No último final de semana, as imagens da cidade de Bucha devastada, na Ucrânia, chocaram o mundo e revelaram a barbárie da guerra. Após a saída das tropas russas da região de Kiev, corpos de civis ucranianos foram descobertos por moradores.
Muitos dos cadáveres estavam espalhados pelas ruas e quintais de Bucha, próximo à capital, e outros foram enterrados em valas comuns, uma delas localizada no pátio da Igreja de Santo André e Pyervozvannoho Todos os Santos.
Mais de 400 corpos foram encontrados nos arredores de Kiev, levantando a discussão de possíveis crimes de guerra.
Na segunda-feira (4), as Forças Armadas da Ucrânia denunciaram que mais de 300 casos de estupros contra mulheres ucranianas por tropas russas foram relatados. A denúncia inclui violência sexual contra meninas de 12 a 14 anos.
Corpos de civis ucranianos foram encontrados espalhados nas ruas de Bucha. (Foto:Twitter/Dmytro Kuleba).
Ivan Rusyn, presidente do Seminário Teológico Evangélico Ucraniano (UETS), testemunhou de perto as atrocidades chocantes em Bucha. Após a saída das tropas russas, o líder evangélico voltou a cidade, onde morou com sua esposa nos últimos 8 anos, e encontrou um cenário devastador.
Alguns moradores aposentados, que haviam permanecido na cidade em meio ao conflito, lhe contaram que haviam experimentado um “verdadeiro inferno”. Durante mais de um mês, a população ficou sem água, eletricidade e medicamentos.
“Uma viúva de 70 anos não conseguiu segurar as lágrimas enquanto compartilhava como os soldados russos saquearam o seu apartamento”, disse Ivan, em um relato no Facebook.
Ao chegar em seu apartamento, o cristão descobriu que também havia sido roubado, assim como outros 28 moradores de seu prédio. “As coisas que os russos não puderam levar com eles foram danificadas”, contou Rusyn.
Ver sua cidade destruída partiu o coração do líder cristão. “Cenas de valas comuns, mulheres e crianças mortas, pessoas solitárias exaustas, casas demolidas e saqueadas, bem como as notícias sobre o inimigo planejando outra grande ofensiva no leste, são um grande fardo”, desabafou ele.
Ivan Rusyn e um soldado ucraniano ajudam uma idosa em Borodyanka. (Foto: Facebook/Vasya Raychinets).
“Deus limpará nossas lágrimas”
Ivan descreveu o horror que presenciou como o esfriamento do amor de Deus nos corações dos violadores.
“Quando vejo corpos de civis torturados em Bucha, só pessoas loucas podem tentar tal genocídio, pessoas que não têm nada de humano e nada de Deus. Só quem matou Deus em si mesmo pode matar civis de uma forma tão bestial”, declarou ele.
Mesmo lidando com seus próprios prejuízos e dores, Rusyn ainda levou ajuda aos moradores de Bucha, junto com seu colega Fyodor Raychynets, chefe do Departamento de Teologia do Seminário. Os dois cristãos forneceram alimento, medicamentos, lanternas e um gerador de energia.
Depois, os cristãos foram para a floresta servir a Santa Ceia para soldados ucranianos. “Foi uma enorme alegria ouvir deles "obrigado por estarem conosco", em resposta às nossas palavras encorajadoras "obrigado irmãos pelo vosso serviço”, afirmou Ivan.
Ivan Rusyn e Fyodor Raychynets servem a Santa Ceia para soldados ucranianos. (Foto: Facebook/Fred Heumann).
Fyodor comentou que a destruição que presenciaram em Bucha é muito mais sombria do que as fotos e vídeos mostraram. “O mais chocante são as poucas pessoas que andam como fantasmas. Pessoas que queriam compartilhar o que tinham passado com qualquer estranho que vissem”, escreveu o teólogo no Facebook.
Em meio aos horrores da guerra, Ivan Rusyn mantém sua esperança na justiça e no socorro do Senhor. “Deus está sempre do lado dos oprimidos e dos assassinados inocentemente. Deus esteve conosco, está e estará. Ele vai curar as nossas feridas, limpar as nossas lágrimas e ajudar a reconstruir a nossa Ucrânia", declarou.
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