Governador Valadares, em Minas Gerais, continua enfrentando os estragos causados pela lama um mês após a tragédia. Localizado a 300 km de Bento Rodrigues, o município foi inundado pela tsunami de rejeitos da barragem da mineradora Samarco, controlada pela Vale, a maior mineradora do Brasil, e pela australiana BHP (a maior do mundo).
“Agradecemos a cada pessoa que participou desta arrecadação, e já estamos planejando uma nova campanha, onde já temos mais 500kg em água mineral”, afirma o pastor Shalon.
O grupo arrecadou 2,5 toneladas de água mineral para ajudar a população mineira. (Foto: Reprodução/ Itu)
O outro lado
Enquanto pessoas e comunidades se organizam para ajudar as vítimas do lamaçal, o abastecimento de água feito pela mineradora, de acordo com decisão judicial, tem gerado insatisfação.
Uma semana depois da tragédia, a captação começou a ser retomada, mas grande parte dos moradores ainda não se sente segura para utilizar a água.
Uma decisão judicial determinou que a Samarco forneça à população 550 mil litros de água potável por dia. Por isto, segundo a Prefeitura, a água mineral tem sido distribuída ainda, mesmo com a volta do abastecimento da água tratada.
No entanto, pessoas como a comerciante Daiana dos Reis, de 31 anos, tem vivido dias de angústia. Ela conta que as filas nos centros de distribuição de água viram o quarteirão diariamente. "Na semana passada fui para a fila às 8h30 e só consegui pegar as garrafas às 16h, não consegui nem ir trabalhar. Passei o dia inteiro ali, é um absurdo", afirma.
Segundo Daiana, há dias que mais de 2.000 pessoas precisam ir buscar água potável em um mesmo posto de distribuição. "Não há uma organização e muito menos filas preferenciais para idosos, grávidas, e mulheres com crianças. O certo seria essa água chegar nas nossas casas".
A cidade de Alpercata, a cerca de 16 km de Governador Valadares, vive o mesmo drama. Cada morador pode recolher nos centros de distribuição apenas 6 garrafas de 1 litro e meio. As filas também dobram o quarteirão.
"Tem gente que fica das 9h até de noite esperando. Quando o caminhão chega, é um tumulto, um desespero. Sem essa água potável não podemos nem cozinhar, não há outra opção, precisamos esperar", conta a enfermeira Janete Inácio Oliveira, de 29 anos.
Mãe de uma menina de 9 anos, Janete afirma que muitas crianças têm apresentado náuseas, vômito e irritação na pele pelo contato com água da torneira. "Minha filha mesmo teve diarreia na semana passada, claro que tem ligação com essa água que ela é obrigada a tomar banho", reclama.
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