O secretário geral das Nações Unidas lamenta a decisão da Rússia de abandonar o acordo que permitiu a exportação de grãos da Ucrânia, afirmando que a medida “será um golpe para aqueles que sofrem com a limitação e o preço alto dos alimentos”.
António Guterres disse que a saída da Rússia do acordo de grãos do Mar Negro fará com que centenas de milhões de pessoas mundo afora “paguem o preço”.
O acordo, negociado pelas Nações Unidas e pela Turquia, em julho do ano passado, visava aliviar uma crise global de alimentos, permitindo que os grãos ucranianos bloqueados pelo conflito Rússia-Ucrânia fossem exportados com segurança.
“Lamento profundamente a decisão da Federação Russa de encerrar a implementação da Iniciativa do Mar Negro, incluindo a retirada das garantias de segurança russas para a navegação na parte noroeste do Mar Negro”, disse Guterres em comunicado.
“Centenas de milhões de pessoas passam fome e os consumidores enfrentam uma crise global de custo de vida. Elas vão pagar o preço. Será um golpe para as pessoas necessitadas em todos os lugares”, destacou conforme a DW.
‘Fome e insegurança alimentar foram acentuadas’
Antes da saída da Rússia, o Centro Conjunto de Coordenação em Istambul administrava o acordo para a exportação de grãos da Ucrânia através do Mar Negro.
Há informações de que foram exportados mais de 32 milhões de toneladas de grãos da Ucrânia para 45 países, em três continentes, enquanto o país era perseguido pelas forças invasoras russas.
Segundo a ONU, os grãos produzidos na Ucrânia se transformam em alimento para 400 milhões de pessoas em todo o mundo. Por isso, quando a Rússia invadiu o país vizinho, em fevereiro de 2022, muitas nações apontaram o risco de aumento da fome, e a insegurança se acentuou especialmente na África e no Oriente Médio.
A Rússia e a Ucrânia chegaram a esse acordo há um ano com a mediação da ONU e da Turquia, que nas últimas semanas multiplicaram os seus esforços para conseguir uma nova prorrogação do acordo. O pacto expirou em 17 de julho de 2023.
‘O acordo era necessário para combater a fome’
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que discutiu com o mandatário russo, Vladimir Putin, sobre a necessidade de prolongar o acordo, que foi negociado em meio à crise alimentar desencadeada pela guerra.
Houve uma queda de produção de produtos agrícolas, especialmente grãos e certos derivados, além de fertilizantes, de ambos os países — Rússia e Ucrânia — que estão entre os maiores exportadores de grãos do mundo.
Os países mais pobres, em particular, foram beneficiados: cerca de 64% do trigo foi para países em desenvolvimento, enquanto o milho foi exportado quase igualmente para países afetados e em desenvolvimento.
Rússia nega que saída tenha relação com ataque
Após a ONU se manifestar, a Rússia confirmou a decisão de se retirar do acordo. “Na verdade, os acordos do Mar Negro deixaram de ser válidos hoje”, disse o porta-voz do Kremlin, o repórter Dmitry Peskov.
“Infelizmente, a parte desses acordos do Mar Negro em relação à Rússia não foi integrado até agora, então seu efeito foi encerrado”, disse ainda.
O porta-voz recusou que a decisão de não renovar o acordo estivesse relacionada a um ataque contra a ponte entre a Rússia e a Crimeia ocupada, que foi atribuída às forças ucranianas.
A fome global e a profecia bíblica
O término da Iniciativa de Grãos do Mar Negro acarretará uma série de consequências, incluindo aumento dos preços globais dos alimentos, fome em algumas regiões e novas ondas de migração.
Conforme a Bíblia, sabemos que “haverá fomes em vários lugares”, de acordo com as profecias em Mateus 24. O livro de Apocalipse também diz que haverá um tempo de escassez extrema de alimentos, em todo o mundo.
Diante das atuais notícias, podemos dizer que esse tempo está próximo? O capítulo 6 de Apocalipse, usa o “terceiro selo” de forma simbólica para anunciar exatamente a alta no preço dos alimentos, quando relata que o cavaleiro tinha na mão uma balança e uma voz dizia: Um quilo de trigo por um denário, e três quilos de cevada por um denário, e não danifique o azeite e o vinho. (Ap 6.5-6).
Especialistas bíblicos explicam que o cavalo preto simboliza a escassez e que a balança era usada para pesar o alimento. O denário era uma moeda de prata que correspondia ao salário médio de um dia de alguém assalariado.
O trigo era o alimento principal no mundo antigo, e a cevada era o alimento mais barato, por isso mais acessível aos pobres. Em tempos normais, um denário poderia comprar de 12 a 16 quilos de alimento.
O texto profético, portanto, aponta para um período de situação tão crítica que as pessoas não serão capazes de comprar nem o alimento para o próprio sustento. Na época em que esse texto foi escrito, estes eram os principais alimentos das nações naquelas regiões, essenciais à vida comum, daí o motivo de serem citados nas Escrituras.
Tudo indica que a profecia está se cumprindo progressivamente e que a economia global está sendo cada vez mais atingida, por diferentes episódios provocados por diferentes nações.
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