"Adoração não é ritmo musical. É estilo de vida", afirma Kaliba

"Adoração não é ritmo musical. É estilo de vida", afirma Kaliba

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:00

''O meu estilo de música está mais para louvor e adoração''. Quantos já ouviram tal frase no meio evangélico? Cristãos de todo o Brasil têm colocado o termo ''Louvor e Adoração'' como título para um estilo musical vindo da Europa. Porém, ao intitular como ''louvor e adoração'' uma linha musical originalmente conhecida como Pop / Folk, há o perigo de se excluir os outros ritmos de um cenário que deveria ser, em tese, democrático, diante da variedade musical presente em um cultura como a brasileira. Em resumo, ritmos como forró, samba, Black Music e MPB acabam não sendo conhecidos como ''louvor e adoração''.

Em entrevista exclusiva a Guia-me, o guitarrista Kaliba falou a respeito da tristeza que tal classificação lhe traz. Conhecido no meio da Black Music gospel, o instrumentista lembrou que o termo ''louvor e adoração'' vai além de ser simplesmente um ritmo musical. ''Black é louvor e adoração. O cara está dançando, ele está louvando e adorando. Kirk Franklin é louvor e adoração e Cassiane também é louvor e adoração. No Troféu Talento tem a categoria 'louvor e adoração' para ser premiada, mas eu não entendo isso. 'Louvor e adoração' não é um ritmo musical, é um estilo de vida. Você está com um pandeiro na mão, louvando e adorando, você faz louvor e adoração'', lembrou.

Buscando a raiz do problema, Kaliba afirmou que é inevitável ter estilos europeus na música evangélica brasileira, pois o Evangelho foi trazido ao Brasil por europeus e norte-americanos. Porém, pede que haja justiça na classificação dos estilos dentro da adoração. ''Daniel Berg fundou a Assembléia de Deus. Foram os europeus que trouxeram os adventistas. Tudo isso vem de fora do nosso país. Nós não temos algo que possamos falar que é brasileiro, a não ser o nosso forró e o nosso samba, que também não são coniderados louvor e adoração. Sendo assim, os nordestinos não louvam, então? Se fizermos isso aqui no nosso país, nós estamos quebrando as regras, estamos indo contra os dogmas e conceitos da igreja'', protestou.

O músico não esqueceu de revelar que o estilo de música europeu o agrada e também o influencia, porém também lembra não quer ficar preso dentro de uma só linha musical. ''Eu gosto muito de música européia, mas gosto de ter liberdade. Gosto das linhas 'worship', como o Hillsong - que é referência nesse estilo atualmente. Mas hoje nós também queremos louvar com as batidas, samplers, grooves, black power, e tudo que temos direito'', esclareceu.

Louvor e adoração = Comercial?

Será possível mudar tal cenário? Kaliba não deixa de assumir que os músicos e produtores também têm sua parcela de responsabilidade nesse processo, lembrando que eles podem influenciar e corrigir a classificação erroneamente instituída, além de desmistificar o fato de o estilo conhecido como ''louvor e adoração'' ser o único comercialmente rentável. ''Cabe a nós, músicos e produtores, mudar essa cabeça ignorante do nosso povo a respeito de louvor e adoração. Às vezes nós estamos produzindo um CD e alguns artistas falam: 'Cuidado! Eu quero um som bem louvor e adoração, porque senão não vende'. São pessoas tão ignorantes a ponto de vender uma porcaria para os outros, porque simplesmente querem vender. As pessoas estão em um patamar tão safado que fazem uma música boa no CD, vendendo-o a 15, 16 reais, sendo que a música de trabalho do disco é a única boa e o resto do CD é uma porcaria. Se é assim, vende a música na internet, que é melhor'', afirma.

Por João Neto - www.guiame.com.br

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