Promovida pelo Santander Cultural, a exposição “Queermuseu — Cartografias da diferença na arte brasileira” tem se tornado motivo de indignação desde que foi denunciada por cidadãos e movimentos sociais na última semana.
“Queermuseu” foi inaugurada em 14 de agosto, em Porto Alegre, e deveria ficar em cartaz até 8 de outubro. No entanto, devido aos protestos contra a exposição, o Santander Cultural decidiu neste domingo (10) cancelar a mostra e devolver à Receita Federal os R$ 800 mil captados via Lei Rouanet para sua realização.
A controvérsia começou quando foram publicados vídeos das obras de Adriana Varejão e Bia Leite na internet, com imagens sexuais dentro de um contexto histórico e uma pintura de duas criança com as frases “criança viada deusa das águas” e “criança viada travesti da lambada”.
Segundo o visitante que denunciou a mostra em um dos vídeos, a exposição “incita a pornografia e a pedofilia”. Também foi denunciado o caráter zoófilo da mostra, devido à obra “Cena de Interior 2” (2013) de Varejão, na qual é retratada a relação sexual de duas pessoas com um animal.
Os protestos nas redes sociais foram impulsionados pelo MBL (Movimento Brasil Livre), que condenou o fato de a exposição “ser direcionada para alunos de escolas públicas e privadas”, segundo Kim Kataguiri.
Kataguiri investigou qual seria o público da exposição por meio do formulário que inscrevia a exposição na Lei Rouanet. No texto, está escrito que o programa pretende “aproximar o público escolar das diversas linguagens da arte”.
O produto cultural deveria apontar uma classificação indicativa se fosse veiculado em obra audiovisual. No entanto, segundo o Ministério da Justiça, não há lei que demande essa mesma prática em exposições.
Pronunciamento
Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (11), o banco Santander pediu “sinceras desculpas a todos aqueles que enxergaram o desrespeito a símbolos e crenças na exposição ‘Queermuseu’”.
Por outro lado, o banco destacou que irá seguir comprometido “com a promoção do debate sobre diversidade e inclusão, entre outros grandes temas contemporâneos”.
O curador da exposição, Gaudêncio Fidelis, mostrou decepção com a posição do Santander Cultural. “O Santander infringiu as regras mais básicas de direito, de respeito e de consideração aos artistas presentes, sem inclusive consultar a curadoria e sem considerar que estávamos realizando um trabalho de construção de conhecimento”, reclama.
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