"Todos os ritmos são de Deus" diz trombonista do grupo Kainón

"Todos os ritmos são de Deus" diz trombonista do grupo Kainón

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:03

Trombonista por formação e vocalista do grupo de forró Kainón, Zinri Jarede, mais conhecido como Jazinho, destaca-se por sua alegria e animação nas apresentações da banda. Em entrevista concedida à Editora Central Gospel, ele contou que faz questão de pular e marchar, pois em 2002, após ter sofrido um acidente de carro na serra de Petrópolis – RJ, recebeu o diagnóstico de paraplegia. Jazinho também falou sobre o início de seu ministério de música, sobre a formação do quarteto e sobre as dificuldades que eles enfrentaram no começo da carreira.

CG: De que forma começou o seu ministério? ZJ: O meu ministério começou em Recife. Na infância e na adolescência, eu e meus irmãos fomos criados na igreja. Nosso avô Tertuliano Gomes foi quem nos ajudou a dar os primeiros passos na música. Então começamos a tocar. Formamos uma bandinha na igreja, e aonde o círculo de oração e o coral iam nós os acompanhávamos para tocar. Nossos pais também são músicos, e tocam acordeom e cavaquinho. Eles são excelentes sanfoneiros e ensinaram tudo a nós. Então nós começamos a tocar, e hoje estamos aí.

CG: A sua família sempre foi cristã? ZJ: Sim, graças a Deus. Sou nascido em berço cristão. Meus avós foram os fundadores da Assembleia de Deus em Recife, Pernambuco. Meus pais também foram criados na igreja, e nós somos a terceira geração.

CG: Como era a infância de vocês? ZJ: Eu perguntava ao meu pai por que ele não nos dava de presente brinquedos normais de criança. E eu falava que queria bola e video game. Ele dizia para mim: “Eu não dou bola porque não estou criando jogador. Vou dar cavaquinho, pandeiro e sanfona, e estes vão ser os brinquedos de vocês. Um dia vocês serão conhecidos no mundo, serão profetas de Deus”. Hoje estamos aqui agradecendo ao Senhor pelos presentes que recebemos. Outra coisa interessante é que minha mãe separava sempre uma quinta-feira no mês para o ciclo de oração. Quem conhece o Nordeste sabe que o ciclo de oração de lá começa às 8h da manhã e acaba às 16h. E nós éramos crianças: eu, o pastor Zicri, que é o trompetista e toca triângulo, e o Zeri, que é o sanfoneiro e o mais novo dos irmãos. Imagina como três crianças ficavam em jejum o dia todo. A nossa salvação era a nossa avó, irmã Noêmia, que levava banana e pão escondido para nos dar. E minha mãe, quando descobria, ficava muito brava com ela. Hoje entendemos por que nossa mãe fazia isso. Ela estava nos ensinando, pois a Bíblia diz para ensinarmos o caminho em que a criança deve andar. Relembramos isso com muita alegria.

CG: Quando o grupo Kainón foi formado? ZJ: Estamos há 20 anos na estrada. Este ano, aqui no Rio de Janeiro, completamos 15 anos. Foi muito difícil, porque no começo ninguém gostava de forró nem aceitava. Enfrentamos muitas lutas e muitas provas. Em algumas igrejas, quando viam que estávamos com zabumba, sanfona e triângulo para tocar, muitos pastores nos mandavam parar.

CG: A que motivo você relaciona a aceitação que o Kainón tem hoje? ZJ: Acho que as pessoas viram que nós não tocamos simplesmente um ritmo. Nossas músicas, os louvores que Deus tem dado a nós, vêm da Bíblia. Todos os ritmos são de Deus, e o nosso povo está com uma visão mais ampliada do que é a música e do conceito de ritmo. Antigamente, tínhamos o costume de creditar tudo ao inimigo: samba é do inimigo, forró é do inimigo. Mas não é. A música e o ritmo foram criados por Deus.

