A Nigéria sofre com o terrorismo muçulmano há anos. As ações de diversos grupos, como o Boko Haram e os Fulani, especialmente contra os cristãos, colocou o país em sexto lugar em violência extrema, na Lista Mundial de Observação de 2023 da Portas Abertas.
Os cristãos no país são atacados, sequestrados, estuprados e assassinados com mais frequência do que se pode noticiar.
O caso de Janada Marcus, de 22 anos, ilustra bem essa violência. A jovem experimentou os horrores do Boko Haram quando seu pai precisou escolher entre fazer sexo com ela, sua própria filha, ou morrer. Por ele ter se recusado a atender o pedido escabroso dos terroristas, foi imediatamente decapitado.
Ela conta que seu pai tinha um pedaço de terra perto de Maiduguri, onde estavam trabalhando, felizes, cantando, até que a tragédia aconteceu. “Então chegou 20 de outubro de 2018, o dia que tirou o sol de nossas vidas. De repente fomos cercados pelo Boko Haram. Eles apontaram um facão para meu pai e disseram que nos libertariam se ele fizesse sexo comigo.”
“Não pude conter as lágrimas! Eu tremia, mas não conseguia fazer nada! Minha mãe não conseguia falar por causa do choque em que estava. Apontando um facão para a testa do meu pai, ele olhou para minha mãe e para mim, mas evitei o contato visual porque tinha vergonha de olhar na cara dele, vergonha do que os homens haviam sugerido – foi um horror!”
Janada conta que seu pai deitou a cabeça em submissão aos terroristas para ser morto, e respondeu: "Não posso dormir com minha própria carne e sangue, minha própria filha, prefiro morrer a cometer essa abominação."
Dor e trauma
Com aquela recusa, um dos terroristas pegou um facão e cortou a cabeça do pai de Janada na frente dela e de sua mãe.
“A dor que senti naquele momento foi insuportável. O sangue do meu pai espirrou por todo o chão. Você pode imaginar a tortura e a dor que passei naquele momento? Implorei a Deus que tirasse minha vida; eu já era um cadáver vivo, mas Ele era surdo! Encontrando uma coragem extraordinária, corri e agarrei minha faixa para amarrar a cabeça de meu pai para que o sangue não escorresse.”
Em 9 de novembro de 2020, Janada estava a caminho de um escritório do governo quando foi novamente surpreendida pelo Boko Haram.
“Desta vez, eles me capturaram. Eles me levaram para o mato e me torturaram severamente, emocionalmente, fisicamente e mentalmente por seis dias”, conta.
“Tive muitas experiências horríveis e ruins – que não podem ser explicadas – que fizeram aqueles seis dias parecerem seis anos. Em 15 de novembro de 2020, fui solta. Voltei e passei alguns dias com minha mãe; depois ela me levou ao centro de trauma administrado pela diocese de Maiduguri.”
Orações e cura
Janada diz que após uma série de sessões de aconselhamento, foi levada ao hospital para check-ups e tratamento para o caso de ter contraído alguma doença.
“Depois disso ela passei por seis meses de cura, orações e orientação. Agora estou de pé novamente”, diz.
Ela conta que no começo achou quase impossível se livrar do seu passado, mas depois de passar aqueles meses no centro de traumas, conseguiu se livrar dele.
“Depois do meu processo de cura, matriculei-me na faculdade. Estou muito feliz, e darei tudo para conseguir meu diploma e me tornar uma grande pessoa na sociedade”, afirma.
Fé e perdão
Janada conta que inicialmente, sua experiência a distanciou de Deus. “Enfrentei dificuldades para confiar Nele e retornar a Ele. De forma irônica, minha experiência amarga acabou me aproximando de Deus, mas em determinado momento, senti uma vontade de desistir”, conta.
A jovem diz que acreditava que ser cristão era completamente inútil. Mas que, durante seu processo de cura, encontrou respostas para todas as suas perguntas.
“Aprendi que Deus permanece como Deus. Apesar de tudo que vivenciei, continuarei confiando Nele e dedicando minha vida a servi-Lo”, diz.
“É difícil perdoar e esquecer, e com tudo o que passei nas mãos do Boko Haram, nem acredito que estou dizendo isso, mas os perdoei em meu coração e oro pela redenção de suas almas.”
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