Os alemães foram às urnas neste domingo (26) para escolher os representantes do 20° Bundestag (Parlamento) do período pós-Guerra, além do sucessor da chanceler Angela Merkel. Em disputa acirrada, os social-democratas de centro-esquerda da Alemanha venceram por uma pequena margem os da União Democrática Cristã (CDU/CSU), partido de Merkel.
No entanto, nenhum partido conquistou maioria no Parlamento alemão. Com isso, as próximas semanas serão dominadas por debates entre os principais partidos alemães para formação de uma coalizão de governo.
As negociações podem durar semanas e acredita-se que um novo governo possa vir a ser formado só no Natal. Nesse período, a chanceler Angela Merkel continuará governando o país.
O líder do partido social-democrata (SDP, na sigla em alemão), Olaf Scholz, diz que ganhou nas urnas um respaldo claro para formar um governo, mas seu rival conservador, Armin Laschet, da União Democrática Cristã (CDU/CSU), está determinado a continuar lutando. Existe a possibilidade de Scholz não conseguir formar uma coalizão, e até mesmo de partidos menores se unirem a Laschet, que ficou em segundo lugar nas urnas.
O partido social-democrata de Olaf Scholz foi o mais votado na Alemanha. (Foto: Reprodução / Reuters)
O dois partidos governam a Alemanha juntos há anos, mas é improvável que continuem em coalizão agora.
Espera-se que partidos que chegaram em terceiro e quarto lugar — o Partido Verde e o liberal FDP (Partido Liberal Democrático), respectivamente — tenham um papel importante na formação de uma nova coalizão.
Os dois partidos foram os que mais receberam o apoio dos eleitores com menos de 30 anos, em uma eleição dominada por debates sobre aquecimento global. Os representantes do Partido Verde tiveram uma votação histórica, com quase 15% dos votos, mas ainda muito abaixo das ambições do partido.
Disputa acirrada
Essa foi a disputa eleitoral mais acirrada dos últimos anos, encerrando a dominação pós-guerra dos dois grandes partidos — o SPD de Scholz e a conservadora União Democrática Cristã (CDU/CSU) de Laschet e Merkel. A centro-esquerda teve uma melhora significativa em relação à última eleição. Já os conservadores tiveram o pior desempenho de sua história.
Logo após o término da votação, pesquisas de boca-de-urna previram um empate entre o SPD e a CDU/CSU. Mas ao longo da noite, a contagem de votos revelou a vitória do SPD por uma pequena margem, de 25,7% contra 24,1%.
A tarefa do novo chanceler da Alemanha é liderar a economia mais importante da Europa nos próximos quatro anos, com as mudanças climáticas no topo da agenda dos eleitores.
A noite começou com os partidários de Scholz o saudando em êxtase. Mas foi só mais tarde, quando seu partido assumiu a liderança na contagem de votos, que ele foi à televisão declarar que os eleitores haviam lhe dado a tarefa de formar um "governo bom e pragmático para a Alemanha".
Seu rival conservador, Armin Laschet, respondeu, argumentando que se tratava de formar uma coalizão, e não de obter "uma maioria aritmética". Em outras palavras, na visão dos conservadores, o SPD não está no poder ainda.
O secretário-geral da CDU/CSU, Paul Ziemiak, não escondeu a decepção com a derrota na manhã desta segunda-feira (27/09), mas disse que esse não era o ponto mais importante neste momento: "No final, a questão é: você consegue criar um projeto genuíno para o futuro?"
A imprensa alemã destacou o resultado pouco conclusivo das urnas de domingo.
"Dois quase-chanceleres e dois reis" — foi uma das manchetes que resumiu o resultado um tanto desconexo da noite de domingo.
Coalizão
Não são apenas os social-democratas e os líderes conservadores que lutam pelo poder. Os dois principais partidos passíveis de entrar em uma coalizão — os verdes e os liberais — estão abertos a ofertas.
Juntos, os liberais e os verdes representam mais de um quarto dos votos — suficiente para colocar qualquer um dos dois grandes partidos no poder.
Os verdes e os liberais podem até ser populares entre os eleitores mais jovens, mas uni-los em uma coalizão será uma tarefa política difícil.
A líder do Partido Verde, Annalena Baerbock, quer afrouxar o teto da dívida pública da Alemanha, permitindo maiores gastos governamentais. Já o líder do Partido Liberal Democrático, Christian Lindner, é fortemente contra ideias "de aumento de impostos ou suavização do teto da dívida".
Na Alemanha, analistas acreditam que diversas combinações diferentes de coalizões serão negociadas nas próximas semanas. Cada possibilidade de coalizão recebe um nome diferente, de acordo com as cores dos partidos políticos envolvidos.
Uma das possibilidades de aliança é a chamada "coalizão de semáforos", formada pelas cores dos partidos — vermelho (SPD), amarelo (FDP) e verde (Partido Verde). Outra delas é conhecida como "Jamaica", por ter as mesmas cores da bandeira jamaicana — preto (CDU), amarelo (FDP) e verde.
Essa seria a primeira vez que a Alemanha teria uma coalizão tripartite, mas o futuro é incerto.
Olhando além dos quatro maiores partidos, foi uma noite ruim para o partido da esquerda radical (Die Linke, ou A Esquerda) e uma noite irregular para a sigla de extrema direita (Alternative für Deutschland, ou AfD).
O Die Linke ficou abaixo do limite de 5% exigido para ingressar no Parlamento, mas sobreviveu no sistema eleitoral porque garantiu três mandatos diretos.
E embora a votação dos direitistas da AfD pareça ter caído nacionalmente, a sigla foi a mais votada em dois Estados do leste da Alemanha, a Saxônia e a Turíngia.
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