O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, está enfrentando críticas por falar na última sexta-feira (11) como é ser um “líder cristão” na Conferência Mundial da Associação Americana de Conselheiros Cristãos, em Nashville, Tennessee.
Em seu discurso, Pompeo disse que, assim como os conselheiros cristãos, ele se baseia na “sabedoria de Deus” para ajudá-lo em sua trajetória política. “Mesmo tendo acabado de dizer isso, eu sei que algumas pessoas da mídia vão começar a criticar quando ouvirem que peço orientação a Deus em meu trabalho”, disse Pompeo.
“Mas vocês devem saber, por mais que eu queira reivindicar originalidade, que não é uma ideia nova. Adoro esta citação do ex-presidente [Abraham] Lincoln. Ele disse, citação: ‘Eu me ajoelhei muitas vezes pela convicção irresistível de que eu não tinha mais para onde ir’”, acrescentou.
Pompeo, que foi diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) entre 2017 e 2018, disse que aprendeu a não ser apenas um líder, mas ser um “líder cristão” — algo que ele aprendeu com sua “experiência com Deus” e “fé pessoal em Cristo”.
O secretário de Estado disse ainda que mantém uma Bíblia aberta em sua mesa e tenta dedicar um pouco de tempo às Escrituras todas as manhãs.
“As Escrituras nos chamam a sermos ‘transformados pela renovação das nossas mentes’. Eu preciso que minha mente seja renovada com a verdade todos os dias. E parte dessa verdade, como meu filho me lembra, é ser humilde. Provérbios diz: ‘Com o humilde está a sabedoria’”, disse.
O ex-diretor da CIA disse aos conselheiros que eles precisavam se lembrar que são “servos imperfeitos servindo a um Deus perfeito, que constantemente nos perdoa todos os dias”.
“Ele continua nos usando para fazer um trabalho superior”, afirmou Pompeo. “E meu trabalho no Departamento de Estado, assim como para aqueles que trabalham ao meu lado, é servir a América todos os dias”.
Críticas
O discurso de Pompeo provocou a ira de muçulmanos, judeus e secularistas que acham que o secretário ultrapassou as linhas de separação entre Igreja e Estado.
A Associação Humanista Americana divulgou uma nota dizendo que está “profundamente incomodada” pelo “avanço da liderança cristã” de Pompeo e pela “promoção” do discurso, que foi publicado na página inicial do site do Departamento de Estado.
O presidente da associação, Roy Speckhardt, acusou o governo Trump de “favoritismo religioso”. “Esse favoritismo religioso é o tipo de abuso de seu dever de representar todos os americanos igualmente, o que demonstra como o fundamentalismo é a força motriz da agenda desse governo”, afirmou Speckhardt.
Aaron Keyak, ex-chefe do Conselho Nacional Democrata Judaico, questionou se Pompeo estava usando sua plataforma para promover o cristianismo. “Ele é um líder americano, que também é cristão praticante. Ele está falando como um líder cristão e faturar como tal é uma afronta à nossa separação entre Igreja e Estado”, disse ele, segundo o jornal Times de Israel.
No Twitter, o Conselho para as Relações Americano-Islâmicas — considerado uma organização terrorista pelos Emirados Árabes Unidos — classificou o discurso de Pompeo como “inapropriado”. A entidade afirmou que o secretário não deveria ser um líder cristão, mas antes, um “líder americano” que lidera “uma nação de pessoas que têm crenças diferentes ou não têm crenças”.
Enquanto alguns criticaram o discurso de Pompeo, sua mensagem foi vista como uma inspiração para público do evento.
“Fomos muito abençoados ao ouvir Mike Pompeo na conferência mundial da Associação Americana de Conselheiros Cristãos”, twittou a Disciple Heritage Fellowship, uma organização que ajuda pastores e igrejas em sua missão de fazer discípulos para Cristo.
“Fomos encorajados por saber que ele mantém uma Bíblia aberta em sua mesa o tempo todo, que buscar a sabedoria de Deus nas decisões que toma”, acrescentou.
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