O Talibã está proibindo as mulheres de frequentar parques públicos e academias no Afeganistão, após um anúncio nesta quinta-feira (10). Este é o mais recente decreto que afeta mulheres desde que o grupo assumiu o poder há mais de um ano.
Ao tomar o poder em agosto de 2021, o Talibã fez promessas de que respeitaria os direitos das mulheres. Mas desde então, o grupo islâmico proibiu as meninas de ter acesso ao ensino fundamental e médio, restringiu as mulheres à maioria dos campos de trabalho e ordenou que se cobrissem da cabeça aos pés em público.
De acordo com o porta-voz do Ministério da Virtude e do Vício, do Talibã, a proibição será aplicada porque muitos estavam ignorando as ordens de separação de gênero e muitas mulheres não usavam o hijab obrigatório, véu que cobre a cabeça.
A proibição de mulheres usarem academias e parques entrou em vigor nesta semana.
Mohammed Akef Mohajer, porta-voz do Ministério do Vício e da Virtude indicado pelo Talibã, disse que o grupo “deu o seu melhor” nos últimos 15 meses para evitar o fechamento de parques e academias para mulheres, estabelecendo dias da semana separados para homens e mulheres.
“Mas, infelizmente, as ordens não foram obedecidas e as regras foram violadas, e tivemos que fechar parques e academias para mulheres”, disse Mahjer.
“Na maioria dos casos, vimos homens e mulheres juntos em parques e, infelizmente, o hijab não foi observado. Então tivemos que tomar outra decisão e, por enquanto, ordenamos que todos os parques e academias fossem fechados para as mulheres”.
Mahjer informou que equipes do Talibã irão monitorar os estabelecimentos para verificar se há presença de mulheres.
Ideologia que subjuga as mulheres
De acordo com a missão Portas Abertas, a quebra da promessa por parte do Talibã não surpreendeu já que a ideologia do grupo islâmico visa subjugar as mulheres.
Conforme Hana Nasri — nome fictício por razões de segurança — no dia em que o Talibã tomou o poder “foi aprovada a ‘sentença de morte’ para qualquer mulher que tenha uma carreira profissional”.
“Independentemente das escolas abrirem ou não, o currículo a ser usado (se as escolas forem abertas) será destinado a fazer lavagem cerebral e mantê-las escondidas, debilitando-as e retardando seu crescimento. A ideia é paralisá-las”, explicou.
“A possibilidade de ir de casa até uma escola dá um poder mínimo a essas meninas e mulheres, coisa que o Talibã deseja impedir. Elas têm aparições públicas limitadas sem um acompanhante masculino e estão segregadas em espaços públicos”, disse.
“As mulheres estão confusas, zangadas, desapontadas e com medo, tanto dentro como fora do país”, concluiu Hana.
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