Mais de 50 milhões de evangélicos, e por que o Brasil não muda?

Pedro ainda destaca a questão da teologia da prosperidade. “Não é por falta de compromisso, principalmente a teologia de prosperidade, ela deixou o Brasil indesculpável porque gerou comprometimento das pessoas.

Fonte: GuiameAtualizado: sexta-feira, 29 de abril de 2016 às 13:32
“Talvez o cerne da questão esteja na inabilidade de responder questões centrais", afirma Pedro. (Foto: Reprodução/YouTube).
“Talvez o cerne da questão esteja na inabilidade de responder questões centrais", afirma Pedro. (Foto: Reprodução/YouTube).

O canal “Perguntar Não Ofende” publicou na última segunda-feira (25) um vídeo onde o teólogo e filósofo Pedro Lucas Dulci comenta o seguinte questionamento: "Porque a igreja evangélica cresce, mas o Brasil não muda?". Para responder essa curiosa questão, Pedro inicia destacando os motivos em que a igreja se destaca no ambiente social.

“Essa é uma pergunta interessante, porque existem alguns elementos que não permitem a gente dar uma resposta fácil pra ela. Porque não é por tamanho da igreja, porque a igreja evangélica no Brasil é bem grande. E igrejas menores em contextos mais adversos fizeram bem mais diferença do que a igreja evangélica no Brasil”, comentou.

“Também não é porque os evangélicos não se posicionaram em lugares estratégicos do poder. Nós temos deputados, senadores, nos temos uma bancada inteira que se diz evangélica. Cristãos nas mais diversas posições de poder e mesmo isso não contribui muito para modificação e o desenvolvimento moral da nação”, pontua.

Para encerrar essa parte, Pedro ainda destaca a questão da teologia da prosperidade. “E também não é por falta de compromisso, principalmente a teologia de prosperidade, ela deixou o Brasil indesculpável porque ela gerou muito comprometimento das pessoas com determinado tipo de teologia. Ainda que a gente não concorde com seus resultados é inegável seu compromisso com ela”, disse.

Questões Centrais

“Talvez o cerne da questão da incapacidade da igreja evangélica produzir mudanças no pais, esteja na sua inabilidade de responder questões centrais. A gente não tem uma teoria do Estado. Não temos uma teoria educacional. Não temos uma compreensão geral do poder que é amplamente difundida. A maioria das nossas publicações, os materiais que os evangélicos leem, quando leem gira em torno muito do arroz com feijão teológico e a gente fica ainda patinando sem responder essas questões que são fundamentais pra gente continuar caminhando”, responde o teólogo.

Para Pedro, o perigo está na absorção de falsas teóricas cristãs. “E ai o que acontece quando essas questões não são respondidas. Os evangélicos ficam reféns de teorias não cristãs e é ai quando acontece a síntese com as mais diversas teorias educacionais que se dizem cristãs, mas tem pressupostos marxistas, tem pressupostos liberais ou teologias ditas teologias políticas, mas tem comprometimento com plataformas ideológicas das mais escusas”.

Questões Periféricas

“Ou então quando a gente não é comprometido com uma ideologia o que acontece é que a gente fica em torno de questões bobas. Fica se perguntando por problemas de costume, hábitos, se os evangélicos podem fazer tatuagens, uso de bebidas alcoólicas ou não, quando na verdade a gente tem problemas mais estruturais que ainda não foram respondidos teologicamente e que na verdade o que a gente vê são pessoas se esvaindo dessas responsabilidade em prol de uma visão evangélica mais ecumênica, pra não entrar muito em pontos de contato com outras tradições que acabariam comprometendo a nossa unidade e não responde questões centrais”, reflete.

“Isso contribui para que a nação não caminhe num desenvolvimento moral e cultural, orientado por uma visão bíblica do cristianismo. Em seguida, não basta ter só as resposta corretas. A gente tem que materializar isso em instituições, artefatos culturais, movimentos sociais, artísticos, universidades, laboratórios, institutos de pesquisas, livros, filmes, quadros, músicas, a gente tem que dar concretude a essas ideias. Não basta a gente permanecer no âmbito do discurso. A gente tem que conseguir fazer com que essa ideia gire e que ela perpetue em todo o território social. Ai então a gente vai começar a ter influencia na sociedade”.

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