Talibã pendura cadáver em público, sinalizando retorno de execuções

“Ninguém vai nos dizer quais devem ser nossas leis. Seguiremos o Islã e faremos nossas leis sobre o Alcorão”, disse um dos fundadores do Talibã.

Fonte: Guiame, com informações da Associated PressAtualizado: quinta-feira, 30 de setembro de 2021 às 13:38
Cadáver pendurado em guindaste na praça principal da cidade de Herat, no oeste do Afeganistão. (Foto: AP Photo)
Cadáver pendurado em guindaste na praça principal da cidade de Herat, no oeste do Afeganistão. (Foto: AP Photo)

O Talibã pendurou um cadáver em um guindaste no sábado (25), em uma praça no Afeganistão. A cruel imagem retrata o retorno das execuções conforme a lei sharia, assim como eram feitas no passado.

A princípio, oficiais do Talibã levaram quatro corpos para a praça principal da cidade de Herat. Depois, colocaram três dos corpos em outras partes da cidade para exibição pública, relatou à Associated Press o comerciante Wazir Ahmad Seddiqi, que dirige uma farmácia nos arredores da praça.

Autoridades do Talibã anunciaram que os quatro foram pegos participando de um sequestro no sábado e foram mortos pela polícia, contou Seddiqi. 

Segundo Ziaulhaq Jalali, chefe da polícia nomeado pelo Talibã em Herat, os militantes islâmicos resgataram um pai e um filho sequestrados e os quatro homens foram mortos após uma troca de tiros. 

Um vídeo da Associated Press mostra multidões ao redor do guindaste, olhando para o corpo, enquanto alguns homens cantavam.


Cadáver pendurado em guindaste na praça principal da cidade de Herat, no oeste do Afeganistão. (Foto: AP Photo)

“O objetivo dessa ação é alertar todos os criminosos de que eles não estão seguros”, disse um comandante do Talibã que não se identificou à AP.

Retorno das execuções

Desde que o Talibã invadiu Cabul em 15 de agosto e assumiu o controle do país, há temores do retorno do regime severo do final da década de 1990 — caracterizado pelos apedrejamentos públicos e amputações, muitas vezes realizadas diante de multidões em um estádio.

Na semana passada, um dos fundadores do Talibã, o mulá Nooruddin Turabi, disse que o grupo iria voltar a realizar execuções e amputações de mãos, mas não iriam fazer em público.

“Todos nos criticaram pelas punições no estádio, mas nunca dissemos nada sobre as leis e punições de ninguém”, disse Turabi à Associated Press, em Cabul. “Ninguém vai nos dizer quais devem ser nossas leis. Seguiremos o Islã e faremos nossas leis sobre o Alcorão”.

Turabi foi ministro da Justiça e chefe da polícia religiosa durante o governo anterior do Talibã, garantindo a aplicação das rígidas leis islâmicas. “Cortar as mãos é muito necessário para a segurança”, opina.


Líder talibã, mulá Nooruddin Turabi, em Cabul, no Afeganistão. (Foto: AP Photo/Felipe Dana)

Ele disse que os casos serão julgados por juízes, mas a base das leis do Afeganistão será o Alcorão. Ele ainda informou que o Gabinete está estudando se deve punir em público e vai “desenvolver uma política”.

Falando sobre o retorno das execuções e punições, o Departamento de Estado dos EUA disse que “tais atos constituem abusos flagrantes dos direitos humanos”.

O porta-voz Ned Price disse a repórteres na sexta-feira (24) que os EUA “permaneceriam firmes com a comunidade internacional para responsabilizar os perpetradores de quaisquer abusos”.

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