CG: O que significa o forró para você? ZJ: Usamos muito uma frase, e como cantor sou até suspeito para falar. Para mim, o forró significa um ritmo pelo qual podemos transmitir ao povo uma letra, uma música inteligente.

CG: E o CD Através da cruz? ZJ: Para nós, hoje, está sendo o melhor trabalho da nossa carreira, porque temos aprendido muitas coisas com o decorrer do tempo. Já temos dez CDs gravados, dois pela Central Gospel. Cada álbum tem uma novidade, mas este é a cara do Kainón. A gravadora nos deu todo o apoio, e tem sido uma bênção. O CD está melhor do que esperávamos.

CG: Quando vocês viajam, como ficam as famílias de vocês? ZJ: Moramos todos juntos, pois temos uma residência muito grande, que o Senhor nos concedeu. Há quem diga que é o condomínio do Kainón, porque as casas são todas juntas, com campo de futebol, piscina e playground para as crianças. Eles ficam todos juntos, e as cunhadas se dão muito bem. Meu pai mora na casa principal. O Kainón não se desgruda nunca, tanto em casa como nas viagens. Quando temos a oportunidade de levar a família, o que é muito raro, nós aproveitamos, mas na maioria das vezes viajamos somente nós quatro.

CG: Existe algum fato que tenha marcado o seu ministério? ZJ: Muitas coisas marcaram o nosso ministério. Por meio do louvor vimos curas e milagres. Eu mesmo sou um milagre do Senhor, porque muita gente olha e se pergunta por que marcho, corro e danço quando canto. É porque fiquei paraplégico depois de um acidente. Em 2002, estávamos indo cantar em um congresso em Belo Horizonte. Subindo a serra de Petrópolis – RJ, rodei com o carro, e ele capotou. Parei a menos de dois metros de um abismo. Um paramédico me levou para o hospital de Santa Tereza, em Petrópolis. Depois de ter sido realizada uma ressonância magnética, constataram que eu ficaria paraplégico. Quando os meninos do Kainón souberam o diagnóstico, deram as mãos e clamaram ao Senhor pela minha cura. Um anjo do Senhor entrou na sala onde eu estava, sem passar pela porta, tirou os equipamentos de mim, colocou a mão em minha cabeça e restituiu toda a minha coluna cervical, que estava fragmentada. Hoje estou andando, e ninguém sabe explicar a minha cura. Então, eu marcho, pulo e dou glória. Presenciamos muitos milagres quando cantamos. Já vimos paralíticos se levantarem e pessoas serem curadas de câncer.

CG: Quais são os planos do Kainón para 2011? ZJ: O plano para 2011 é trabalhar muito este CD novo. Inclusive, já estamos com a agenda quase cheia. O álbum Através da cruz tem sido uma bênção para nós.

CG: O quarteto tem sonhos que ainda não foram realizados? ZJ: Muitos. Sonhamos chegar aos lugarzinhos mais distantes do nosso país. Queremos chegar lá e ter contato com os irmãos nos lugares mais remotos. Temos sempre andado no interior de Manaus, por exemplo. Tem muito lugar onde o povo nos ama, e onde um dia queremos chegar. Sonhamos com algo que todo mundo espera: ter sucesso em nosso meio. E também que o povo veja que Deus não é Deus de ritmo, é Deus de louvor.

CG: Qual recado você deixa para o seu público? ZJ: Muita gente nos pergunta como foi o início do nosso trabalho e se tivemos muita perseguição. Sim, nós tivemos. Mas estávamos firmes na promessa e não desistimos. Temos uma formação musical diferente do que tocamos hoje, porque sou trombonista e os outros são trompetistas e tecladistas, com formação clássica. Porém, optamos por tocar assim, do jeito que Deus quis, mesmo sendo criticados muitas vezes. Hoje, vemos que servimos de exemplo para muitos grupos de forró no Brasil. Isso fica marcado em nossa vida. O que eu quero dizer aos meus irmãos é que nunca desistam dos seus sonhos, porque Deus uma hora os realiza.  

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