Coluna Maximiliano Moraes

Coluna Maximiliano Moraes

Fonte: Atualizado: segunda-feira, 31 de março de 2014 às 11:52

Levo mais ou menos 25 minutos da minha casa até o trabalho quando o trânsito está bom. Evito sair nos horários de pico, porque pegar trânsito pela manhã ou no final da tarde é um exercício de paciência. Eu até poderia fazer caminhos alternativos, pegar vias secundárias no meio dos bairros, mas o trânsito é uma coisa imprevisível e eu correria o risco de gastar mais 20 ou 30 minutos, além de mais combustível. Não vale a pena; melhor exercitar o domínio próprio.

Apesar disso, amo dirigir. Algo puramente mecânico: a terapia de apertar pedais, de girar o volante e vê-lo voltar à sua posição original, de movimentar a alavanca de câmbio para frente e para trás, de ouvir o barulho gostoso do motor girando, dos cilindros se enchendo, de ver o conta-giros mostrando o trabalho do motor... Relaxante círculo vicioso. Pessoas que gostam muito de carros vão me entender melhor. Elas sentem, como eu, que seu carro é uma extensão de seu lar e que o banco do motorista é, muitas vezes, mais agradável do que a poltrona da sala.

As pessoas que costumam gastar tempo com Deus entendem a preciosidade de estar sozinhas de vez em quando, somente ouvindo e nada pedindo. Elas fazem disso uma disciplina espiritual diária e essencial. Aprendi que Deus não espera que separemos, sistematicamente, um único lugar para estar com Ele. Sempre gostei muito, por exemplo, de ir pro meio do mato para falar com Deus; é fresquinho, silencioso e inspirador. De uns tempos para cá, porém, comecei a fazer também do meu carro um local especial para conversar com meu Pai.

É impressionante o que se pode aprender no trânsito, mesmo em um curto trajeto. Quantas vezes você já ouviu pessoas afirmarem perder duas ou mais horas no trânsito todos os dias? E se essas pessoas utilizassem este tempo para orar? E se entendessem que a música que toca no aparelho de som pode ser canal de adoração em vez de fundo musical para o seu estresse? E se começassem a observar (sem deixarem de prestar atenção no trânsito e suas regras, obviamente) as coisas que acontecem ao redor, buscando aplicações para o seu dia-a-dia e seu crescimento espiritual?

Comecei a notar ainda que não somente o trânsito, mas tudo o que se passa no meio que nos rodeia, desde acontecimentos e detalhes do dia-a-dia até intempéries da natureza e fatos do mundo são canais poderosos de Deus para nos ensinar todo o tempo. E isto é o que Ele espera que façamos: aproveitar cada instante da nossa vida para aprender, sem ficarmos presos no passado ou no futuro.

Em tempo: pessoas presas no passado são as que ficam o tempo todo reclamando, insatisfeitas com o que têm hoje, vivendo da lembrança. Elas dizem: "Ah, como era bom... Como eu gostaria que aqueles tempos voltassem... Hoje não é mais como era antigamente..." Pessoas presas no futuro, por sua vez, são divididas em duas categorias. Há as que chamam de "sonhos" a sua inveja e passam os dias desejando o que os outros têm, ingratas e insatisfeitas com o que Deus lhes dá. Elas dizem: "Um dia eu vou ter isso. Fulano tem, por que eu não posso ter? Um dia vou ser tão bom quanto beltrano e fazer tudo o que sicrano faz." Há ainda as "visionárias frustradas" – têm sonhos, mas não tomam qualquer atitude para realizá-los. Sua vida é colocar a culpa de suas frustrações nas circunstâncias, nas injustiças, em outras pessoas ou na sua própria fraqueza e incapacidade.

Deus tem propósito em tudo. Quando começamos a notar cada detalhe de nosso dia e buscamos em Deus o sentido de tudo o que acontece, aprendemos a ser pessoas gratas. Pessoas presas no passado ou no futuro, porém, não sabem que têm um bem valiosíssimo em suas mãos: o dia de hoje. Mesmo os nossos sonhos, para serem vividos em plenitude, precisam se tornar "hoje"; ele não pode ser vivido enquanto é "amanhã". Deus se agrada e espera que sonhemos, mas não que fiquemos angustiados, esperando ansiosamente que o sonho aconteça, vivendo o amanhã e perdendo a oportunidade de aprender com o que Deus lhe deu hoje.

Maximiliano Moraes é brasiliense e tem 34 anos. Servo de Deus chamado para missões através da música, é casado com Marina e pai de Leon. É graduado em Liderança Avançada pelo Haggai Institute em Maui, Hawaii. Foi arranjador e preparador vocal do Ministério Klim Kideshim, diretor de música do Instituto Cristo Para as Nações, em Belo Horizonte, e arranjador vocal do Ministério de Louvor Diante do Trono. Produtor musical, arranjador e professor, dá palestras, seminários e workshops voltados para treinamento de grupos de louvor. Escritor bissexto, tem ainda textos e artigos em várias publicações e sites na Internet.

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