assinantes.
Ataque
Pelo menos 12 pessoas morreram e 11 ficaram feridas em um tiroteio em Paris no dia 7 de janeiro de 2014. O crime aconteceu no escritório do jornal satírico Charlie Hebdo, que já havia sido alvo de um ataque em 2013 após publicar uma caricatura do profeta Maomé.
Todos os mortos foram identificados. São eles: o editor e cartunista Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, o lendário cartunista Wolinski, o economista e vice-editor Bernard Maris e os cartunistas Jean Cabu e Bernard Verlhac, conhecido como Tignous, além do também desenhista Phillippe Honoré, do revisor Mustapha Ourad e da psicanalista Elsa Cayat, que escrevia uma coluna quinzenal para a revista.
Entre as outras vítimas fatais estão o policial Franck Brinsolaro, morto dentro da redação, e o agente Ahmed Merabet, que morreu já na rua, durante a fuga dos atiradores. No ataque também morreram um funcionário da Sodexo que trabalhava no prédio, Frédéric Boisseau, de 42 anos, e um convidado que visitava a redação, Michel Renaud.