"O diálogo entre as religiões não é um luxo, é essencial", diz Papa Francisco

As divisões entre muçulmanos e cristãos é um dos principais temas de sua primeira viagem ao continente africano. "Como pessoas de um só Deus e deste mundo, nós devemos nos levantar em uníssono", disse o papa.

Fonte: Guiame, com informações do Christian TodayAtualizado: quinta-feira, 26 de novembro de 2015 às 13:32
Papa Francisco cumprimenta o presidente queniano, Uhuru Kenyatta, em sua primeira viagem à África (Foto: AP)
Papa Francisco cumprimenta o presidente queniano, Uhuru Kenyatta, em sua primeira viagem à África (Foto: AP)

O Papa Francisco disse nesta quinta-feira, em sua visita ao Quênia, que tem visto uma onda de ataques, liderados por militantes islâmicos e que "o diálogo entre as religiões na África era essencial para ensinar os jovens que a violência em nome de Deus era injustificada".

As divisões entre muçulmanos e cristãos é um dos principais temas de sua primeira viagem ao continente africano, a qual também o levará para o Uganda - que como o Quênia, tem visto uma série de ataques islâmicos - e à República Centro Africana, dilacerada por conflitos sectários.

Começando seu primeiro dia na capital queniana, Francisco conheceu muçulmanos e outros líderes religiosos antes de ministrar uma missa ao ar livre para dezenas de milhares de pessoas, que mesmo encharcadas pela chuva, cantaram e dançaram, enquanto ele chegava em um papamóvel aberto.

"Muitas vezes, os jovens estão sendo radicalizados em nome da religião para semear a discórdia e medo, e para desestruturar as nossas sociedades", disse ele para cerca de 25 líderes religiosos.

"O diálogo inter-religioso não é um luxo. Não é algo extra ou opcional, mas é essencial", disse ele, sublinhando que o nome de Deus "nunca deve ser usado para justificar o ódio e a violência".

Ele se referiu ao ano de 2013, quando o ocorreu o ataque da organização extremista 'Al Shabaab' (Somália) ao centro comercial de Westgate, em Nairobi e o massacre deste ano na Universidade de Garissa. Centenas de pessoas foram mortas nos últimos dois anos ou mais, com os cristãos, por muitas vezes sendo alvos de homens armados.

O presidente do Conselho Supremo dos Muçulmanos no Quênia, Abdulghafur El-Busaidy, também fez um apelo, pedindo por mais cooperação e tolerância.

"Como pessoas de um só Deus e deste mundo, nós devemos nos levantar em uníssono", disse o papa.

A viagem de Francisco pela África também está buscando avaliar o rápido crescimento da população católica do continente, com o número de católicos africanos devendo atingir cerca de meio bilhão até 2050.

Um terço das do Quênia (45 milhões de pessoas) é de católicos. Dezenas de milhares deles se reuniram debaixo de uma forte chuva, antes do amanhecer para assistir à missa ao ar livre, ministrada pelo papa, no centro de Nairobi.

Em sua homilia na Missa, Francisco pediu aos fiéis "que resistam às práticas que promovem a arrogância entre os homens", falando para uma nação sacudida por uma série de escândalos de corrupção.

O presidente Uhuru Kenyatta - católico confesso que esteve presente na missa - reformulou seu gabinete nesta semana, depois de vários ministros se demitiram, devido a denúncias de corrupção.

Milhares de policiais, alguns montados em cavalos, foram posicionados em locais estratégicis de Nairobim para proteger o papa e controlar as multidões.


Discurso
Em missão de paz e com a proposta inicial de levar uma mensagem de esperança a países assolados pela violência, corrupção e também perseguição religiosa, Francisco chega com um proposta, que aparenta ser realmente a solução: "o diálogo inter-religioso" e o "levante dos povos e nações como povos de um só Deus".

Porém, mesmo que esta proposta seja um sinal de esperança para muitos, também faz com que outros questionamentos surjam nas mentes de tantos outros, como: até onde este "diálogo inter-religioso" - o qual muitas vezes acaba se confundindo com algum tipo de união - iria preservar que verdades essenciais continuem sendo pregadas?

Teólogos de diversas linhas continuam a discutir as os benefícios e os perigos deste "diálogo" e do ecumenismo. Entre os fatores de alerta, estão até mesmo interpretações que relacionam esta proposta a sinais escatológicos, que incluem tempos de paz e de um governo unificado.

 

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