Parlamentares cristãos se dividem com relação à intervenção militar britânica na Síria

O Governo publicou um comunicado na tarde de terça-feira (1), no qual convida os parlamentares para votar a proposta na próxima quarta-feira à noite. O plano de 12 pontos foi aprovado pelo gabinete esta manhã e afirma que o grupo terrorista representa uma "ameaça direta" para o Reino Unido e insiste que há uma base jurídica para os ataques aéreos.

Fonte: Guiame, com informações do Christian TodayAtualizado: terça-feira, 1 de dezembro de 2015 às 20:11
Primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron lançou uma proposta para o parlamento britânico, que visa aprovar o ingresso das forças britânicas nos ataques ao Estado Islâmico, na Síria.
Primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron lançou uma proposta para o parlamento britânico, que visa aprovar o ingresso das forças britânicas nos ataques ao Estado Islâmico, na Síria.

Os parlamentares cristãos britânicos estão divididos sobre a decisão de apoiar ataques aéreos britânicos contra o Estado Islâmico na Síria.

O Governo publicou um comunicado na tarde de terça-feira (1), no qual convida os parlamentares para votar a proposta na próxima quarta-feira à noite. O plano de 12 pontos foi aprovado pelo gabinete esta manhã e afirma que o grupo terrorista representa uma "ameaça direta" para o Reino Unido e insiste que há uma base jurídica para os ataques aéreos.

Por volta das 22h de amanhã (horário local), os deputados serão convidados a apoiar "o governo de sua majestade em tomar uma ação militar, especificamente ataques aéreos, contra o Estado Islâmico na Síria".

Acredita-se que a maioria dos conservadores vai apoiar os ataques aéreos e a maioria dos liberais devem se opor. No entanto rebeliões consideráveis, principalmente entre deputados trabalhistas podem inclinar o voto desta ala em favor dos ataques aéreos. Os liberais democratas, liderados por Tim Farron, disseram que há "discussões em curso" e não decidiram decidido como eles vão votar. Da mesma forma, o Partido Nacional Escocês (SNP) também deixa dúvidas sobre o seu voto.

Segundo relatos do 'Christian Today', os parlamentares cristãos estão divididos sobre a questão.

Gavin Shuker e David Lammy, dois deputados do Partido Trabalhista Cristão foram claros em expressar sua oposição de ataques aéreos.

Representante de Tottenham, Lammy disse que não é "um ideólogo instintivo ou um pacifista", mas não acha que ele tenha ouvido um "argumento convincente" para fazer uso da ação militar.

Em um comunicado, ele argumentou: "há uma preocupante falta de estratégia" após a intervenção militar e disse que "os ataques aéreos irão prejudicar civis e podem servir como uma ferramenta-chave para o recrutamento do EI".

Em última análise, ele disse que "ataques militares vão aprofundar o vácuo de poder na Síria, que tem permitido ao Estado Islâmico, espalhar sua ideologia odiosa".

Lammy recebeu o apoio de seu companheiro do mesmo partido, Gavin Shuker, que disse que "não pode imaginar uma circunstância em que apoiaria uma ação militar na Síria".

No entanto Ben Bradshaw, outro parlamentar cristão da ala liberal disse que está inclinado a apoiar o ingresso do Reino Unido nos ataques aéreos, "estendendo a sua ação existente contra o EI na Síria".

Embora Bradshaw não tenha confirmado sua intenção de voto no momento da escrita, é provável que ele vote a favor dos ataques aéreos e seja um dos 50 deputados trabalhistas previstos para ir contra a vontade de Jeremy Corbyn.

Bradshaw argumentou que "o EI é uma ameaça real e presente para a Grã-Bretanha" e a incapacidade de intervir militarmente na Síria "levou à pior crise humanitária e de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, com metade da população síria morta ou deslocada".

"Ninguém está ganhando nada com isso e milhões de civis inocentes na Síria estão sofrendo. Os nossos esforços devem ser centrados na reconciliação, em vez de disparar alguns mísseis para aplacar consciências internacionais", disse o católico confesso e parlamentar, Stephen McPartland.

Mas Jeremy Lefroy, o deputado conservador para Stafford afirmou que "apoia plenamente" o plano do primeiro-ministro para estender ataques aéreos britânicos contra o Estado Islâmico na Síria.

David Burrowes, outro parlamentar cristão do partido conservador 'Tory' também expressou seu apoio à proposta dos ataques aéreos e disse que concorda com a posição de David Cameron.

A divisão de opinião entre parlamentares cristãos também reflete opiniões contrastantes na igreja. A Igreja da Inglaterra aprovou por unanimidade uma moção que implicou no apoio à ação militar, com o arcebispo Justin Welby acrescentando que o conflito armado era "quase inevitável" para derrotar o Estado Islâmico.

No entanto, o arcebispo da Igreja de Gales - que é separada da Igreja da Inglaterra, mas faz parte da Comunhão Anglicana - pediu que os deputados se opusessem à proposta e advertiu que "não há argumento moral para bombardear a Síria".

"É óbvio", disse ele, "que mesmo em um argumento de guerra justa, um caso moral clara para bombardear a Síria não pode ser avançado".

No entanto, muitos deputados continuam indecisos e vão noite adentro para tomar esta decisão em conjunto. Deputada conservadora de Congleton, Fiona Bruce se recusou a comentar confirmar seu voto (contra ou favor), mas disse que "a segurança" de seus eleitores permanece sendo a sua principal preocupação.

"Eu acredito que é importante que eu mais cuidadosamente ouça e considere todos os argumentos e pontos de vista sobre esta questão, incluindo os de meus eleitores, e isso eu estou fazendo na corrida até esta votação", disse ela ao 'Christian Today'.

 

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