Recorra a tudo o que você gosta sobre atos merecedores ignorados pelo "Hall da Fama do Rock and Roll", mas nenhum artista foi mais injustiçado do que a talentosa cantora gospel e guitarrista Rosetta Tharpe, cuja introdução na categoria "Influências" do Hall foi anunciada somente em 2017.
Rosetta era casada com um pastor, mas também desenvolveu seu próprio ministério como evangelista e cantora. Uma mulher negra, cheia de atitude, natural do Arkansas, que tocava com facilidade sua guitarra elétrica e louvava a Deus em suas canções, com um estilo que posteriormente viria a influenciar o próprio Elvis Presley, Chuck Berry e também Bob Dylan.
O primeiro sucesso de Tharpe, na verdade, foi o transformador "Rock Me", gravado com suas notas altas e a voz rasgada em 1938 — quando o rei do Rock'n Roll, Elvis Presley, ainda era um bebê. Tharpe contrataria mais tarde o conhecido grupo instrumental Jordanaires como banda de apoio apoio dela, anos antes deles começarem a trabalhar para Presley, que era um fã assumido da cantora.
"Elvis adorava a irmã Rosetta", lembra Gordon Stoker, dos Jordanaires, destacando que o estilo dela tocar guitarra chamou a atenção do rei do rock desde início. "Isso foi o que realmente atraiu Elvis: sua pegada de guitarra. Ele gostava dela cantando, mas ele gostava de ouvi-la tocar primeiro — porque era muito diferente das outras coisas que ele tinha ouvido".
Legado
Bob Dylan fez coro com a opinião de Presley sobre a originalidade de Rosetta e acrescentou que ela como um todo era "única".
"A irmã Rosetta Tharpe não era nada comum, nem simples", disse Bob Dylan em seu programa Theme Time Radio Hour. "Ela era uma mulher grande, tinha boa aparência, era divina, para não mencionar sublime e esplêndida. Ela era uma força poderosa da natureza. Um evangelista que cantava e tocava violão".
História
Rosetta Nubin nasceu na cidade de Cotton Plant, em Arkansas, em 1915. Aos seis anos de idade, a cantora prodígio já tocava música gospel com sua mãe em pequenas congregações, quando ambas se mudaram para Chicago, no norte dos EUA.
O estilo de cantar e tocar violão de Tharpe desenvolveu-se com elementos rurais e urbanos, o que lhe deu um estilo único para a época. Na adolescência, ela foi para a cidade de Nova York e lá tocou com Duke Ellington e outros músicos de alto nível.
Aos vinte anos, ela começou a marcar a batida de seu som. Depois de anos trabalhando no norte dos EUA, com Lucky Millinder, ela percorreu o sul com os ícones do gospel, os Dixie Hummingbirds.
Em 1945, seu desenvolto single "Estranhas Coisas Acontecendo Todos os Dias", com seu solo quente de guitarra, foi a primeira canção gospel a ser transmitida nas paradas de sucesso da Billboard.
Depois do auge
A carreira de Tharpe diminuiu quase 20 anos depois. Em 1964, quando o renascimento do folk estava se formando, ela foi contratada para a turnê Folk Blues e Gospel Caravan na Inglaterra e tocou em um show famoso em uma estação ferroviária abandonada que foi transmitido em todo o país pela televisão (como registrado no vídeo acima).
Era um dia frio e chuvoso, mas Tharpe saiu de uma carruagem puxada por cavalos como a realeza, atravessou a plataforma molhada, pegou sua guitarra elétrica, conectou e tocou o seu sucesso "It Didn't Rain" ("Não choveu"), mesmo correndo o risco de tomar um choque elétrico. Naquele dia ela solou sua guitarra e cantou com seu coração na frente de uma multidão de jovens.
"Tenho certeza de que naquele dia muitos jovens ingleses pegaram suas guitarras elétricas depois de acompanhar aquela apresentação", disse Dylan.
A carreira de Tharpe não teve o mesmo impacto que os músicos de blues masculinos ao final dos anos 1960 e 1970. Este resultado pode ter sido causado, em parte, por causa de sua devoção cristã, expressada em suas letras.
Sua última gravação conhecida foi lançada em 1970 para a TV dinamarquesa, cantando a canção gospel de Thomas Dorsey "Take My Hand, Precious Lord", uma música que Elvis Presley havia gravado, entre muitas outras canções cristãs que ele registrou.
Tharpe morreu em 1973, na Filadélfia, onde morava com a mãe em um lar modesto. O funeral foi pequeno e intimista.
Embora seu trabalho tenha sido esquecido por décadas, agora está pronto para ser descoberto e será relembrado a cada vez que os grandes nomes do rock e do Folk forem reproduzidos, como Elvis Presley, Chuck Berry e Bob Dylan.
"Quando você vê Elvis Presley cantando no início de sua carreira... Imagine que ele está canalizando a irmã Rosetta Tharpe", sugeriu Wald. "Não é uma imagem em que estamos acostumados a pensar quando pensamos na história do rock'n roll".
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