Maestro fala sobre novo CD de Lydia Moises

Maestro fala sobre novo CD de Lydia Moises

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:51

Ao longo dos anos, Edielson tem feito arranjos e orquestração para vários grupos cristãos como Banda Voz da Verdade, Grupo Logos, Grupo Musical Formosa, Quarteto Alfa, Grupo Vida Abundante (da Missão Betânia), Editora Árvore da Vida, solistas como Oscar Valdez, Pr. Adhemar de Campos, Paulo Selzelim, Ronaldo Bezerra, Joice Bernardo, Eduardo Souza, Lídia Moisés e outros.cantores como Rinaldo e Liriel, Alexandre Arez (calouros do Raul Gil).

Nos últimos anos, (2004, 2005, 2006, 2007 e 2008) alguns discos com seus arranjos e produção na musica cristã foram indicados ao Troféu Talento, entre eles, Joice Bernardo, Pr. Adhemar de Campos, Lydia Moises, Voz da Verdade, Grupo Logos e outros.

Participou em gravações ao vivo como operador de gravação com Pr Asaph Borba, Pr. Adhemar de Campos, Pr. Daniel de Souza, Igreja Bíblica da Paz, Igreja Christian Center, Igreja ICF, Igreja Batista Getsemani de BH , Comunidade Cristiana de Buenos Aires, Banda Sinfônica do Estado de São Paulo e outros eventos.

A seguir confira nossa matéria exclusiva, onde o maestro revela aos leitores do Supergospel tudo sobre os bastidores da gravação do álbum Desafio, segundo trabalho solo da cantora Lydia Moises

Maestro Edielson, o que difere a produção deste cd da produção de outros cds?

É a forma como foi gravado. Tudo começou com uma reunião no dia 13 de maio de 2009, com o Pr. Jose Luiz Moysés, o pai da Lydia. Nesta reunião, ele colocou o desejo de gravar o segundo álbum da Lydia, usando o processo analógico ou seja, usando fitas e não apenas HD (programas de áudio).

Afinal, dos 30 discos gravados pela banda Voz da Verdade, 21 deles foram gravados com este processo, gerando um timbre agradável, forte e encorpado.

Entendi, mas não compreendi. (rs) Sou um pouco leigo neste assunto. Na prática, o que difere uma coisa da outra?

No final, ao ouvir o cd, apenas o timbre e a sonoridade. Já pensando no meio do processo de trabalho, tudo é diferente... dá muito mais trabalho. Como é gravado de forma linear e analógica, não tem os recursos do computador como copy&paste, edições, troca de timbres etc. Tudo tem que ser bem feito, sem se valer da tecnologia para auxiliar.

O Pr. José Luiz queria ter essa sonoridade e eu, mais do que nunca, queria voltar a fazer aquilo que fiz durante 20 anos: gravar com fitas de 2” usando um super gravador de 24 canais e uma mesa de som de verdade, podendo equalizar e timbrar o som.

Qual foi o seu primeiro passo para poder reproduzir essa sonoridade?

Fui preparar o Estúdio Guidon, onde trabalho à 29 anos, para tal desafio (coincidência??), uma vez que a maioria dos estúdios do mercado de 10 anos pra cá, foram construídos com as novas tecnologias de HD (Pro-tools, Nuendo, Cubase, Sonar etc) e não usam essa forma de gravação.

Quase todos os estúdios que antes tinham essas máquinas e operavam com esse processo analógico, venderam seus equipamentos, desfizeram suas conexões de mesas e patch, e os que ainda tem, não encontram fitas e não tem como fazer a manutenção dessas maquinas.

Com o Estudio Guidon, eu não tive dificuldade. O Guto (proprietário do Estudio Guidon) cautelosamente ainda tem uma super máquina analógica Tascam ATR-80 24 em perfeito estado de funcionamento. Bastou apenas subir o gravador para Sala 02, onde tem uma mesa poderosa D&R Octagon, conecta-la com o gravador, alinhar e pronto. Pode conferir isso no site:www.estudiosguidon.com.br

Qual foi a sua maior dificuldade nessa empreitada?

A minha maior dificuldade foi a de providenciar fitas de 2” (polegadas). Seriam necessárias 4 ou 5 fitas, para poder rodar em 30 ips (polegadas por segundo).

Após ligar para o Estudio Mosh, entrar na Internet e circular pela Europa e EUA e não encontrando nada facilmente, com muito sacrifício, consegui 4 fitas usadas em bom estado e fomos para os próximos desafios.

Nesse momento vou pedir uma pausa para o internauta e convidá-lo a assistir uma parte dessa gravação, podendo ver a Lydia colocando voz nesse gravador que acabei de narrar.

