Cumprindo ordens das autoridades do Partido Comunista, os médicos da China já realizaram mais de 330 milhões de abortos desde que o governo começou sua política de "planejamento familiar" em 1971, de acordo com estatísticas oficiais do governo obtidas pela agência de notícias 'Financial Times'.
Tem havido muitas controvérsias e debates, desde que a política chinesa de apenas um filho por casal foi lançada. Muitas cirurgias de esterilização e abortos forçados acabaram sendo realizados.
Cristãos e outros ativistas de direitos humanos têm criticado a política adotada pelo governo chinês e os cidadãos que se recusam em aceitar tais regras acabam pagando um alto preço, incluindo a prisão sob ordens das autoridades.
A regra de um filho, com exceções para as minorias étnicas e algumas famílias rurais, foi oficialmente lançada em 1979.
Desde o início dos anos 70, os médicos realizaram 336 milhões de abortos e 196 milhões de procedimentos de esterilização, revelam os dados. Eles também inseriram 403 milhões de dispositivos intra-uterinos, um método comum de controle de natalidade no Ocidente, mas que as autoridades chinesas muitas vezes obrigaram as mulheres a aceitarem, de acordo com o Financial Times.
O governo estimou que sem a 'política do filho único', a população seria 30% maior.
Nos Estados Unidos - que tem cerca de um quarto do tamanho da China - aproximadamente 50 milhões de abortos foram realizados desde a legalização da prática após a decisão 'Roe vs Wade' na Suprema Corte legalizou, em 1973.
Todos os anos, os médicos chineses abortam 7 milhões de bebês, esterilizam quase 2 milhões de homens e mulheres e inserem 7 milhões de dispositivos intra-uterinos, segundo dados do governo.
Alguns economistas dizem que a política de planejamento familiar vai sufocar cada vez mais o crescimento econômico.
"Isso faz com que a população da China se pareça mais com um país desenvolvido do que com um país em desenvolvimento, que é uma desvantagem fundamental para as indústrias de mão-de-obra intensiva", disse Ken Peng, economista do 'BNP Paribas'.
As restrições de nascimento têm levado a um desequilíbrio entre homens e mulheres, com a maioria das famílias dando preferência aos filhos do sexo masculino. Como resultado disso, muitos bebês do sexo feminino são assassinados ainda no útero. Atualmente, o número de homens supera em 34 milhões o de mulheres na China, o que pode favorecer às políticas militares do país.
Durante uma sessão recente do parlamento chinês, o governo fundiu a comissão que impõe a política de uma criança com o ministério da saúde. Alguns dizem que isso poderia sinalizar um afastamento da dura execução dos controles de natalidade.
"Após a reestruturação ministerial, o poder da unidade de planejamento familiar será reduzido", disse o demógrafo chinês He Yafu ao 'Financial Times'. "Não terá a capacidade de projetar políticas e terá menos voz na estratégia de população do país".
Uma possível mudança nas regras de planejamento familiar seria permitir que os pais de filhos únicos tivessem mais uma criança. "A política está sendo julgada em poucas cidades", acrescentou o pesquisador.
Mas as vozes que defendem a remoção da política também estão encontrando oposição. "A idéia de aliviar o problema do envelhecimento aumentando a taxa de fertilidade é como beber veneno para saciar a sede", disse Yang Yuxue, chefe da unidade de planejamento familiar ao 'Financial Times'.
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