No domingo da semana passada (10), o pastor da Igreja Presbiteriana de Fortaleza, Elizeu Dourado de Lima, pregou sua mensagem com o tema "Vivamos a Justiça como Justos" e acabou citando e criticando a decisão do STF sobre as prisões em segunda instância, anunciada após votação acirrada no início de novembro, como algo controverso, que se mostra um tipo de justiça destituído da luz divina. Abrindo sua mensagem com o texto bíblico de Mateus 5:17-20, o pregador destacou o cerne da pregação.
"Esse texto nos desafia, nos convida: vivamos a Justiça como os justos", afirmou.
Logo depois, Elizeu continuou a introduzir sua mensagem, contextualizando com um comentário sobre Constituição Federal do Brasil, expressando sua surpresa ao descobrir o alto número de emendas e revisões no registro oficial de leis do país.
"A nossa Constituição Federal foi promulgada em 1988 e tem 245 artigos. Até outubro de 2017, foram acrescentar 104 emendas, 97 delas são constitucionais ordinárias, seis emendas constituicionais de revisão e um tratado internacional, aprovado de forma equivalente, a carta magna da nação. Aquilo que deve ser visto como o supra-sumo da Justiça de um país", destacou.
"Eu estava vendo um dado do Instituto Brasileiro de Tributação, que desde a sua promulgação em 1988 até o final de 2016, as esferas federal, estadual e municipal, ou seja, a união dos estados e municípios, editaram mais de 5.400.000 normas e leis", acrescentou. "É muita coisa, não é, gente? A Constituição precisa ser revisada, porque é feita por homen, é falha, mas acrescentada de 5.400.000 normas e leis, não era para o Brasil ser um país perfeito, bem guiado, bem governado?".
O pastor continuou ressaltando que no Brasil se torna cada vez mais evidente o caos que a Justiça vivencia, agravando a insegurança jurídica do país.
"Nós estamos experimentando um caos na Justiça brasileira, que deveria defender os direitos e ensinar os deveres", lembrou. "Mas o que nós temos experimentado é a decepção e a desilusão que cada vez mais nos surpreende. Eu nem sei se nos surpreende mais".
"Por que no Supremo Tribunal Federal, que é o órgão máximo do poder judiciário, cuja missão principal é defender a constituição federativa do Brasil, magistrados agem de formas tão desencontradas e controversas, tratando da mesma situação e usando das mesmas leis? Como é que isto pode ocorrer?", acrescentou
O pastor questionou como um assunto que estava definido, decidido por décadas, tem seus parâmetros alterados em apenas um julgamento.
"Como é que nós podemos tratar de um assunto, se de repente, uma decisão é tomada desde a promulgação da constituição, por 20 anos entendida de uma forma, e de repente, numa semana - entenda bem, o pastor Elizeu não está aqui, defendendo um partido, nem citando nomes de A ou B - numa tacada, o Supremo resolve contrariar tudo aquilo que ele já havia decidido e coloca em liberdade, em todo o país, 5.000 e poucas pessoas criminosas, que atentaram contra a saúde do povo, de uma forma violenta, que dizimaram famílias e nós ficamos atônitos, tentando entender que Justiça é essa!", lamentou.
Trazendo mais um texto que expõe a visão bíblica sobre o assunto, Rev. Elizeu destacou a passagem de Isaías 64, que compara a Justiça destituída de Deus a "trapos de imundícia".
"Aquilo que é visto como medida de Justiça, aquilo que muitas vezes é evocado com as bravatas de quem realmente diz que entende, diante da palavra de Deus, se destituído da Justiça Divina, é comparado com o absorvente usado, porque o 'trapo de imundícia' é o absorvente da época", disse.
"Aquele que se arroga diante da nação, de ser aquele que está no Supremo ou seja o que for, profere algo que é tido como Justiça, mas destituído da luz divina e está comprometido com interesses humanos, é corrompido por tantas outras forças, então a Bíblia diz: 'Sabe o que é isso? Essa justiça toda? Trapo de imundícia'", acrescentou, conforme pregação que pode ser conferida no vídeo acima.
"Advertência"
Durante a semana que seguiu a pregação, a Igreja Presbiteriana chegou a receber um telefonema anônimo, que criticou a pregação do Rev. Elizeu. Ao telefone, a pessoa alegou que o pastor usou o púlpito para promover partidarismo político e chegou a afirmar que estaria presente no culto do domingo seguinte para "intervir", caso o assunto voltasse a ser citado.
Ao final do culto noturno do último domingo (17), o pastor reiterou que seu posicionamento é uma postura com base na Bíblia e não partidário. Ao ler uma nota oficial por ele redigida, não houve qualquer manifestação ou "intervenção".
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