Três ex-transsexuais entraram com ações na justiça contra profissionais de saúde por prescreverem procedimentos drásticos, como cirurgias de mudança de sexo e terapias hormonais, antes de verificar seus históricos médicos.
Eles expuseram seus casos, mostrando que os procedimentos iniciados durante um período em que lutavam contra a disforia de gênero e diversos problemas de saúde mental deformaram seus corpos.
Pessoas que antes se identificavam como trans são frequentemente chamadas de “destransicionados”. Muitas delas têm compartilhado suas histórias de arrependimento em relação à decisão tomada em sua juventude de usar hormônios ou passar por cirurgias para se parecerem com o sexo oposto.
Muitos destransicionados também relataram como os médicos responsáveis por seu cuidado os incentivaram a tomar essas decisões drásticas, que alteraram suas vidas após consultas rápidas e sem revisar seus históricos médicos.
O CASO DE MICHELLE ZACCHIGNA
Uma mulher canadense que passou a se identificar como homem apresentou uma declaração de ação ao Tribunal Superior de Justiça de Ontário.
Michelle Zacchigna acusou oito médicos de oferecerem hormônios e cirurgias de alteração corporal em vez de abordar suas questões de saúde mental.
Michelle Zacchigna (Captura de tela/YouTube/National Post).
Zacchigna usou seu Twitter em fevereiro deste ano para falar sobre a ação judicial e medidas legais que tomou em novembro de 2022 contra os prestadores de serviços de saúde canadenses que facilitaram sua transição.
Segundo declarou, a ação judicial era um "cartão" que ela havia mantido "próximo ao peito por um tempo".
Ansiedade e depressão
Zacchigna enfrentou ansiedade e depressão na infância, segundo relatou a Gender Dysphoria Alliance, uma organização apartidária, em uma postagem de 2021. Ela começou a pensar que seus problemas estavam relacionados à sua identidade de gênero após pesquisar o conceito na internet.
Em 2010, Zacchigna disse que um médico que ela conheceu através de um grupo de apoio chamado "Gender Journey" a encaminhou para terapia hormonal depois de se encontrarem apenas uma vez em uma consulta de uma hora. Após começar a tomar testosterona, Zacchigna passou por uma mastectomia [retirada do seio] bilateral no início de 2012.
‘Desmoronei’
Embora a mulher tenha admitido que sua saúde mental melhorou por um breve período após tomar hormônios masculinos sintéticos e passar pela mastectomia, ela lembrou que, emocionalmente, "desmoronou".
A ansiedade social de Zacchigna e a dificuldade em fazer amigos continuaram, e como resultado do uso de hormônios masculinos ela ganhou cerca de 35 quilos de peso.
Por fim, Zacchigna parou as injeções de testosterona, e decidiu que não se importava mais com sua aparência. Em 2018, ela passou por uma histerectomia [remoção do útero] parcial, embora ela já não se lembre mais por que algum dia pensou que a cirurgia fosse uma boa ideia.
No ano anterior à cirurgia, Zacchigna recebeu diagnóstico de diversos transtornos de saúde mental, incluindo o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Ela também descobriu que estava no espectro do autismo.
"A disforia de gênero não foi realmente abordada em minha avaliação", afirmou ela. "Como tal, continuei a me identificar como transgênero – embora como não binário naquela época. Em minha mente, como já havia feito mudanças permanentes em meu corpo e percebi que sempre seria vista como 'estranha', pensei que eu poderia muito bem continuar."
"Não é tão fácil admitir para si mesma que você passou uma década de sua vida cometendo um erro", continuou Zacchigna. "É ainda mais difícil admitir isso para todos os outros."
Descobrindo o verdadeiro gênero
No início da pandemia de Covid-19, Zacchigna teve tempo para reflexão, o que lhe permitiu fazer uma "descoberta". Ela pediu a seus parentes que a chamassem novamente pelo seu nome de nascimento, e começou a aceitar quem ela é, identificando-se como mulher.
Embora ela tenha admitido que está começando a aceitar a aparência de seu corpo depois de passar por uma mastectomia dupla e histerectomia parcial eletivas, saber que agora não pode ter filhos é "devastador".
Zacchigna confessou que às vezes chora incessantemente pelo que aconteceu com ela.
A ex-trans alertou que a "abordagem única para a transição médica" expõe pessoas vulneráveis como ela a "trauma médico". Em relação à comunidade trans que a apoiou anteriormente, Zacchigna disse que aqueles que a defendem não parecem se importar com o "dano colateral".
O CASO CHLOÉ COLE
Este ano, a detransicionada Chloe Cole entrou formalmente com um processo contra uma rede de serviços e profissionais de saúde dos EUA. Cole acusa os réus de realizarem um "experimento de mudança de sexo mutilante e mimético" nela quando ela tinha apenas 13 anos.
Chloe Cole (Captura de tela: Twitter/Joseph A. Ladapo)
A adolescente vinha enfrentando diversos problemas de saúde mental, incluindo ansiedade e depressão, e começou a pensar em se identificar como homem após ver materiais na internet que encorajavam essa ideia.
