Observando as mudanças no segmento fonográfico gospel tupiniquim

Observando as mudanças no segmento fonográfico gospel tupiniquim

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:15

O ano de 2010 tem tudo para ficar marcado na história da música gospel nacional como o momento de profundas mudanças. Com a entrada de gravadoras multinacionais neste mercado, a tendência é de que grandes alterações sejam percebidas em diferentes níveis deste segmento.

Mas quem imagina que esta aproximação entre as gravadoras seculares e o mercado gospel seja fato recente, engana-se redondamente. Já nos idos dos anos 1950, a gravadora CBS, uma das gigantes do setor fonográfico no Brasil, contava em seu catálogo com LPs de artistas como Luiz de Carvalho, um dos ícones da música gospel à época. É certo que esta aproximação esfriou-se intensamente nas décadas seguintes sendo novamente aquecido apenas 30 ou 40 anos depois.

Artistas como Rebanhão, Catedral, Shirley Carvalhaes, Álvaro Tito, entre outros tiveram passagens por gravadoras seculares, mas por diferentes motivos estes projetos não conseguiram o retorno esperado pelas companhias e os projetos de música gospel foram sendo postos de lado ao longo do tempo.

Na segunda metade da década de 90 houve o grande boom do mercado fonográfico gospel onde despontaram gravadoras especializadas como MK Publicitá, Line Records, Koinonia e a paulistana Gospel Records.  Na sequência começaram a surgir as gravadoras ou selos vinculados aos ministérios de louvor, onde se destacou o Diante do Trono, grupo musical de Belo Horizonte que arrebanhou milhões de pessoas em seus eventos e vendeu outros milhões de cópias de CDs.

Com a chegada da pirataria física, o mercado fonográfico secular acusou o golpe e a retração no mercado atingiu mais de 50% das vendas, inclusive alterando de 100 para 50 mil cópias vendidas a premiação de Disco de Ouro no Brasil. Mesmo com o advento da pirataria atingindo violentamente o mercado fonográfico, as gravadoras evangélicas mantiveram o bom pique de vendas e continuaram fortalecidas.

Como se já não bastasse o problema da pirataria física, o mercado fonográfico passou em seguida a ter que lidar com a pirataria virtual através do advento da internet e das mudanças tecnológicas, downloads e tudo mais. Neste momento o mercado gospel já não vivia a pujança de tempos atrás, mas ainda assim mantém números de vendas bem mais animadores do que no mercado secular.

Primeiramente a Som Livre passou a distribuir artistas evangélicos como Diante do Trono, Lázaro e Mattos Nascimento e mais recente coletâneas com Régis Danese, Nívea Soares e Antonio Cirilo. Depois veio a Sony Music que anunciou a entrada no mercado com a implantação de uma divisão de música gospel e já tem em seus cast medalhões como Damares, Cassiane e Renascer Praise. Há indicações neste momento de outras gravadoras seculares também se mobilizando para entrar no mercado gospel como Atração e Band Music.

Todas estas iniciativas devem ser encaradas de forma positiva pelo público, pois a entrada destas empresas certamente trará um upgrade no profissionalismo do segmento, na qualidade das produções e mesmo na divulgação dos projetos e artistas do meio gospel. Pelo lado das tradicionais players do mercado cativo gospel o momento é de arregaçar as mangas e mudar a forma de lidar em suas iniciativas comerciais, marketing e mesmo montagem do cast.  Neste momento, pelo que temos observado no agitado mercado das gravadoras evangélicas, a entrada de gravadoras seculares serviu para agitar o mercado de contratações com Graça Music e MK Music divulgando num ritmo intenso as novas apostas artísticas.

Se encaramos a música gospel como uma importante ferramenta de evangelização, esta oportunidade que está se abrindo neste momento certamente irá ampliar em muito o alcance da mensagem de Deus através das canções. Não tenho a menor dúvida de que a partir de agora, milhões de pessoas que desconheciam a riqueza e a beleza da música gospel nacional serão apresentadas aos artistas, mensagem, arranjos e letras deste novo segmento musical. Tudo que é novo, diferente, inusitado, traz para nós uma certa desconfiança e é justamente este sentimento que as gravadoras multinacionais e seculares precisam saber lidar e desanuviar das mentes do povo evangélico no país.

Texto por Maurício Soares

Mauricio Soares é publicitário, colunista da Revista Consumidor Cristão e Comunhão, ativo profissional do mercado gospel nos últimos anos e entusiasta do livre pensar no segmento.

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