Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, estava participando de uma aula de educação física na Escola Municipal Daniel Piza, na Pavuna, na Zona Norte do Rio de Janeiro, quando foi baleada, em março deste ano.
A adolescente, que cursava o 7º ano do ensino fundamental, foi atingida enquanto acontecia um confronto entre policiais e bandidos no conjunto habitacional Fazenda Botafogo, na Avenida Professora Sá Lessa, próximo ao colégio.
Mesmo em meio à dor, a mãe da garota, Rosilene Alves Ferreira, tem encontrado um caminho para se recuperar: “Jesus, Deus”, disse ela em entrevista ao Extra.
“Estou caminhando, congregando lá em cima com a pastora. Se eu me entregar, se eu deitar, eu morro. Ela era minha caçula. Não está fácil. Estou me esforçando para meu pé continuar no chão”, afirmou.
Habilidosa no basquete, Maria Eduarda sonhava em se tornar atleta profissional e se preparava para isso na escola. Em 2015 e 2016, ela colecionou medalhas em competições estudantis do Rio.
“O sonho dela era me tirar daqui. Ela falava: ‘Mamãe, vou jogar na Suíça’. Não chegou a jogar, mas o nome dela chegou na Suíça. Ela impactou os quatro cantos do mundo”, comenta a mãe.
“Ela teve um sonho, antes de morrer, em que ia para os braços de Deus. Ela contou para outra missionária. Não me contou para me poupar, porque entendo as coisas de Deus”, acrescentou.
Rosilene encara a morte da filha com os olhos da fé. “Ela era escolhida do Senhor, e o Senhor colheu. Assim, lá na frente eu não vou sofrer. Eu tenho certeza que ela está na glória do Senhor. Muita gente está sonhando com ela e me disseram que ela está bem. Isso me conforta”, afirmou.
“A missionária me disse que eu só vou sonhar com a Maria quando eu parar de chorar. E eu ainda não parei”, disse Rosilene.
A organização não governamental Rio de Paz acompanhou a família de Maria Eduarda no Instituto Médico-Legal e ofereceu apoio jurídico, segundo a Agência Brasil. Segundo o pastor e presidente da ONG, Antônio Carlos Costa, 33 crianças e adolescentes de até 14 anos foram mortos desde 2007 por bala perdida no Rio de Janeiro.
“Em geral, são crianças pobres, moradoras de favelas, de comunidades nas quais habitam pessoas historicamente invisíveis. Na maioria esmagadora das vezes, essas mortes ocorrem durante operações policiais, em tiroteios”, avalia Costa.
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