Entre neste link do You tube: Lydia Moisés no estúdio - FÉ - CD Desafio No vídeo feito pelo Rafael (esposo da Lydia), observem o gravador funcionando normalmente e a fita Basf de 2”.

E depois? O senhor teve que enfrentar mais desafios?

Minha outra grande dificuldade foi expandir os canais, uma vez que apenas 24 canais não dariam para essa produção da Lydia, que foi usado algo em torno de 50 canais.

Como não tínhamos o Sicronizador da Digidesigner para o Pro-tools, tive que usar um outro programa de gravação e edição conhecido como Sonar.

E como foi o processo de gravação?

Dividi as gravações em duas partes: analógica (fita) e digital (Pro-tools e Sonar)

Na fita analógica, gravei as bases,bateria, baixo, as guitarras e violões. Em seguida fiz uma mixagem (Cue) e mandei para o Pro-tools HD, programa oficial do Estúdio Guidon. No Pro-tools, eu gravei as sessões de cordas, de coral, de percussão e alguns instrumentos solo.

E como foi o processo de mixagem?

Após as edições, ajuntei todos os arquivos de áudio do Pro-tools e exportei para o programa Sonar. Para fazer esse programa rodar “sincado” com o gravador Tascam M24, usei o sicronizador Tascam MTS30.

A mixagem não foi tranqüila porque o processo de sicronização usado não é o SMPTE (time code) e sim o FSK, desenvolvido nos anos 80 para fazer maquinas analógicas e programas de sequencer trabalharem juntos. Eu particularmente trabalhei muitos anos fazendo isso com grandes produtores e músicos: Teófilo Pinto, Pinóquio, Jeziel Liasch da Banda Rara (Humanidade), Pr. Gerson Ortega (que é um excelente musico) e muitos outros amigos.

O FSK não é tão rápido e seguro como o Time Code SMPTE. Mas conseguimos chegar ao final. Para dar mais acabamento, foi preciso converter algumas vozes para o Pro-tools para fazer algumas pequenas edições e por fim, o cd ficou com o timbre dos anos 80, onde tudo era gravado na forma analógica. Observem no vídeo que a voz solo foi gravada diretamente na fita e não no Pro-tools.

E quais foram os músicos que tocaram neste projeto?

Outro grande trunfo desse projeto são os músicos que participaram desse disco. Na bateria, ninguém menos que Albino Infantozzi, um musico com grande qualidade técnica, uma facilidade de assimilação de estilos e rapidez na leitura.

No baixo tivemos o privilégio de ter o Pedro Ivo, musico de extrema qualidade e bom gosto, pessoa fácil de trabalhar e muito competente. Sua leitura a primeira vista é surpreendente.

Nos teclados tivemos Leandro Cabral com seus toques de black music e Jazz. Muito bom gosto e conhecimento de estilos.

Na guitarra e violões, tivemos o Paulo Ferreira (Paulinho), musico este que tenho grande admiração pelo seu talento, qualidade sonora, leitura e rápida assimilação de estilos. O trabalho do Paulinho eu acompanho a quase 40 anos. Antes de conhece-lo pessoalmente, já apreciava seu som e toques nos discos com os arranjos do maestro Sidney Sediel, nos anos 70.

Também em guitarras e teclados tivemos o Eluilson Aureliano com suas versatilidades, a equipe de cordas do Dalton Nunes e o maravilhoso Coral Resgate dirigido pelo competente Paulo Cesar Baruk.

Quais as grandes lições que ficaram deste trabalho?

O que marca neste projeto é que devemos ir em busca dos sonhos, não medir esforço para alcançar o propósito. Não deixar ser abatido pelas dificuldades. Não se contentar com o cotidiano. Ter coragem de mudar, ir atrás daquilo que consideramos ser bom, ser especial.

Outra grande lição é que o tempo passa e junto com ele, vão embora toda uma cadeia de funcionalidades que existiam juntos. Só podemos perceber isso quando tentamos fazer algo que era feito a muitos anos atrás e hoje não mais é possível. Quer exemplos?

a arte de mimeografia (quem não se lembra das provas do primário e do ginásio?) Já não se usam mais, pelo menos eu não tenho visto mais (aquele cheiro de álcool) ouvir um disco vinil, alem de uma bom toca discos, precisa de boa agulha e de um bom pré de fono! Se faltar algum desses elementos, não vai conseguir ouvir o disco... Alem disso, com as mudanças tecnológicas, nossa cabeça também muda e isso faz toda diferença. Ficamos com preguiça de levantar pra trocar o lado A pelo lado B do Long Play (risos)

Entrevista realizada pelo colaborador @azevedoroberto

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