Deputados de esquerda pediram o fim das orações no Parlamento do Reino Unido, alegando que a tradição não tem mais espaço no século 21.
Segundo o jornal The Mirror, o deputado do Partido Trabalhista, Neil Duncan-Jordan, apresentou uma moção ao Comitê de Modernização da Câmara dos Comuns, solicitando o fim das orações feitas todo início do dia, antes do Parlamento iniciar os trabalhos.
No documento, o parlamentar argumentou que as orações na câmara "não são compatíveis com uma sociedade que respeita os princípios da liberdade de e da religião".
A moção foi assinada por três parlamentares do Partido Trabalhista, três do Partido Liberal Democrata, dois parlamentares do Partido Verde e um deputado de centro-esquerda.
"Fazer orações no início do dia parece uma prática desatualizada e antiquada. Em um local de trabalho moderno, isso realmente não faz muito sentido”, afirmou Duncan-Jordan, em entrevista ao Mirror.
O parlamentar acrescentou que a ação tem apoio de todos os partidos. "Agora temos um grupo bastante diversificado de parlamentares com diferentes crenças religiosas e pessoas como eu que não têm religião alguma. Eles têm que esperar do lado de fora esperando que as orações terminem”, disse.
Em uma carta enviada ao Comitê de Modernização, Duncan-Jordan e outros sete parlamentares trabalhistas descreveram as orações diárias como um privilégio da Igreja Anglicana imposta ao Parlamento britânico.
"As sessões na Câmara dos Comuns e na Câmara dos Lordes começam com orações anglicanas – um dos muitos privilégios dados à Igreja da Inglaterra devido ao seu status estabelecido”, declararam.
“Dado que 46% dos parlamentares fizeram a afirmação secular ou juraram sobre um texto não cristão, acreditamos que o uso continuado desse procedimento está desatualizado e precisa ser substituído. Com um Parlamento tão diversificado, precisamos deixar claro que os parlamentares de todas as religiões e crenças são igualmente bem-vindos e valorizados”.
E acrescentaram na carta: "A imposição de orações como parte dos negócios oficiais do Parlamento não é mais compatível com uma sociedade que respeita o princípio da liberdade de religião ou crença e remover essa prática seria um passo positivo para a modernidade, igualdade e liberdade de consciência".
Já o presidente da Câmara, Sir Lindsay Hoyle, não tem a mesma opinião. Em uma entrevista à National Secular Society – uma organização que defende o secularismo e também pediu o fim das orações – Hoyle afirmou que "não há mal nenhum em um momento de reflexão privada para os membros antes de começarem os trabalhos da Câmara".
A tradição de orar antes da abertura dos trabalhos das sessões na Câmara dos Comuns e nos Lordes iniciou no século 16, durante o reinado do rei Carlos II.
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