Desde sua estréia no último mês, o filme "Metanoia" vem repercutindo positivamente entre o público. Diante do tema retratado no filme, o vício do Crack, o jornal Folha de São Paulo promoveu um debate na última quarta-feira (27) entre os idealizadores do filme e a plateia do cinema.
O encontro foi mediado pelo repórter Giba Bergamin Jr., com participações do ator e protagonista do filme, Caíque Oliveira, o diretor Miguel Nagle, e o coordenador de projetos do ministério Cristolândia, Pastor Humberto Souza Machado.
Para Miguel, a história do personagem Eduardo é só mais uma diante de tantas outras no Brasil. "O crack já está chegando em tribos indígenas, no interior, em tantos outros lugares. Através da arte a gente quer comunicar e trazer um pouco dessa realidade".
Caíque explica que a ideia do filme é abrir uma discussão entre as pessoas. "Se você começar a pesquisar, você vai se assustar demais. Existe uma Cracolândia onde [o crack] é exposto, e existem dentro dos apartamentos, das casas e lugares que você nem imagina, milhares de mães presas a esse drama".
"Eu vi muita coisa ali que em toda a minha vida eu não tinha visto. O que mais me impressionou ali são as crianças, que vendem seus corpos há poucos metros daqueles que deveriam protegê-las. Então tomei a decisão. Eu era pastor de uma igreja, decidi largar tudo e construir meu púlpito não dentro de uma igreja, mas dentro da Cracolândia", relata o pastor Humberto. "Estou há 6 anos ali, e já tive a alegria de mandar para casa mais de 2 mil pessoas e batizar, na Cracolândia, mais de mil pessoas".
Ações do governo
O debate se estendeu no tema da redução de danos, um programa do governo que busca tratar o dependente químico sem isolá-lo em uma unidade terapêutica, mas dando a ele emprego e renda.
"Cada um deve fazer a sua parte", considera o Pastor Humberto. "Isso só vai ter um resultado quando a igreja - todas elas - sair das quatro paredes e deixarem de viver um cristianismo morto, cego, sem se preocupar com vidas que estão às margens das igrejas."
"Essa redução de danos é um pouco questionada", opina Miguel. "A 'noia' do crack é muito rápida, o usuário precisa consumir mais e mais. As pessoas, às vezes, ficam 'esteriotipando' como se fosse droga de pobre, mas a gente ouve relatos de pessoas que gastam 600 reais em uma noite. Será que essa política é interessante? Parece que querem jogar algumas coisas para debaixo do tapete."
Caíque pondera que o controle que o usuário tem sobre si é nulo, e jogar a responsabilidade sobre ele é algo muito sério. "A gente precisa entender que somos corpo, alma e espírito. O governo precisa entrar com medidas que levem a educação e o trabalho, a questão da alma precisa ser trabalhada pela arte, pelas emoções, e a secretaria da cultura precisa fazer algo. E quando a gente fala do espiritual, é o que estamos tentando fazer aqui. Existem pessoas que precisam realmente", conclui.
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