A filial argentina da Petrobras, que teve uma concessão petrolífera cassada na província argentina de Neuquén, disse nesta quarta-feira que realizou os investimentos requeridos e que está à disposição para dialogar na busca de uma solução. Neuquén, principal província produtora de gás da Argentina, cassou a concessão de três áreas petrolíferas alegando que as empresas não teriam realizado os investimentos necessários para aumentar a sua produção.
A Petrobras, uma das empresas que perdeu a concessão, informou em comunicado que foi notificada nesta quarta pelo governo de Neuquén sobre a decisão de decretar "unilateralmente" o vencimento da concessão de exploração da área Veta Escondida. "A Petrobras esclarece que cumpriu com todos os requisitos de concessionários e que no seu entender continua vigente o acordo de exploração e explotação, no marco de seus direitos de concessão e de renegociação", disse a empresa.
Em 2008, a Petrobras havia renovado o contrato de concessão até 2027, segundo a empresa. Uma fonte da estatal que pediu para não ser identificada disse anteriormente no Brasil que a expectativa da companhia é que o caso ainda poderá ser revertido. A Petrobras está tentando uma solução, acrescentou a fonte.
A petroleira, que é a operadora e tem ainda 55% da concessão na área argentina, informou que no último triênio realizou desembolsos de US$ 10 milhões para buscar novas reservas de hidrocarbonetos. A Petrobras atua em 19 áreas de produção em terra na Argentina, além de 14 áreas de exploração, três delas marítimas.
"Embora a Petrobras não tenha incorrido em nenhum descumprimento que admita essa decisão do governo de Neuquén, a companhia continua à disposição das autoridades provinciais, com o objetivo de manter um diálogo construtivo", disse.
As áreas envolvidas na disputa são Veta Escondida, Covunco Norte e Fortín de Piedras. "No caso da área Veta Escondida - concessionada à Petrobras Energía - verificou-se que permanece sem produção nem reservas comprovadas e com investimentos insuficientes", afirmou o Ministério de Energia, Ambiente e Serviços Públicos da Província, segundo a agência oficial Télam.
Por sua vez, "a área Covunco Norte - concessionada à Argenta Argentina, permanece sem produção nem reservas, e sem investimentos comprovados", disse a província, acrescentando que em Fortín de Piedras, que era operada pela Tecpetrol, "constatou-se que se encontra sem produção e com investimentos insuficientes para o desenvolvimento integral da superfície abarcada pela concessão".
Télam disse que um decreto do governo provincial de Neuquén declarou que "há contínua avaliação e análise de outras áreas nas quais há baixa produção ou de médio porte, baixo investimento ou falta de investimento". Os três campos serão transferidos à empresa estatal de energia de Neuquén, e o governo disse que a transferência dos ativos não afetaria a atividade no setor ou postos de trabalho.
Em Neuquén, localiza-se a área conhecida como Vaca Muerta, um campo não convencional que poderia duplicar a produção de energia da Argentina dentro de uma década. Na zona petrolífera, a YPF conta com concessões em torno de 40%.
A YPF, maior petrolífera argentina e controlada pela espanhola Repsol, está sob pressão do governo nacional e dos distritos petroleiros para aumentar sua produção, em queda, de petróleo e gás natural, em momentos em que o governo deve realizar importações milionárias de produtos energéticos. Diversas províncias argentinas cassaram recentemente áreas petrolíferas da YPF, argumentando falta de investimentos ou baixa produção.
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