Um novo relatório da UNICEF alertou que as mulheres nigerianas libertas que haviam sido capturadas pelo Boko Haram estão sendo rejeitadas por suas comunidades, ao lado de seus filhos, devido ao estigma social.
"À medida que elas retornam, muitas enfrentam a marginalização, discriminação e rejeição por parte de membros de suas próprias famílias e da comunidade, devido a normas sociais e culturais, relacionadas à violência sexual", informa o relatório de 28 páginas, falando sobre as mulheres que acabam sendo libertas do domínio do Boko Haram.
"Há também o medo crescente de que algumas dessas meninas e mulheres sejam radicalizadas em cativeiro. As crianças que nasceram da violência sexual correm um risco ainda maior de sofrerem rejeição, abandono e violência".
O Boko Haram - um grupo terrorista islâmico que travado uma verdadeira guerra sobre a Nigéria por cerca de seis anos - raptou milhares de mulheres e crianças, forçando muitas delas a se casar com seus combatentes e viverem sob regime de escravidão sexual.
Um dos casos de sequestro mais famosos que envolve o Boko Haram diz respeito às mais de 200 estudantes cristãs, raptadas em abril de 2014, na cidade de Chibok, que tem sido alvo de repetidos ataques e assassinatos em massa.
As Forças Armadas nigerianas têm tentado expulsar o Boko Haram do país e, apesar de ter resgatado um grande número de homens, mulheres e crianças raptados; muitos outros - incluindo as meninas de Chibok - permanecem em cativeiro ou desaparecidos.
O relatório da UNICEF salienta, no entanto, que muitas das vítimas são evitadas por suas comunidades, por causa da violência sexual que elas sofreram.
O relatório acrescentou, no entanto, que há a possibilidade também que muitas mulheres tenham sido radicalizadas (doutrinadas) pelo Boko Haram, apontando para a grande quantidade de atentados suicidas em nome do grupo terrorista, que foram realizados por mulheres nos últimos meses.
"A rejeição e revitimização de mulheres, meninas e os seus filhos, bem como os seus bebês ainda por nascer, precisa ser compreendida no contexto da insurreição em curso", afirma o relatório.
"Muitas pessoas vêem estas mulheres, meninas e os seus filhos como uma ameaça direta, temendo que elas tenham sido doutrinadas e radicalizadas pelo JAS", acrescentou, usando uma sigla alternativa para se referir ao Boko Haram.
Isso também se mistura à percepção de que os filhos que são frutos dos estupros cometidos por combatentes do Boko Haram em suas mães carregam consigo as características violentas de seus pais biológicos.
"Muitos percebem essas vítimas de conflitos como sendo parcialmente responsáveis pela violência e perdas sofridas por comunidades inteiras durante a insurgência", alertou o grupo de Direitos Humanos.
"Como resultado, as crianças e recém-nascidos, bem como as suas mães estão sendo cada vez mais condenados ao ostracismo e correm o risco de sofrerem com mais violência".
Enquanto isso, o Presidente Muhammadu Buhari relançou a investigação sobre as 219 estudantes sequestradas Chibok. As famílias das meninas desaparecidas exigem mais empenho do governo.
"Posso garantir que eu vou para a cama e acordo todos os dias com as meninas de Chibok em minha mente", disse o presidente Buhari, após uma reunião com os pais no início deste ano.
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