Por que a oração do rei Charles com o papa marca um gesto histórico desde a Reforma?

Junto com a rainha Camila, o monarca britânico participou de uma missa pública na Capela Sistina, na quinta-feira (23).

Fonte: Guiame, com informações de The Christian e The GuardianAtualizado: sexta-feira, 24 de outubro de 2025 às 16:02
Rei Charles e o papa Leão na missa no Vaticano. (Foto: Reprodução/The Royal Family Channel).
Rei Charles e o papa Leão na missa no Vaticano. (Foto: Reprodução/The Royal Family Channel).

O rei Charles rezou com o papa Leão XIV no Vaticano, na quinta-feira (23), em um momento histórico entre a Igreja da Inglaterra e a Igreja Católica.

É a primeira vez que um monarca britânico participa de uma missa pública com um papa desde que o rei Henrique VIII se separou de Roma em 1534 e a Igreja Anglicana foi criada.

O rei Charles e a rainha Camilla participaram do culto ecumênico na Capela Sistina, que contou com elementos católicos e anglicanos na liturgia.

Junto com o papa Leão, o arcebispo de York, Stephen Cottrell, também conduziu a missa. 

Hinos foram cantados pelo coro da Capela Sistina e por dois coros reais da Igreja da Inglaterra: o coro da Capela de São Jorge do Castelo de Windsor e o coro infantil da Capela Real do Palácio de St. James.

Segundo o The Guardian, a participação do rei britânico na missa com o papa foi um passo simbólico na reconciliação entre as igrejas Católica e Anglicana desde a ruptura provocada a partir da Reforma Protestante, que se manifestou politicamente na Inglaterra quando o rei Henrique VIII rompeu com Roma, depois que o papa se recusou a anular um de seus seis casamentos.

Durante a visita dos monarcas ao Vaticano, Charles e Camila também visitaram a Basílica de São Paulo Fora dos Muros. No local, o rei britânico recebeu o título de "confrade real" da abadia; que é um reconhecimento de comunhão espiritual.

"Há uma forte sensação de que este momento no cenário extraordinário da Capela Sistina oferece uma espécie de cura da história", afirmou o reverendo James Hawkey, que atua como teólogo canônico da Abadia de Westminster, à Reuters.

Crítica de líderes protestantes

Entretanto, a atitude do rei Charles gerou críticas por parte de líderes cristãos. O reverendo Kyle Paisley, um proeminente líder da Igreja Presbiteriana Livre na Irlanda do Norte, afirmou que Charles deveria abdicar caso rezasse com o papa pois seria uma quebra de seu juramento como chefe da Igreja da Inglaterra.

“Eu não acho que ele está sendo fiel ao seu juramento", afirmou Paisley, em entrevista ao programa Talkback da BBC Radio Ulster, na quarta-feira (22).

"A fé protestante histórica e teologicamente é um mundo à parte do catolicismo. Não vejo como ele pode se envolver nesse tipo de adoração corporativa", defendeu.

Iacopo Scaramuzzi, correspondente do jornal La Repubblica no Vaticano, relatou que os católicos conservadores temem que a relação da Igreja Católica com a Igreja Anglicana se torne amigável.

“Eles não querem que se torne muito parecido com o anglicano, por exemplo, com discussões sobre casamento gay e mulheres assumindo o poder. A Igreja [Católica] está evoluindo e, embora a discussão sobre esses temas exista, ela não está acelerada".

Na semana passada, a Global Anglican Future Conference (GAFCON) – um movimento global de anglicanos conservadores – anunciou seu plano de renunciar à liderança espiritual da arcebispa de Canterbury e lançar a Comunhão Anglicana Global, fundada na ortodoxia bíblica.

Após Sarah Mullally – que defende abertamente o aborto e a homossexualidade – ser nomeada como a nova arcebispa de Cantuária, o cargo mais alto da Igreja da Inglaterra, membros da Comunhão Anglicana afirmaram que a Igreja da Inglaterra se entregou à apostasia.

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

Fé para o Impossível

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições