João Alexandre: "Todo dom perfeito é sagrado, porque é dado por Deus"

João Alexandre: "Todo dom perfeito é sagrado, porque é dado por Deus"

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:46

No ultimo dia 18, tive a oportunidade de entrevistar o cantor e compositor João Alexandre e conhecer mais de perto sua visão sobre a igreja brasileira, a música cristã/secular, e a adoração. O resultado foi essa entrevista para o blog Púlpito Cristão. Confira a entrevista por Antognoni Misael:

Púlpito Cristão: João, no final do ano passado (2010) foi lançado seu primeiro DVD “João Alexandre - Dois Tempos” que tem sido bastante elogiado pelo público evangélico que curte música brasileira e até por outros de diferentes segmentos religiosos. Mesmo sendo um trabalho bem sucedido, muitos já se perguntam sobre o próximo DVD. Há alguma previsão? O que terá de diferente no próximo?

João Alexandre: Mesmo não participando diretamente das edições e da finalização do primeiro DVD, que, literalmente, ganhei da UMESP, gostei da experiência, de verdade!

Talvez eu parta para um segundo DVD chamando amigos de profissão e ministério e tocando algumas canções junto com eles, além, é claro, de contar as histórias que todo mundo gosta de ouvir, sobre a vida de músico e o processo das composições também. Acho que seria muito agradável ver 2 pessoas que têm seus próprios trabalhos e carreiras diferentes dividindo e compartilhando experiências!

PC: Em seu livro “Músico: Profissão ou Ministério?” vários capítulos tratam do impasse temático da velha dicotomia cristã/secular. Em alguns momentos de sua apresentação musical você costuma fazer pontes, Pra cima Brasil / Aqui é o meu país (Ivan Lins), e citações como Deixa que eu deixo /Asa branca (Luiz Gonzaga), entre outras. Como você conjectura o secular e o “sagrado”? Essa relação é possível no âmbito da igreja?

JA: Para mim, todo dom perfeito é sagrado, porque é dado por Deus, que é Amor, incondicionalmente!

A Fé não substitui nenhum tipo de competência, de forma nenhuma!

Tem gente que tem uma Fé exemplar e não tem talento pra Música, enquanto tem gente que nem acredita em Deus e possui um talento, dado por Ele, incomparável, capaz de envergonhar qualquer músico cristão!

A vida não é secular ou profana, a vida é um dom de Deus pra "seculares" ou "profanos" e isso nos ensina a profundidade da chamada "Graça comum", que é o fato de que Deus distribui igualmente dons e talentos a todos os homens, sem que eles se convertam ou acreditem nEle!

Não podemos esquecer que a Igreja, além de ser uma comunidade de santos que se arrependem de seus pecados todo dia, também é uma comunidade de pecadores que buscam ser santos, certo??

Seria uma falta de reconhecimento e um desastre total, pensar que só cristãos criam e praticam coisas boas enquanto os incrédulos só praticam coisas ruins!!

Vivo dentro de igrejas, trabalhando com Música há mais de 30 anos e posso garantir que, em algumas ocasiões, encontrei muito mais maldade e orgulho nas críticas "sagradas" de irmãos "pseudo" convertidos do que em amigos "seculares" que convivem comigo nesse mesmo meio, muito mais verdadeiros e humildes na hora de me aconselharem sobre qualquer coisa da vida!

Adoração não é o conjunto de práticas religiosas, mas um estilo de vida e não tem absolutamente nada a ver com Música! Se converter não significa cantar ou tocar ou ser melhor do que outra pessoa, mas ter a plena consciência de que vem de Deus tudo o que temos e somos!

A Igreja deve ser pertinente fora das 4 paredes dos templos e se tornar relevante na capacidade de enxergar, em qualquer ser humano, os traços divinos!

Afinal, Deus desceu do Céu, se fez homem, convivendo com os piores homens de Seu tempo, sendo Sal e Luz para eles e nos mostrando o Caminho do Amor incondicional!

O fato de Deus habitar em nós não é privilégio nem preferência, mas pura Graça!

PC: Como você vê a descontextualização da igreja através da música? Há como virar esse jogo? Que seriam os agentes de transformação: músicos ou líderes pastorais?

JA: Acho que a responsabilidade é de ambos, não só de um ou de outro, em relação a contextualizar a Igreja com a cultura!

Tem que haver vontade, desprendimento e alegria ao fazê-lo, pois o Brasil é culturalmente riquíssimo e esquecidamente abandonado pela Igreja nesse ponto!

Virar o jogo seria abrir as portas das congregações para manifestações culturais inseridas no meio secular, de forma insertiva e esclarecedora, coisa que muita gente morre de medo de fazer, por achar que seria se "misturar" com o Mundo!

ECLÉSIA significa chamados para fora e fazer a Comunidade ao nosso redor se enxergar dentro dos nossos templos seria um bom começo!

PC: Alguns grupos e músicos têm feito uma música de qualidade, vestida de brasilidade e coerência bíblica, mas por não se parecerem com o que se vem tocando na mídia em geral enfrentam o dilema de não serem ouvidos e/ou entendidos. Como uma artista que nada contra o “Nilo Gospel”, que conselhos você pode deixar para aqueles que decidiram esse caminho musical?

JA: "Peixe que nada a favor da maré é peixe morto", já disse alguém!

O grande Bill Cosby, comediante dos anos 80 afirmou: "Não sei o segredo do sucesso, mas o segredo do fracasso é querer agradar a todo mundo!"

Em meus quase 30 anos de profissão, entreguei nas mãos de Deus minha decisão de fazer Música que fosse brasileira e relevante ao invés de importada e conservante e Ele tem me honrado muito, sempre, com convites e trabalhos! Cantar o que as pessoas precisam ouvir ao invés de cantar só que elas querem ouvir é um grande desafio!

Vc não vai nunca ficar rico, agradar milhões de ouvidos e ser bem quisto em todos os lugares, mas vai viver uma vida financeira digna ao buscar agradar sómente os ouvidos de Deus e ser honrado por poucas e verdadeiras pessoas que pensam e caminham como vc!

PC: Alguma consideração final?

JA: Peço oração pela minha família e pelo meu trabalho e o apoio de sempre, daqueles que nos amam e nos acompanham de perto ou de longe!!

João Alexandre é músico, compositor, produtor, ex-integrante do "Grupo Pescador", "Vencedores por Cristo", "Grupo Milad", e desde os anos 90 tem sido uma referência no cenário musical evangélico, e uma voz forte que ressoa contra o evangeliquês gospel dos importados chavões.

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