Morte de comandante do Irã e conflito com os EUA podem afetar os cristãos no Iraque

Irã prometeu vingança contra EUA e Israel após a morte do general Qassem Soleimani, principal figura de inteligência militar do país.

Fonte: Guiame, com informações do G1, Reuters e ICCAtualizado: sexta-feira, 3 de janeiro de 2020 às 15:58
Manifestantes protestam no Irã contra a morte do general Qassem Soleimani no Iraque. (Foto: West Asia News Agency/Nazanin Tabatabaee via Reuters)
Manifestantes protestam no Irã contra a morte do general Qassem Soleimani no Iraque. (Foto: West Asia News Agency/Nazanin Tabatabaee via Reuters)

O Irã prometeu uma vingança severa nesta sexta-feira (3), depois que um ataque aéreo dos EUA em Bagdá matou Qassem Soleimani, chefe de uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã e arquiteto de sua crescente influência militar no Oriente Médio.

O general Soleimani tinha 62 anos e era considerado a segunda figura mais poderosa do Irã, depois do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.

O Pentágono disse que a ordem do ataque partiu do presidente Donald Trump, a fim de deter planos de futuros ataques iranianos.

No Twitter, Trump disse que Soleimani “matou e feriu gravemente milhares de americanos por um longo tempo e planejava matar muitos mais”.

O bombardeio, que ocorreu no Aeroporto Internacional de Bagdá, também matou Abu Mahdi al-Muhandis, chefe das Forças de Mobilização Popular do Iraque, milícia apoiada pelo Irã.

Khamenei disse que a morte de Soleimani irá dobrar a resistência contra os EUA e Israel. “Todos os inimigos devem saber que a jihad de resistência continuará com uma motivação dobrada, e uma vitória definitiva aguarda os combatentes na guerra santa”, disse Khamenei em comunicado divulgado pela TV.

Israel colocou seu exército em alerta máximo e, aliados dos EUA na Europa, como Grã-Bretanha, França e Alemanha, manifestaram preocupação com a escalada das tensões.

A embaixada dos EUA em Bagdá pediu a todos os cidadãos americanos que deixassem o Iraque imediatamente. Dezenas de americanos que trabalham para empresas petrolíferas estrangeiras na cidade de Basra, no sul do Iraque, estavam deixando o país.

Os preços do petróleo saltaram mais de US$ 3 por barril devido à preocupação com a interrupção do fornecimento no Oriente Médio.


Qassem Soleimani, chefe da Guarda Revolucionária Iraniana, em foto de 2016. (Foto: Gabinete do Líder Supremo Iraniano via AP)

As mortes ocorrem em meio a uma escalada de tensão entre os dois países. Na semana passada, um funcionário americano morreu em um bombardeio com foguetes. Na terça (31), milicianos iraquianos invadiram a embaixada dos EUA em Bagdá. O Pentágono afirmou que Soleimani teria aprovado os ataques à embaixada.

Cristãos em meio aos conflitos

De acordo com a organização International Christian Concern (ICC),  as Forças de Mobilização Popular do Iraque — milícias apoiadas pelos iranianos — ajudaram a derrotar o Estado Islâmico no Iraque, mas têm desenvolvido uma reputação de corrupção e abusos dos direitos humanos.

“Dentro do Iraque, nas Planícies de Nínive, eles tomaram o lugar do Estado Islâmico na perseguição aos cristãos”, informou a ICC.

Claire Evans, gerente regional da ICC para o Oriente Médio, disse a morte dos líderes iranianos pode iniciar “uma nova década” para o Oriente Médio. “As consequências regionais são consideráveis e afetam todos os lugares. Para os cristãos iraquianos que já sentiram o peso da agressão da milícia, as implicações desses ataques provocam um mix de emoções. Muitos aguardam com uma expectativa temerosa para ver o que o futuro aguarda”.

“Eu não estou feliz pelo assassinato de al-Muhandis e Soleimani porque eu sei que toda ação tem reação”, disse uma cristã iraquiana à ICC. “Há resultados políticos para o incidente e tudo ficará no Iraque. Os iraquianos vão sofrer com uma possível guerra entre os EUA e Irã. Espero não perder mais amigos e parentes devido à guerra”.

Outro iraquiano cristão acrescentou: “Isso deveria ter sido feito anos atrás. Eu sei que os EUA esperaram muito tempo para ter uma boa razão para alvejá-los. Os EUA nunca poderiam ter feito isso a menos que eles visassem a embaixada. Mas nós devemos considerar a quantidade de armas que essas milícias têm antes de cometer um grande crime como esse. A milícia vai ficar com raiva e usar suas armas para se vingar, mas haverá mais vítimas e pessoas inocentes mortas”.

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