Vereadores entram com ação após UFRGS barrar culto de alunos: “Intolerância religiosa”

Parlamentares de Porto Alegre pediram uma investigação sobre a conduta da Reitoria de barrar o evento da missão “Aviva Universitário”, em agosto.

Fonte: Guiame Atualizado: terça-feira, 9 de setembro de 2025 às 15:21
Os estudantes cristãos realizaram o culto em frente à UFRGS. (Foto: Guiame).
Os estudantes cristãos realizaram o culto em frente à UFRGS. (Foto: Guiame).

Dois vereadores entraram com ações no Ministério Público contra a Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), após alunos cristãos serem proibidos de realizar culto dentro da instituição.

No dia 12 de agosto, o “Aviva Universitário”, uma missão que tem feito cultos dentro de universidades do Brasil, planejou realizar um evento evangelístico na UFRGS, porém foram barrados pelos seguranças da Polícia Universitária Federal.

Também proibidos de se reunir em um canteiro na entrada da UFRGS, o grupo de jovens cristãos atravessou a rua e realizou o culto em uma rótula, em frente à universidade.

Dias após o incidente, a vereadora de Porto Alegre, Mariana Lescano (PP), informou que protocolou uma denúncia contra a UFRGS no Ministério Público Federal por restrição à pluralidade e discriminação institucional.

“A UFRGS proibiu o evento, mas autoriza jovens sexualizando, usando todo tipo de droga em festinha dentro da universidade. Mas acha bonito ter o tour comunista para calouros”, afirmou Lescano, em vídeo no Instagram.

“Não podemos mais normalizar que a esquerda domine esses espaços que são públicos. Por isso, eu denunciei a UFRGS ao Ministério Público por intolerância religiosa e intolerância política. Feriram a Constituição Federal”.

A vereadora ainda criticou o fato de que os diretórios acadêmicos e a reitoria são guiados por ideologias.

“Grande parte da nossa sociedade normalizou que a esquerda use as universidades para fazer a sua doutrinação. As universidades deveriam servir ao interesse do povo e não de meia dúzia de esquerdistas que usam as universidades para tomar a mente dos nossos jovens”, ressaltou.

Em defesa da pluralidade

O vereador Tiago Albrecht (PN) também entrou com uma ação no Ministério Público Federal contra a Reitoria da UFRGS. Como presidente da Comissão Parlamentar de Defesa do Estado Laico e da Liberdade Religiosa da Câmara de Vereador de Porto Alegre, Albrecht pediu uma investigação sobre a proibição do culto.

“Quero que o Ministério Público investigue por que a reitora indeferiu esse tipo de atividade religiosa, mas permite outras atividades dentro do campus como o ‘inferninho’”, afirmou.

O vereador ainda pediu a divulgação das diretrizes da UFRGS para eventos dentro da instituição, para averiguar se há ou não intolerância religiosa nas normas.

“Queremos saber quais eventos são permitidos e quais não são permitidos, queremos a listagem desses documentos, e o relato da segurança da universidade para saber se houve abuso de autoridade naquele dia”, afirmou o vereador.

Tiago Albrecht ainda pediu que medidas sejam tomadas para garantir o acesso igualitário e espaços para cultos pacíficos.

“Como cidadão, vereador e cristão, eu quero saber da universidade: houve discrminação? Houve violação de culto? Não estão deixando manifestações religiosas como prevê a Constituição?”, concluiu.

Repercussão

Após a publicação da matéria do Guiame, o caso repercutiu nas redes sociais e diversos parlamentares e organizações condenaram a ação da UFRGS.

“A reitora Márcia Barbosa proibiu 500 estudantes cristãos de orarem dentro da Federal do Rio Grande do Sul. Eles foram cercados por seguranças. E se fosse um ato pró-Palestina, eles teriam o mesmo tratamento? É claro que não”, criticou o vereador de Porto Alegre, Ramiro Rosário, em vídeo no Instagram.

O parlamentar lembrou que pluralidade no espaço acadêmico não é permitir alguns eventos e proibir outros.

“A reitora já fechou os olhos para palestras antissemitas, a universidade também já foi palco de diversos eventos de religiões afro-brasileiras, por que os cristãos não podem? A Constituição garante a laicidade, mas não autoriza a perseguição religiosa”, declarou.

“A UFRGS que deveria ser um espaço de diversidade e liberdade, se tornou refém de uma seletividade ideológica. Se você não reza a cartilha da esquerda, não pode rezar o Pai Nosso. Isso não é laicidade, é perseguição disfarçada de gestão acadêmica”, denunciou Ramiro.

Violação da liberdade religiosa

A Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade Religiosa da Assembleia Legislativa do RS, o Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR) e a Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade Religiosa e do Estado Laico da Câmara de Vereadores de Porto Alegre divulgaram uma nota conjunta repudiando a proibição da UFRGS para o evento cristão.

“Trata-se de violação grave às liberdades de consciência, crença e religiosa ocorrida no Campus do Vale, e amplamente noticiada e testemunhada por integrantes da comunidade acadêmica”, avaliaram as instituições.

A nota afirma que o incidente foi uma restrição da expressão religiosa de uma parcela da comunidade acadêmica e um ato de hostilidade e censura à fé cristã.

“Sob a justificativa de laicidade e pluralismo, a Universidade promove exclusão e intolerância contra manifestações religiosas legítimas, negando exatamente aquilo que afirma proteger. Exatamente porque o Estado é laico é que não pode haver interferências à ocorrência de cultos, sobretudo quando realizados em espaço externo, pacífico e sem qualquer prejuízo às atividades acadêmicas — como no caso em questão”, enfatizaram.

Relembre o caso

O “Aviva Universitário”, liderado pelo evangelista Lucas Teodoro, planejou realizar o culto na UFRGS no dia 12 de agosto, porém foram impedidos pela reitoria.

Falando ao Guiame, que esteve presente no encontro, Lucas relatou que a missão enviou dois documentos formais para a universidade, pedindo para usar um anfiteatro dentro do Campus do Vale. Mesmo sendo um local público, a reitoria não autorizou e não justificou o motivo da recusa.

Lucas tentou entrar em contato novamente com a UFRGS, mas não foi respondido. No dia 11 de agosto, ele e Bruno Franzoso, líder do grupo de estudantes cristãos da UFRGS REDE, foram ao anfiteatro orar pelo local que hospedaria o culto.

Logo após chegarem, eles foram cercados por vários seguranças da universidade, que informaram que eles não podiam estar ali. Bruno se identificou como aluno da UFRGS e mostrou seu cartão universitário, que foi fotografado por um dos guardas.


Os estudantes cristãos realizaram o culto em frente à UFRGS. (Foto: Guiame).

No dia seguinte, a uma hora de iniciar o encontro, a equipe do Aviva foi barrada novamente e impedida de usar o local público dentro da universidade.

Então, os cristãos foram para um canteiro na entrada da universidade. Muitos participantes já haviam chegado e a equipe estava montando o som, quando os seguranças vieram de dentro da UFRGS e abordaram os líderes da missão de forma ríspida.

Lucas Teodoro foi puxado pelo braço por um dos seguranças para conversar em um canto. “Ele disse: ‘Esse culto não vai acontecer aqui, vocês têm que sair, não estou nem aí’”, contou o evangelista, ao Guiame.

Expulsos por duas vezes da universidade, o grupo de jovens cristãos saiu do local, atravessou a rua e se reuniu em uma rótula, em frente à UFRGS. 

Os impedimentos não desanimaram os cerca de 500 participantes. Estudantes da UFRGS e de outras universidades louvaram a Deus em uma só voz e levantaram um altar de adoração.

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