Gavin Ashenden, antigo capelão da rainha Elizabeth II, falou sobre a fé da monarca e o fato desta parte de sua vida não ser comentada pelo público, em um artigo publicado no site Christian Today na segunda-feira (25).
“Há um estranho silêncio público sobre a fé da nossa rainha”, Ashenden observou. “A vida, a atitude, a indomabilidade, a alegria e o vigor da rainha fluem diretamente de seu relacionamento com Jesus. A presença, o ensino e a graça de Jesus dão cor à sua personalidade e ao seu trabalho.”
Ashenden sugere que jornalistas e políticos, ao elogiarem as qualidades da rainha, façam uma pergunta simples: “O que contribui para ela ser assim?”
O ex-capelão da rainha, hoje um teólogo católico leigo, lembra de influências importantes na vida cristã de Elizabeth II. Uma delas é o encontro com o falecido evangelista Billy Graham.
“Grande parte do país estava em estado de alerta quando Billy Graham veio aqui para realizar suas cruzadas. A rainha, por outro lado, o recebeu calorosamente e ficou totalmente à vontade com sua companhia e seu evangelismo”, disse Ashenden.
Ele lembrou ainda do comentário de Billy Graham ao descrever seu encontro com a rainha. “Sempre a achei muito interessada na Bíblia e sua mensagem. Depois de pregar em Windsor em um domingo, eu estava sentado ao lado da rainha no almoço. Disse a ela que tinha ficado indeciso até o último minuto sobre minha escolha de sermão e quase preguei sobre a cura do homem paralítico em João 5. Seus olhos brilharam e ela transbordou de entusiasmo, como poderia fazer na ocasião. 'Eu gostaria que você tivesse!', ela exclamou. 'Essa é a minha história favorita'”, relatou em sua autobiografia.
Billy Graham com a Rainha Elizabeth II em 1989. (Foto: Billy Graham Evangelistic Association)
Segundo o ex-capelão, uma das maneiras pelas quais a rainha dá o testemunho público de sua fé é através dos discursos anuais de Natal, que tem se tornado cada vez mais profundos e pessoais ao longo dos anos.
Em 2002, por exemplo, ela disse: “Sei o quanto confio na minha fé para me guiar nos bons e nos maus momentos. Cada dia é um novo começo. Sei que a única maneira de viver minha vida é tentando fazer o que é certo, ter uma visão de longo prazo, dar o meu melhor em tudo o que o dia trouxer, e colocar a minha confiança em Deus... Eu tiro forças da mensagem de esperança do Evangelho cristão”.
Outra influência apontada por Ashenden foram os pais da rainha. “Poucas pessoas sabem que era costume de sua mãe ler a Bíblia King James para as duas filhas todas as noites. Por meio da devoção e do dever de sua mãe, ela se familiarizou intimamente com as Escrituras”, disse ele.
O ex-capelão também comenta que partiu de Elizabeth, aos 13 anos, a iniciativa de dar um poema a seu pai, o rei George VI, para ser lido em sua transmissão de Natal de 1939, logo após o início da Segunda Guerra Mundial. O poema é intitulado "Deus sabe".
Um outro ato público de fé foi em 2016, quando Elizabeth II completou 90 anos. Ela contribuiu para o prefácio de um pequeno livro publicado pela Sociedade Bíblica do Reino Unido, chamado “A Serva Rainha e o Rei que Ela Serve”, que explora sua fé cristã.
Rainha Elizabeth II em igreja no Reino Unido. (Foto: Reuters/Andrew Milligan)
Símbolos cristãos na coroação
Ashenden observa também o simbolismo cristão nos rituais da realeza britânica. “Poucas pessoas estão cientes do quão cristã é a cerimônia de coroação”, ele avalia.
Ele observa que a unção está no cerne desta celebração — a cabeça, o peito e as palmas das mãos são ungidas com óleo, com o sinal da cruz. “As palavras usadas são: ‘Como reis, sacerdotes e profetas foram ungidos, e como Salomão foi ungido rei pelo sacerdote Zadoque e pelo profeta Natã, seja tu, ungida, abençoada e consagrada rainha sobre os povos que o Senhor, teu Deus, tem dado a ti para reger e governar’”, conta o ex-capelão.
“As palavras do arcebispo ligam o corpo e a alma da rainha não apenas aos ex-reis e rainhas britânicos, mas também aos sacerdotes e profetas da Primeira Aliança, e o reino temporal do monarca ao reino eterno de Cristo”, observa Ashenden. “Deste ato de entrega em resposta ao chamado de Deus para ser uma monarca cristã, flui o senso de dever da rainha Elizabeth.”
Espiritualidade afetada pelas mudanças
Segundo Ashenden, as mudanças culturais e filosóficas durante todo o reinado de Elizabeth II tiveram implicações no espaço do cristianismo na esfera da realeza. “Teologicamente, isso representou um abandono da espiritualidade cristã humilde em favor de um narcisismo secular”, opina.
Ele enxerga que, embora as virtudes da rainha sejam admiradas por todos os lados, muitos ignoram seu “caráter profundamente cristão”. O ex-capelão também acredita que o anglicanismo pode chegar ao fim quando o reinado de Elizabeth II terminar
Mesmo que isso aconteça, ele conclui, “ela será celebrada e sempre lembrada como a inspiradora, admirável e sua mais cristã majestade, a Rainha Elizabeth II.”
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