Maioria das crianças mortas no RS foram assassinadas pelos pais

Na última década, a maior parte das vítimas de infanticídio foi morta na própria casa, em contexto de violência familiar, segundo uma análise do jornal Zero Hora.

Fonte: Guiame, com informações de GZHAtualizado: terça-feira, 8 de abril de 2025 às 19:46
Theo, de 5 anos, foi jogado de uma ponta pelo pai no RS. (Foto: Imagem ilustrativa/Reprodução/YouTube/Brasil Urgente).
Theo, de 5 anos, foi jogado de uma ponta pelo pai no RS. (Foto: Imagem ilustrativa/Reprodução/YouTube/Brasil Urgente).

O caso recente de um pai que jogou o próprio filho, Théo, de 5 anos, do alto de uma ponte em São Gabriel (RS) em vingança contra a ex-esposa, chocou o Brasil.

O crime foi apenas um dos vários casos de infanticídios cometidos pelos pais no estado gaúcho. Uma análise do jornal Zero Hora (ZH) descobriu um aumento da violência contra crianças dentro da própria casa.

O estudo mapeou 153 assassinatos de menores de até 12 anos no Rio Grande do Sul, nos últimos 10 anos. A maioria das vítimas, ao menos 70, teve a vida tirada pelos próprios pais, de acordo com os dados das investigações policiais.

As mães foram as que mais mataram, somando 41 crimes, seguidas pelos pais (18 casos). Em 11 crimes, ambos mães e pais foram indiciados como autores da morte dos filhos.

Já padastros e madrastas foram responsáveis por 19 assassinatos de enteados. Outros familiares foram autores em ao menos nove casos.

Mortos na própria casa

A análise ainda revelou que a maior parte das crianças mortas foram assassinadas dentro das próprias casas, o lugar onde deveria estar mais protegida. Das 153 vítimas, 111 foram mortas em suas residências.

Enquanto o número de crianças vítimas de casos de violência urbana – como balas perdidas e execução do crime organizado – diminuiu, a porcentagem de crianças vítimas da violência familiar aumentou. 

De 2015 a 2017, cerca de 40% dos assassinatos de crianças no RS foram cometidos por familiares. Esse número saltou para 70% em 2024, conforme o estudo da Zero Hora.

“Esses casos realmente têm se disseminado de maneira rápida. Esse tema precisa vir para o debate”, defeneu a promotora de Justiça do Rio Grande do Norte Erica Veras, que veio ao estado gaúcho na semana passada para participar de um evento sobre violência doméstica familiar.

Segundo o mapeamento, a maioria das vítimas foram crianças pequenas. Das 153 mortas, 92 tinham até cinco anos de idade. Já 50 vítimas foram bebês com menos de 2 anos. A maior parte foi assassinada com arma de fogo, seguido por casos de agressões, asfixia e facadas.

“A violência contra as crianças e adolescentes dentro das famílias é um fenômeno multifatorial complexo, onde existe uma garantia do silêncio. As crianças, por vezes, sequer se entendem como vítimas. Isso vai causando um sofrimento psíquico muito grande. É fundamental interromper o ciclo da violência. É necessário investir na qualificação dos sistemas de informação. Tem muita subnotificação, mesmo na violência que deixa marcas, e muitas vezes é ignorada nos espaços públicos, nas escolas”, comentou Fabio Vieira Heerdt, juiz do 2º Juizado Regional da Infância e Juventude de Porto Alegre, à ZH.

O pastor Edmilson Ferreira Mendes lembrou que Jesus disse que o esfriamento do amor seria um sinal do fim dos tempos, que antecede sua segunda volta.

“É incrível como as palavras de Cristo estão se realizando bem diante de nossos olhos. No fim dos tempos, disse Ele, teríamos um gigantesco esfriamento do amor como resultado da multiplicação do pecado. Esse tempo chegou, ameaça, assusta, chegamos a ficar sem ação diante do caos incontrolável que se apresenta a cada dia”, comentou ele, em artigo em sua coluna no Guiame.

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