Zé Bruno: “A música evangélica tornou-se um recurso de autoajuda”

Zé Bruno: “A música evangélica tornou-se um recurso de autoajuda”

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:04
Zé Bruno: “A música evangélica tornou-se um recurso de autoajuda”Há aproximadamente três meses, uma entrevista cedida pela banda Resgate ao apresentador Lincoln Lyra, da Boas Novas TV alcançou grande repercussão nas mídias sociais. Quando questionado sobre o momento que a música cristã nacional vive atualmente, Zé Bruno  (vocalista e líder da banda) respondeu com sinceridade.
 
“Vivemos um momento confuso. Eu acho que tem muita gente sincera, não posso generalizar, mas penso que é um momento bagunçado. É o ‘melhor dos iguais’, né? Quem é o ‘melhor dos iguais’? Os mesmos temas, as mesmas letras, os mesmos arranjos. Não estou colocando o Resgate como o melhor. Pelo contrário, somos os mais simples até, mas a gente procura não ser igual”, disse.

Em entrevista exclusiva ao Guiame, Zé Bruno falou um pouco mais sobre este assunto e expressou a sua opinião, apesar de assumir que não se considera a pessoa mais atualizada para sobre os lançamentos do mercado fonográfico cristão.

Ao responder sobre a repercussão que a entrevista alcançou nas mídias sociais, o músico disse que não viu a sua fala sendo distorcida ou mal-interpretada pelos internautas, mas reconheceu que a internet é um campo “incontrolável”.

“Eu não sei se distorceram o que eu falei. Se isso aconteceu, pelo menos não chegou até nós. Na internet, você sempre vai achar gente a favor ou contra... é um universo maluco, né? Isto é, ao mesmo tempo, bom e ruim”, confessou.

“Autoajuda Gospel”
Lamentando a atual situação que boa parte da música cristã nacional vive, Zé Bruno destacou que os conceitos pregados em muitas canções estão distorcidos e não condizem com o evangelho. 

“A música evangélica acabou se tornando um recurso de autoajuda. Só fala de vitórias e conquistas, vende a ideia de um ‘Deus’ que é um tipo de ‘gênio da lâmpada’. Mas na verdade, nós [em geral] cantamos a nossa teologia e, como a teologia foi se diluindo, os cantores cantam aquilo que eles ouvem, também. Eu não sei onde isso tudo começou, quem veio primeiro... ‘o ovo ou a galinha’. Mas a verdade é que entra ano e sai ano, é difícil você ver alguém tentando refletir um pouco”, desabafou.

O cantor e compositor ainda frisou que, apesar de ter a sua opinião sobre o assunto, não se considera a pessoa mais informada sobre os lançamentos do mercado fonográfico cristão.

“Mas essa também é uma leitura que eu faço, olhando um pouco de fora. Porém eu não sou um cara que ouve muito música gospel. Então hoje eu confesso que quando alguém me pergunta: ‘Você viu o CD novo do fulano?’, geralmente respondo que não... porque eu não sei muito sobre estes lançamentos. Então eu não sou exatamente o cara para falar sobre isso”, reconheceu.

Feiras Cristãs
Contextualizando um pouco mais o momento da entrevista dada pela banda ao programa Galeria Clipe e que gerou tanta repercussão, Zé Bruno explicou que aquele desabafo foi um resultado de vários fatores, como imprevistos ocorridos durante o dia e alguns outros e alguns outros “absurdos” encontrados pela banda.

“Quando o Lyncoln parou a gente ali, naquela feira, foi um dia em que o carrinho já tinha passado por cima do dedinho, já tinha dado uma topada no pé da cama... Além disso, ir à Feira Cristã é meio que visitar um sanatório. Então você perde um pouco do rumo. Quando você vai ao sanatório, um diz que é Nero, outro diz que é César e você responde: ‘Ah sim! Sr. César, Sr. Nero, Sr. Napoleão Bonaparte’. Não dá pra contrariar. Cada um tem o seu stand, o seu DVD, a sua pregação, a sua unção, o seu poder e o seu milagre e todo mundo que toca quer fazer chover, quer fazer o povo chorar. [...]Então naquele dia, a gente já estava bem cheio”, contou.

Porém o cantor se lembrou de explicar que a sua crítica não se dirige à organização do evento em si, pois afirma que é sempre válida a promoção de debates e ideia de promover encontros entre profissionais cristãos, mas destaca que a ideia inicial da Feira acaba se desfazendo de certa forma.

“Não digo isso quanto à organização. Eu acho importante a promoção da Feira, a indústria, seja ela fonográfica, os livros, as bíblias, nós temos um mercado que consome isso tudo. E você tem acesso a fóruns, debates, exposições, produtores... Isso é importante! A cada ano, você melhora. Não deixa de ser um campo importante. Mas aquilo acaba virando a fogueira das vaidades”, destacou.

Finalizando o seu depoimento, o músico lembra que tem tratado toda essa repercussão de suas declarações com bom humor.

“Foi interessante. Deu bastante ‘buchicho’ aí na internet e nos bate-papos [risos]”, afirmou.
 
Por João Neto - www.guiame.com.br

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