Ela disse aos seus pais que queria fazer transição, e eles a levaram para obter ajuda médica.
De acordo com o processo, os médicos "imediatamente afirmaram Chloe em sua autodiagnosticada disforia de gênero", alertando os pais da menina de que ela corria risco de cometer suicídio se não fizesse a transição.
Devido ao estado de sua saúde mental, o processo destacou que Cole precisava de amor, cuidado, atenção e psicoterapia regular semanal, e não de hormônios de mudança de sexo e cirurgia mutiladora.
Após iniciar o "tratamento para disforia de gênero", o processo explicou que Cole começou a ter pensamentos suicidas após passar por uma mastectomia dupla para remover seus seios.
Como resultado da "experiência" dos médicos com a adolescente, de acordo com a ação, Cole agora sofre com “profundas feridas físicas e emocionais, arrependimentos severos e desconfiança do sistema médico”.
O CASO SOREN ALDACO
Aos 17 anos, Soren Aldaco enfrentou dificuldades com a autoimagem e vários problemas de saúde mental quando médicos a encorajaram a se identificar como o sexo oposto, conforme alega em um processo.
Soren Aldaco (Captura de tela: Fox News/Laura Ingraham "The Angle")
Agora com 21 anos, Aldaco apresentou uma reclamação na sexta-feira (21) no Tribunal do Distrito do Condado de Tarrant, no Texas, pedindo uma indenização por problemas de saúde após cirurgia de mudança de sexo.
A denúncia descreve os problemas que Aldaco enfrentou em sua adolescência, incluindo insegurança em relação ao seu corpo. Como ela passou pela puberdade mais cedo do que alguns de seus colegas e se sentia desconfortável, começou a pensar que poderia ser trans após conversar online com outras pessoas identificadas como transgênero.
Após um episódio com sua saúde mental, em dezembro de 2017, seus pais a internarem num hospital psiquiátrico no Texas. Um dos médicos supostamente insistiu para que Aldaco falasse sobre questões trans, apesar de a adolescente inicialmente ter pedido para não discutir o assunto.
De acordo com a denúncia, Aldaco, que na época tinha 15 anos, se sentiu pressionada a discutir seu desconforto com sua identidade de gênero com o médico. Segundo o processo, o profissional supostamente não revisou os registros existentes de saúde mental da adolescente antes de aconselhá-la a se identificar como trans.
Hormônios e terapias destrutivas
Em 2019, Aldaco começou a participar de um grupo de apoio para pessoas trans. Após uma consulta de 30 minutos, passou a receber testosterona. Segundo informou, o médico ignorou seus outros problemas de saúde mental antes de lhe fornecer uma receita de hormônios masculinos, nem a informou sobre os riscos de tomar hormônios.
Segundo o American College of Pediatricians, os efeitos colaterais dos bloqueadores da puberdade incluem "osteoporose, distúrbios do humor, convulsões, comprometimento cognitivo e, quando combinados com hormônios do sexo oposto, esterilidade".
Segundo o processo, mesmo quando Aldaco experimentando efeitos colaterais relacionados à ingestão de hormônios masculinos, o médico continuou a prescrevê-los para ela.
Apesar dos avisos de outro médico de que ela deveria parar de tomar hormônios masculinos, Aldaco ignorou outros conselhos médicos porque não era uma “afirmação de gênero”.
Outro réu citado no processo, o terapeuta da adolescente é acusado de fazer declarações falsas em uma carta recomendando que ela realizasse uma mastectomia dupla. O processo também acusou o terapeuta e os outros médicos de não determinar a “adequação” da menina para uma mastectomia dupla e de não revisar seus registros médicos.
Efeitos colaterais graves
Após a cirurgia, o médico responsável pela recuperação de Aldaco está sendo acusado de negligência. Aldaco alega que sentiu dor após a operação e enviou fotos ao médico mostrando seus mamilos "literalmente descascando do peito".
“Quando suas complicações pós-cirúrgicas de emergência surgiram, Soren imediatamente procurou o Dr. Santucci, que minimizou suas horríveis complicações e insistiu com ela que as complicações eram 'normais'”, diz o processo.
Aldaco foi obrigada a passar por uma cirurgia de emergência em Dallas, paga por ela mesma. O diretor da clínica concordou em reembolsar Aldaco no valor se ela concordasse em assinar um acordo de não divulgação, mas ela recusou.
Em novembro de 2021, Aldaco parou de tomar testosterona após realizar pesquisas por conta própria. O processo diz que ela sentiu que os médicos que a incentivaram a fazer a transição a submeteram a tratamentos experimentais.
O processo enfatizou que Aldaco precisava de um "médico imparcial" em seu momento de necessidade, e não um "ideólogo".
Como resultado de sua experiência, Aldaco percebeu que “nem a testosterona nem a mastectomia dupla a ajudaram a se sentir totalmente confortável em seu corpo”.
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