Síndrome do pânico - Será que é falta de fé?

Síndrome do pânico - Será que é falta de fé?

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:28

No title A síndrome do pânico é um mal com sintomas ligados ao medo, pânico, apreensão exagerada, podendo desestabilizar toda a família, se não for tratada adequadamente. Pode ser desencadeada por algum abalo emocional drástico, ou simplesmente surgir de forma quase imperceptível, assumindo paulatina ou repentinamente, formas desproporcionais.

Como psiquiatra cristão, ao contrário do que se imagina, tenho constatado muitos casos da síndrome do pânico em cristãos fiéis, que além de tudo debatem-se não entendendo o porquê de tantos temores e medos não se dissiparem a despeito da confiança em Jesus, de clamores e petições. Em geral, questionam-se:

- Será que tudo isso não passa de falta de fé????

Podemos dizer que o medo é uma reação de defesa do ser humano. Não é errado sentirmos medo desde que haja algo que o produza ou justifique e, em caso dessa identificação e solução, o medo deve cessar. Ele produz uma série de reações psíquicas e físicas: sensação de apreensão, de perda do controle, confusão mental, instabilidade emocional, tristeza ou depressão, medo de doenças e de morrer, dores no peito, sensação de que algo horrível está para acontecer etc.

Pode-se identificar esse tipo especial de medo por ser ilógico e irracional. Algumas pessoas chegam até a perceber essa característica mas não conseguem controlá-lo.

Nesse quadro, surge um comprometimento gradativo da pessoa, que passa a limitar suas atividades normais, deixando de fazer compras, dirigir, ou sair sozinha, pois os ataques de pânico podem surgir a qualquer hora.

Muitos pacientes começam com medos pequenos, mas depois chegam a formar verdadeiras crises de pânico. Em muitos casos, as causas são anos sem férias ou descanso, excesso de trabalho e de preocupações, estafa e estresse de tal forma que ficamos tão sobrecarregados que entramos em colapso. E aí, ansiedade, angústia, medos, pânicos e depressão invadem sistematicamente!

Gostaria, porém, de dizer que graças a Deus esses estados são passíveis de tratamento! Ele pode ser feito através de orientações e medicamentos modernos. O cliente precisa receber esclarecimentos de sua situação para compreender o que se passa consigo e, dessa forma, ajudar no tratamento. Outra parte eficaz do tratamento é ter uma vida espiritual intensa, autêntica e verdadeira, não como antídoto dos medos, mas como suporte e sustentação nas horas e momentos em que os meios terrenos não produzem os resultados desejados ou esperados.

Em Mateus 14, temos a passagem que relata que Jesus estava andando sobre as águas e Pedro quis encontrá-lo: “Senhor, disse Pedro, se és tu, manda-me ir ao teu encontro por sobre as águas. Venha, respondeu ele. Então Pedro saiu do barco, andou sobre as águas e foi na direção de Jesus. Mas quando reparou no vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: Senhor, salva-me! Imediatamente Jesus estendeu a mão e o segurou. E disse: Homem de pequena fé, por que você duvidou?” (Mateus 14.28-31).

Por este exemplo bíblico podemos estabelecer uma correlação entre o medo e a falta de fé em Deus.

O homem de modo geral está de costas viradas para Deus, existe entretanto um fato interessante a se observar: em momentos de perigo surge a exclamação fatal:

- Ai meu Deus do Céu!

É que existe em todo homem um sentimento da existência do poder de Deus, e a crença (às vezes camuflada) de que ele é capaz de livrá-lo de situações difíceis.

O cristão autêntico, porém, possui de maneira mais profunda esse sentimento que denominamos fé. Pela fé você se apropria desse poder divino e o transforma em coragem, vencendo obstáculos e dificuldades, geradores de medo.

Aparentemente aqui há uma contradição: fé, falta de fé, medos... Se você leitor, é um cristão autêntico, mas também vítima da síndrome do pânico, aconselho-o a fazer duas coisas:

- Procurar um médico especialista para tratamento seguro

- Buscar no exercício da sua fé, por meio da oração e comunhão com Deus, suporte para enfrentar os fatos indesejados, bem como alijar a si próprio o medo que não é medo, mas falta de fé. Convém examinar e perguntar em que ou em quem estamos depositando nossas esperanças.

Em suma, com fé em Deus podemos procurar e achar, a nível humano e a nível espiritual, a ajuda e tratamento para medos e pânicos sejam eles fatores reais, ou não.

Dr. Pérsio Ribeiro Gomes de Deus é médico psiquiatra e professor da Universidade Mackenzie. É casado com Luciana e pai de 4 filhos. Freqüenta a Igreja Batista Unida do Brás.

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