Arquiteta tem cartão de crédito clonado duas vezes

Arquiteta tem cartão de crédito clonado duas vezes

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:32

A arquiteta Maria Lídia Senatore teve o cartão de crédito clonado duas vezes nos últimos anos. Na primeira, lembra-se de ter usado o cartão para abastecer o carro. O funcionário do posto de gasolina levou o cartão para passar na máquina e voltou com o comprovante. No mês seguinte, ela recebeu uma ligação da operadora do cartão. Compras simultâneas em São Paulo, onde mora, e em Minas Gerais chamaram a atenção da empresa.

(Série Manual do cheque e do cartão: o G1 publica nesta semana reportagens com exemplos de pessoas tiveram problemas ao usar esses meios de pagamento e dicas para usá-los melhor.)

O segundo golpe aconteceu quando Maria Lídia morava em Nova York. Um fraudador estava fazendo compras no nome dela no Brasil. O cartão foi bloqueado pela administradora.

Nos dois casos, ela conseguiu cancelar as compras, mas o transtorno ficou marcado. “A gente tem a dor de cabeça de estar quietinha e passar por uma situação dessa. Hoje não uso cartão de crédito nem de débito em posto de gasolina. Pago ou em dinheiro ou cheque”, diz.

“Procuro usar cartão com chip porque ele é mais difícil [de fraudar]. Lá fora, ninguém olha sua assinatura. É perigoso, qualquer pessoa com seu cartão pode usar tranquilamente”, acrescenta.

R$ 60 mil em compras

O comerciante Paulo* (nome fictício) chegou a perder noites de sono quando descobriu que seu cartão de crédito havia sido clonado e que um golpista havia feito compras no valor de R$ 60 mil no nome dele nos Estados Unidos.

“Ligaram pra mim perguntando se eu tinha ido viajar. Falei que não, que não tinha saído de São Paulo e que nunca havia viajado para o exterior. Aí disseram ‘então você está com seu cartão clonado porque nosso sistema talvez não seja tão seguro’. Perdi a noite”, contou. No dia seguinte, foi até a agência e obteve a garantia de que teria as compras bloqueadas.

Traumatizado, ele quebrou os cartões na frente da gerente e retirou as aplicações que tinha no banco. “Pedi para eles rastrearem [a origem da fraude] e não rastrearam. Não quero mais nem lembrar disso. Foram dias de terror pra mim”, diz.Paulo ainda tem cartões de crédito, mas de outros bancos, e evita usá-los. “Procuro não usar mais meu cartão em supermercado, em lojas que eu não conheça. Prefiro pagar em dinheiro. É a melhor coisa que tem. Fazia compras pela internet, mas não faço mais. O cartão hoje pra mim é luxo, só uso em última necessidade”, diz.

Dicas dos especialistas

O gerente de soluções antifraude da Serasa Experian, Celso Rodrigues Pinto, diz que os golpistas escolhem as vítimas por meio do grau de dificuldade. Quanto mais “expostos” os dados de alguém, mais fácil se torna a vítima. Evitar expor seus dados e ter um computador com bom antivírus são algumas formas de tentar afastar os golpistas. O cartão com chip também ajuda.

“Quando você põe o chip, o fraudador vai pelo caminho mais fácil. Clonar um chip é uma coisa difícil. Então ele faz algo mais fácil”, conta.

Os golpistas, afirmam, geralmente preferem cartões sem chip ou então optam por utilizar os dados da vítima para conseguir um cartão novo. O mais comum, de acordo com Celso Rodrigues, é o estelionatário usar dados de documentos roubados, abrir uma conta bancária com endereço falso e receber um cartão novo.

Sorteio e currículo

Outros cuidados podem ser tomados no dia a dia, como estar alerta para situações em que seus dados são divulgados.

“Alguém liga, a pessoa fala que está fazendo uma pesquisa e a pessoa vai respondendo. Outro exemplo que eu dou é que alguns estabelecimentos fazem sorteios. ‘Preenche esse cupom que você vai ganhar um carro’. Aí tem seu nome completo, seu CPF, o nome da sua mãe... E depois do sorteio a gente não sabe o que vai acontecer com a urna. Outro exemplo são anúncios nos classificados sobre ’25 mil oportunidades de emprego’ e a pessoa manda o currículo com todos os dados. Isso aí vira um cartão, uma conta de banco, a sociedade numa empresa”, conta.

Outro golpe consiste na cópia do cartão de crédito que não possui chip. O golpista copia o número do cartão e a tarja magnética. Os equipamentos que copiam esses dados são conhecidos como “chupa-cabras”.

Sem assinatura e código de segurança

Para o especialista em segurança bancária Marcelo Lau, algumas dicas são não assinar o nome no cartão e apagar o código de segurança composto por três dígitos que fica no verso.

“Eu recomendo e não tenho assinado os cartões no verso. Isso dá a possibilidade de alguém copiar a minha assinatura”, diz.

Já o código de segurança é exigido para compras pela internet, em que basta inserir os números do cartão e dados como nome do titular e data de validade.

“Você pode raspar o número de segurança que fica no verso do cartão e memorizar”, aconselha. Nesse caso, se alguém quiser copiar os dados do cartão, conseguirá registrar os números que ficam na frente, mas não terá o código de segurança, o que impedirá compras pela internet. Só não vale esquecer o número raspado.

Se o cartão perder a validade ou não for mais utilizado, é preciso se assegurar que ele será inutilizado. Faturas do cartão e extratos bancários não devem ser jogados no lixo integralmente. Com base neles, um golpista analisa os hábitos de consumo da vítima e pode fazer gastos que não chamem a atenção. Isso acontece porque, em geral, as pessoas têm o costume de fazer compras em locais específicos e com valores médios.

É importante guardar o cartão de crédito num lugar que ninguém possa utilizá-lo. E isso vale para a casa e o trabalho. “Já vi situações de familiares entrarem em contato com instituições financeiras contestando compras e transações financeiras com saque e descobrirem até por meio de circuito fechado de TV que foram pessoas do seu convívio”, diz Lau.

Para quem teve o cartão clonado, a orientação do Procon é comunicar o fato à emissora do cartão o mais rápido possível, e pedir o bloqueio do mesmo. É importante tambem fazer um boletim de ocorrência. "Percebeu qualquer coisa, faz contato com a operadora, e registra o BO", orienta Carlos Coscarelli, assessor chefe do Procon-SP.

A responsabilidade pelos gastos feitos com o cartão indevidamente, diz ele, é de responsabilidade da operadora e da bandeira. "O cliente não pode ficar com prejuízo nenhum", afrma. "É o serviço oferecido pela operadora do cartão, que tem total responsabilidade pela segurança do serviço. A clonagem é um erro de segurança".

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