O Senhor e Salvador do artista

O Senhor e Salvador do artista

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:41

Costumamos compor e cantar sobre a redenção da cruz e a submissão da nossa vida a Cristo. Mas o fato é que, fora dos templos e palcos, erguemos um muro que tenta limitar a atuação do “Senhor de  nossas vidas”. É como se tal Senhor só pertencesse ao domínio das letras das canções.

Cristo não é apenas o Senhor de nossos negócios ou lazeres. Ele também é o Senhor de nossa criatividade, de nossas habilidades e competências para a arte.

Se os cristãos dizem submeter suas atividades profissionais não só aos modelos mais eficientes de gestão mas também aos princípios bíblicos, por que eles não deveriam moldar sua arte segundo a cosmovisão bíblica, e não como seres guiados exclusivamente pela coleira das tendências artísticas da moda?

Não quero dizer que haja cristãos fazendo arte sem nenhuma perspectiva bíblica, pois isso é impossível. Todos os artistas cristãos criam a partir de uma cosmovisão com base em uma interpretação bíblica. E essa é a questão: a multiplicidade de interpretações da Bíblia gera uma pluralidade de padrões de atuação artística. A diversidade artística não é nenhum mal em si, a menos que o discurso da diversidade sirva de desculpa para a falta de critério.

Os artistas cristãos precisam parar de sair por aí debitando atuações polêmicas e sensacionalistas na conta do “soprar do Espírito” e da "unção extravagante". O artista cristão não pode depender de jargão evangeliquês para justificar seu repertório e sua performance.

Se o artista cristão cria a partir de uma cosmovisão, o que ele precisa fazer é alinhar essa visão de acordo com a interpretação de que Cristo é, além de seu Salvador, o seu Senhor. Mídia que alardeia os hits do Top Ten gospel, produtor que reverte premiações em propaganda do levita, levita que investe fartamente em “look” pessoal: se a letra da canção fala do Salvador, o consumismo e o exibicionismo estão bem longe dos traços de altruísmo e serenidade do Senhor.

O direito da salvação em Cristo nos leva à obediência ao senhorio de Cristo. Ainda que os seres humanos sejam falhos em manter essa obediência, devemos olhar para Cristo como o Autor da nossa fé e da nossa criatividade. Se, pela fé, vemos a história da redenção com olhos renovados, nossa criatividade também é renovada quando permitimos que Cristo seja o Senhor da nossa arte.

Por Joêzer Mendonça - músico e faz doutorado em musicologia na Unesp. É autor do blog Nota na Pauta, onde escreve sobre arte, mídia e religião.

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