“Em razão do meu perfil cristão, estou lá para buscar justiça”, diz procurador da Lava Jato

Durante sua participação na CBB 2016, o procurador da República Deltan Dallagnol ressaltou que o trabalho da Lava Jato no Ministério Público é técnico, imparcial e apartidário.

Fonte: Guiame, Luana NovaesAtualizado: terça-feira, 19 de abril de 2016 às 17:40
O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato, durante sua participação na CBB 2016. (Foto: Guiame/ Marcos Paulo Corrêa)
O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato, durante sua participação na CBB 2016. (Foto: Guiame/ Marcos Paulo Corrêa)

Através da força-tarefa da Operação Lava Jato, que investiga crimes de corrupção na Petrobras, o Ministério Público Federal (MPF) já ofereceu acusações criminais contra cerca de 180 pessoas por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa — acusações embasadas em amplas provas.

Durante sua participação na CBB 2016, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato, afirmou que este foi um caso que estarreceu até mesmo sua equipe, diante dos altos números desviados.

“Apenas em propina paga, no caso da Petrobras, foram 6,2 bilhões em reais. Isso é apenas a ponta do iceberg. Uma estimativa da ONU aponta que no Brasil, são desviados anualmente cerca de 200 bilhões de reais. Isso é três vezes o orçamento federal em educação, três vezes o orçamento federal em saúde e cinco vezes do que se gasta no Brasil anualmente com segurança pública”, disse ele durante palestra.

Dallagnol ressaltou que o trabalho da Lava Jato no Ministério Público é técnico, imparcial e apartidário. “Política é a leitura que alguns investigados tentam fazer do nosso trabalho, como estratégia de defesa”, esclareceu.

“O meu único objetivo de estar no Ministério Público desde que eu ingressei, em razão do meu perfil cristão, é estar lá para buscar fazer justiça, buscar amar o próximo distribuindo a justiça e dando o meu melhor para que a justiça seja feita no nosso País”, disse Dallagnol.

Por outro lado, o procurador apontou que fazer justiça é algo difícil no Brasil. “Nós somos o paraíso da impunidade para os réus de colarinho branco. O índice de punição da corrupção, segundo estudo publicado pela Fundação Getúlio Vargas, é de 3%. Ou seja, de 100 casos de corrupção, apenas 3 chegam a punição criminal. Se você está achando que desses 3% as pessoas vão presas, você está enganado — elas vão apenas prestar serviços a entidades sociais ou pagar cestas básicas”, afirmou Dallagnol.

Dallagnol apresenta tipos de perspectivas para o combate à corrupção, até mesmo àquela que envolve as pequenas infrações cometidas pelos cidadãos no dia a dia: a espiritual e a macro.

Evangélico, ele acredita que trabalhar a moral e a espiritualidade de uma pessoa pode contribuir para a transformação de seu caráter. “Nós temos um cenário onde a pessoa levanta cartazes contra a corrupção, mas quando ela vai ser multada ela é a primeira a oferecer propina para o guarda”, disse ele, em resposta ao Guiame. “É uma perspectiva válida porque o problema de corrupção é individual”.

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