Colégio em Recife debate linguagem de ‘gênero neutro’ em sala de aula

A atividade foi proposta por alunos, mas ocorreu em sala de aula, promovendo uma linguagem que elimina a diferenciação entre masculino e feminino.

Fonte: Guiame, com informações da Gazeta do PovoAtualizado: segunda-feira, 14 de setembro de 2020 às 14:32
O termo "obrigade" é um dos exemplos de terminologias usadas nas propostas de linguagem de 'gênero neutro', promovidas por grupos de apoio a transgêneros, LGBT, entre outros. (Foto: Reprodução)
O termo "obrigade" é um dos exemplos de terminologias usadas nas propostas de linguagem de 'gênero neutro', promovidas por grupos de apoio a transgêneros, LGBT, entre outros. (Foto: Reprodução)

Na última quarta-feira (9) as imagens de uma aula sobre “pronomes neutros” (um dos efeitos da ideologia de gênero sobre a línguagem) uma escola particular de Recife (PE) circularam nas redes sociais, gerando reações diversas, sobretudo indignação de muitos. O fato foi registrado no Colégio Apoio e ocorreu em uma turma do 8º ano.

Nos slides projetados na aula era possível ver neologismos que tinham por objetivo eliminar a diferenciação de gênero entre masculino e feminino, como “obrigade”, substituindo “obrigado” ou “obrigada”. Segundo os autores do material, esse tipo de nova linguagem faria com que os transgêneros se sentissem “mais confortáveis”, pois a linguagem atualmente adotada ajudaria a promover o preconceito.

As informações foram confirmadas pelo site Gazeta do Povo, que entrou em contato com a escola pernambucana para entender o motivo pelo qual a temática teria sido debatida ou "ensinada" em sala de aula.

Uma pessoa que falou como funcionária da escola (mas que não quis revelar seu nome à reportagem) confirmou que a atividade de fato ocorreu no colégio. Porém, ela explicou que a abordagem da temática não teria sido proposta pelos professores ou pela equipe pedagógica, mas sim “pelos próprios alunos."

Quando a reportagem perguntou à funcionária se os pais estavam cientes da realização da atividade, ela apenas informou que o assunto seria tratado internamente e não falou mais sobre o caso.

Apesar de afirmar que a ação não foi proposta por nenhum docente, a mulher reiterou que não iria disponibilizar o “material” para que a reportagem analisasse o conteúdo.

Preconceito?

Em 2018, a Gazeta já havia ouvido alguns linguistas sobre o assunto, que explicaram que a diferenciação de gêneros masculino e feminino na língua portuguesa não indica qualquer tipo de preconceito. A origem desta forma de uso da língua portuguesa estaria no latim, que lançou as bases do idioma falado no Brasil, bem como outras línguas latinas.

Os especialistas ressaltaram ainda que essas novas terminações utilizadas por movimentos sociais, que alteram o uso da língua portuguesa, colocando outras letras como “x” ou “e” no lugar de “a” (feminino) e “o” (masculino), não têm amparo científico.

É o que afirma, por exemplo, o linguista Sirio Posseti, que é pesquisador e professor da Unicamp.

"É por isso que dizemos ‘o circo tem dez leões’ mesmo que tenha cinco leões e cinco leoas, mas não dizemos, no mesmo caso, que tem dez leoas. Também é por isso que se pode dizer que ‘todos nascem iguais em direitos...’, o que inclui as mulheres, mas não se incluiriam os homens se a forma fosse ‘todas nascem iguais em direitos...’”, disse ele.

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