Nas noites de quinta-feira um grupo de pessoas do condado norte-americano de Cleveland se reúne para estudar a Bíblia. Inusitadamente, o encontro acontece no segundo andar do bar Newgrass Brewing Company, acompanhado de copos de cerveja artesanal.
"Muita gente acha que isso é um pecado", disse Paul Ditz, líder do grupo, apontando para sua cerveja enquanto conduz o tema de estudo da noite — o pecado. A ideia dos sete participantes da reunião "Cerveja e Bíblia" sobre o pecado era a mesma: para eles o álcool, incompreensivelmente, é sinônimo de santidade e consagração à Deus.
Os participantes vieram de diversas denominações cristãs, como as igrejas Episcopal, Presbiteriana, Batista e Metodista. Apesar das diferentes vertentes doutrinárias, Ditz explica que não houve problemas em encontrar um terreno comum. "Não há respostas erradas. Cada resposta é respeitada desde que você não ataque ninguém", disse Ditz.
A ideia de estudar a Bíblia acompanhada por cerveja não é nova. A Theology on tap (Teologia da Torneira, em tradução livre), como este tipo de estudo bíblico é mais conhecido nos EUA, é destaque entre as igrejas católicas e protestantes tradicionais, explica Ditz.
Cristãos podem beber?
Não há proibição quanto ao consumo de bebidas alcoólicas na Bíblia. O problema é que muitos crentes, ao descobrirem isto, estão começando a desfrutar uma taça de vinho ou uma cerveja livres de uma consciência culpada, segundo aponta Sandro Baggio em seu blog.
Baggio explica que a Bíblia deixa absolutamente claro que embriagar-se é pecado e que os bêbados não herdarão o Reino de Deus:
nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus (1 Coríntios 6:1 e Gálatas 5:19-21).
"Há diversas histórias na Bíblia sobre as consequências de embriagar-se, levando pessoas a cometerem uma série de delitos graves sob o efeito da bebida. Incesto, violência, adultério, pobreza, assassinato, depressão e loucura são alguns dos males relatados pela Bíblia que acompanham a embriaguez", relata.
"Como cristãos, deveríamos ser exemplos de responsabilidade com relação aos nossos hábitos de comida e bebida. Paulo alista abusos nesta área como obras da carne, coisas que estávamos sujeitos antes de conhecer a Cristo (Romanos 13.13-14). Em contraste, o fruto do Espírito é domínio próprio (moderação)", aponta.
Por isto, Baggio lembra que o apóstolo recomenda que, em vez de se embriagar com o vinho, devemos procurar estar cheios do Espírito Santo (Efésios 5.17-18). O apóstolo Pedro também advertiu seus leitores sobre certos abusos, que já não deveriam mais fazer parte da vida dos cristãos (1 Pedro 4.3). Tais advertências ecoam as palavras do próprio Senhor Jesus em Lucas 21:34.
"Tenham cuidado, para que os seus corações não fiquem carregados de libertinagem, bebedeira e ansiedades da vida, e aquele dia venha sobre vocês inesperadamente", alerta Baggio.